Mais um ano se passou e novamente acompanhamos a premiação do Nobel com a completa ausência de um brasileiro. Embora saibamos que este foi um ano desastroso para a ciência e tecnologia no Brasil, a carência de participações de brasileiros nada mais é do que o reflexo da educação de baixa qualidade na maior parte do País, bem como uma falta significativa de investimentos.
Desta forma, temos que nos resignar e aprender com aqueles que têm feito ciência de alta qualidade e que apresentam enorme reflexo na sociedade científica. O Nobel de química de 2015 foi dividido pelo turco Aziz Sancar, pelo sueco Tomas Lindahl e pelo americano Paul Modrich, por terem elucidado os sistemas de reparo do DNA, preservando a informação genética dos seres vivos. Inicialmente imaginamos que este é um processo sem muita importância. Entretanto, sem este processo de reparação, nenhuma espécie estaria a salvo de erros trágicos que acometem cada divisão celular. Partindo da premissa que uma célula pode dar origem a bilhões de outras mais, estes erros se somariam, inviabilizando completamente o desenvolvimento de um ser vivo. Lindahl propôs um mecanismo de reparação por excisão de base, em que enzimas reconhecem um erro no DNA e substituem pela base nitrogenada (A-adenina, G-guanina, C-citosina e T-timina) correta. Sancar adicionou maior informação a esta questão, ao descobrir o reparo por excisão do nucleotídeo completo, sendo este aplicado a erros causados por erros causados por substâncias cancerígenas, como UV e fumaça de cigarro.
Embora eficiente, os sistemas de reparo não são perfeitos e, por isso, em muitos casos estes erros levam à formação de células cancerígenas. Por outro lado, o melhor entendimento a estes mecanismos poderá levar, no futuro, à descoberta da cura de inúmeras doenças de cunho genético. Além da química, a medicina também foi agraciada com o já famoso Nobel para os pobres, uma vez que foi concedido a descobertas relacionadas a doenças tropicais, que afetam diretamente os países subdesenvolvidos. Este prêmio foi dividido pelo japonês Satoshi Omura e pelo irlandês William Campbell, com a chinesa Youyou Tu. Dra. Tu foi agraciada pela descoberta da artemisina, na década de 70, isolada da planta Artemisia annua, que hoje consiste no último recurso aos casos mais graves da malária causada pelo protozoário Plasmodium.
O restante do prêmio foi dividido pela descoberta de princípios ativos para combater doenças causadas por vermes nematódeos, como a ivermectina, que hoje trata verminoses tanto em homens quanto em animais. Com estas descobertas, a filariose e a oncocercose passaram a ser eficientemente curadas.
Finalmente, o Nobel de Física foi concedido ao canadense Arthur McDonald e ao japonês Takaaki Kajita, pela demonstração de que neutrinos, conhecidas partículas subatômicas sem carga elétrica, apresentam massa. Esta descoberta muda completamente o entendimento da matéria e de como ela se organiza. Em resumo, estas descobertas mudaram o mundo, trazendo benefícios irrestritos não somente à comunidade científica, mas também à nossa sociedade. Assim, devemos continuar trabalhando firme como cientistas e professores e, quem sabe, possamos ter o nome de um célebre brasileiro incluído nesta lista de premiados, nos próximos 50 anos. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.