Não há mais como adiar uma resposta do poder público às famílias que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) e que aguardam por um leito hospitalar em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul.
O drama de quem espera por uma vaga na UPA ou por uma internação não é novo, mas ganha contornos de descaso quando se observa o tamanho dos recursos investidos no setor. Só na Capital, o orçamento anual da Pasta da saúde ultrapassa os R$ 2 bilhões – um valor que, em qualquer parâmetro, exigiria resultados melhores do que os que se veem hoje.
O sistema público de saúde pode não alcançar o padrão de excelência da rede privada, mas precisa ser eficiente. Essa é a palavra-chave que falta em meio à engrenagem pesada e, por vezes, desarticulada do SUS.
A gestão da saúde é tripartite – União, Estados e Municípios – mas em Campo Grande, a prefeitura detém a gestão plena dos recursos, o que reforça sua responsabilidade diante da população. O problema é que a sensação predominante é de que ninguém assume o comando, enquanto o cidadão paga, espera e sofre.
Resolver a crise dos leitos não significa eliminar todos os problemas de um sistema que é, por natureza, complexo. Mas é preciso melhorar o fluxo de internações, reduzir a espera, e, sobretudo, construir mais leitos hospitalares.
Os números e as filas mostram que a demanda aumentou e que o sistema, do jeito que está, não dá conta. Investir apenas em estruturas físicas não basta; é necessário aprimorar a regulação, modernizar a gestão e adotar soluções tecnológicas que garantam transparência e eficiência.
Um setor que custa tão caro aos cofres públicos precisa, necessariamente, mostrar resultados melhores. É inaceitável que bilhões de reais circulem, anualmente, sem que haja uma melhoria perceptível na assistência.
Nesse cenário, ganha relevância o trabalho de instituições como a Defensoria Pública e o Ministério Público, que têm atuado de forma firme para defender a coletividade, obrigando os gestores a enfrentarem o problema em vez de empurrá-lo com a burocracia e os discursos fáceis.
Mas é preciso ir além das ações judiciais. Os órgãos de controle, vereadores e deputados estaduais também têm um papel fundamental: o de fiscalizar e cobrar eficiência, em vez de transformar a saúde em palanque de disputa partidária.
É hora de tratar o SUS com o respeito e a responsabilidade que ele merece – não apenas como uma obrigação orçamentária, mas como uma política de Estado que precisa funcionar. A população já entendeu isso há muito tempo. Falta, agora, o poder público compreender que promessa não enche leito – e tampouco salva vidas.


