A geração e distribuição de inúmeros produtos no mundo inteiro está diretamente relacionada a fábricas. Temos fábricas de cerveja, de computadores, de carros e de celulares. Entretanto, a China inaugurou nesta semana uma fábrica, no mínimo, inovadora. Nesta inusitada manufatura, o produto consiste em imagens do cérebro humano e de outros animais. Neurocientistas que detalhadamente desvendam e clarificam os circuitos neurais cerebrais estão acompanhando uma modificação desta tecnologia para uma escala industrial. Para isto, uma imensa obra fundada em Suzhou, irá transformar em produto palpável o mapeamento cerebral de alta resolução.
Laboratórios convencionais podem processar no máximo um par de sistemas de imagem cerebral. Esta fantástica fábrica possui cinquenta máquinas automatizadas que podem, quase que instantaneamente, cortar um cérebro de camundongo por exemplo, obter imagens de alta definição de cada fatia e reconstruí-las em uma representação tridimensional. Desta forma esta proposta causa uma mudança de conceito na área tecnológica de ponta onde a geração de dados passara a ser processada e analisada em escala industrial, permitindo simplesmente mudar a forma com que a neurociência tem sido feita por todo o mundo.
Mas o novo instituto não irá avaliar apenas cérebros de camundongos e ratos, mas também propulsionará a avaliação e o entendimento do cérebro humano. Para isso, além de gerar as imagens como um produto, a fábrica de imagens cerebrais também abrirá parcerias a instituições de ensino e pesquisa em todo o mundo, propiciando avanços para análises de doenças neurodegenerativas até então incuráveis como Alzheimer ou abrir as portas para propostas inovadoras de entendimento do aprendizado e aplicação da inteligência artificial.
Para a estrutura foi feito um investimento de US$ 67 milhões de dólares, além da contratação de uma equipe altamente qualificada com mais de uma centena de técnicos. Espera-se uma enorme demanda mundial ao acesso de mapeamento cerebral de alta velocidade e precisão. Sabe-se hoje que os cérebros de mamíferos podem apresentar bilhões de células que ainda podem se dividir em milhares de tipos diferentes, com variações nas formas, tamanhos e expressão genica.
Normalmente, vemos o cérebro como um todo ou apenas separados em partes como lobos, giros entre outros. Entretanto, os neurocientistas esperam conseguir mapear estruturas cerebrais ainda não descobertas ou obscuras, revelando suas funções e correlacionados potenciais. Uma vez se tornando possível comparar os neurônios de forma pragmática e detalhada, os pesquisadores podem melhor acompanhar os efeitos de uma doença ou do aprendizado sobre a formação da estrutura cerebral.
Hoje estes mapas em questão podem levar meses ou anos de trabalho para serem montados. Entretanto, nesta nova fábrica de imagens, o grande número e potência das máquinas deve reduzir o tempo para semanas. Além disso, uma enorme estrutura computacional também está sendo montada de maneira que seja possível processar esta miríade de dados em velocidade adequada.
Cada mapa de um camundongo gera em média 8 terabytes. Entretanto, o volume do cérebro humano pode ser aproximadamente 1.500 vezes maior. Desta forma para o processamento de um cérebro humano, um computador simples ou notebook convencional levaria em torno de vinte anos para resolver o problema. Assim uma das etapas essenciais do sucesso da fábrica de mapas cerebrais consiste no investimento no desenvolvimento do potencial computacional, dizem os construtores.
Em suma para grandes avanços, precisamos de investimento, pessoas qualificadas, estruturas colaborativas e uma enorme boa vontade de todos os parceiros. Aqui no Brasil devemos aprender com estes exemplos e quem sabe termos coragem de desenvolver estruturas arrojadas. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.