Ano após ano, a população humana cresce progressivamente. Isto é um fato. E este fato depende de várias condições que incluem a nossa alta demanda por alimento. Não só ingerimos uma maior quantidade de proteínas e carboidratos de alto nível, mas também, a cada dia que se passa, temos um maior número de bocas a alimentar neste mundo.
Hoje, somos 7 bilhões de pessoas no mundo e, em 2050, seremos, de acordo com as previsões, 9 ou 10 bilhões. Só este aumento coloca enorme pressão na produção alimentícia mundial. Entretanto, as mudanças climáticas têm complicado ainda mais esta equação, especialmente em países subdesenvolvidos, onde ondas de calor ou frio, secas ou inundações diminuem consideravelmente a produção.
A predição do tempo ainda tem sido extremamente incerta em todas as partes do planeta, uma vez que este varia consideravelmente de região a região. Mesmo a predição do aquecimento global, que parece ser um consenso entre todos os cientistas, ainda é um grande mistério e seus valores variam de estudo para estudo. Dependendo do aumento de temperatura, algumas produções, como de frutíferas, por exemplo, serão beneficiadas. Entretanto outras, como milho e trigo, poderão ser reduzidas em mais de 20%. Desta forma, mesmo a produção mundial anual de 1 bilhão de toneladas de milho, somada aos 750 milhões de toneladas de arroz e aos 700 milhões de toneladas de trigo, será particularmente difícil de ser sustentada em ambientes multivariados, podendo levar parte da população mundial à fome.
Assim, por todo o mundo, pesquisadores, fazendeiros e empresas têm se associado para deixar os sistemas agricultáveis mais resilientes e inteligentes. Um dos primeiros passos para a construção desses sistemas consiste em mudar a linha de pensamento na busca de novos cultivares. Ainda hoje, geneticistas buscam cultivares de alta eficiência produtiva resistentes para situações como secas, inundações ou altas concentrações de sal.
O futuro provavelmente levará os cientistas, apesar das enormes dificuldades, a buscar cultivares que suportem variações, como alterações bruscas de temperatura, ou que aguentem o contraste entre a seca seguida de inundações. Neste sentido, o Instituto de Internacional de Pesquisa ao Arroz (Irri, do inglês International Rice Research Institute), localizado nas Filipinas, tem desenvolvido cultivares de arroz que suportam enchentes por longos períodos e que depois possam continuar a crescer em condições normais.
Ferramentas de comunicação digital também serão essenciais para a proteção de produtores por todo o mundo. Um aplicativo desenvolvido pelo Irri permite que escritórios de agricultura regional distribuam entre os pequenos fazendeiros recomendações de uso de fertilizantes ou de períodos de colheita de acordo com as predições do tempo e as condições do solo. Entretanto, dada às mudanças, algumas alterações radicais também serão necessárias, como um uso melhor da irrigação ou mesmo o abandono de algumas áreas em busca de outras mais produtivas.
As nações mais desenvolvidas, como Austrália e EUA, têm investido em projetos de longo termo, pensando nos problemas que as mudanças climáticas causarão a partir de 2040. Embora a maioria dos produtores pense que esse ainda é um futuro distante, a verdade é que devemos nos precaver para as dificuldades futuras.
Ganhar o pão de hoje não impede de pensar e tomar certas atitudes para garantir o ganho e a sustentabilidade do amanhã. Esta é uma estratégia que nosso País deve decididamente adotar, se quisermos ter sucesso em um futuro próximo. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.