É papel fundamental da imprensa e da sociedade civil organizada vigiar de perto o que acontece no Congresso Nacional, especialmente quando interesses obscuros tentam se esconder em propostas aparentemente nobres. Não é de hoje que projetos relevantes vêm sendo usados como cavalo de Troia para incluir dispositivos – os chamados “jabutis” legislativos – que nada têm a ver com o tema original e que, muitas vezes, causam prejuízos diretos à população.
É o que ocorre atualmente com o projeto de lei que trata da regulamentação da geração de energia eólica offshore no Brasil – uma tecnologia limpa e promissora que deveria ser sinônimo de avanço ambiental e econômico. No entanto, a proposta foi contaminada por dispositivos que favorecem interesses completamente opostos: usinas termelétricas movidas a óleo diesel e até a carvão mineral, fontes altamente poluentes e caras.
O problema não é apenas ambiental, é econômico. Se confirmada a derrubada do veto presidencial na próxima sessão do Congresso, o impacto será direto no bolso dos consumidores de energia, especialmente os de estados como Mato Grosso do Sul, que não estão no eixo privilegiado pelas medidas incluídas no projeto.
O Estado pode ser um dos mais prejudicados, pagando mais caro por uma energia que deveria ser mais barata e sustentável.
Por isso, é essencial que os eleitores estejam atentos aos desdobramentos dessa votação. A derrubada do veto não é um tema técnico e distante – é uma decisão política com impacto direto na conta de luz, nos investimentos em energia limpa e no futuro ambiental do País. Cabe a cada cidadão verificar quais parlamentares estão de fato ao lado do povo e quais preferem defender interesses empresariais específicos em detrimento do coletivo.
É inaceitável que, em um projeto voltado à transição energética, sejam incluídos dispositivos que representam um retrocesso. Termelétricas a óleo e a carvão não apenas poluem mais, mas encarecem a produção de energia, beneficiando poucos e prejudicando muitos. Não há justificativa razoável para sua inclusão em um projeto voltado à sustentabilidade.
O Brasil construiu, ao longo das décadas, um modelo de matriz energética considerado como um dos mais limpos do mundo, com forte presença de hidrelétricas, e agora, com expansão crescente das fontes solar e eólica. Comprometer essa trajetória por interesses pontuais é minar o desenvolvimento nacional, que depende de energia limpa, barata e confiável.
É urgente que a sociedade acompanhe esse debate com a atenção que ele merece. A decisão sobre a manutenção ou a derrubada do veto presidencial não é apenas uma votação técnica, é um divisor de águas que mostrará quem realmente se compromete com o futuro do País. Que não nos falte luz nem discernimento.