Artigos e Opinião

ARTIGO

Paulo Cabral: "Errei"

Sociólogo e professor

Redação

03/09/2015 - 00h00
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Em artigo publicado neste jornal,  no último  dia 19, dizia que “a Justiça, em sua morosidade típica”,  daria elementos para  os vereadores da base aliada de Olarte pretextarem falta de provas para incriminá-lo ou mesmo para alegarem  sua inocência, mantendo-o no cargo. Felizmente, errei redondamente.

O Juiz David de Oliveira Gomes da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos havia concedido liminar, em 15 de maio de 2014, devolvendo o cargo a Bernal, reassumido por poucas horas, porque embargo da Câmara Municipal foi aceito pelo desembargador de plantão, que cassou a referida liminar, reconduzindo Olarte à Prefeitura. Essa decisão levou mais de 15 meses para ser analisada pela 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, apesar da extrema relevância da lide, e só na tarde do último dia 25, por dois votos a um, foi mantida a liminar, reconduzindo Bernal.

A grande coincidência desse episódio foi o fato de, na manhã daquele dia, o Desembargador Luiz Cláudio Bonassin, em atuação lapidar, ter  acolhido o pedido do Ministério Público Estadual, afastando dos cargos o prefeito Gilmar Olarte e o presidente da Câmara Mário Cesar, em procedimento cautelar, para evitar que obstruissem as investigações do Gaeco – Grupo  de Atuação Especial contra o Crime Organizado e da Polícia Federal. Eles não foram cassados, apenas tiveram a suspensão do excercício  dos respectivos cargos, os quais já se encontravam vagos quando houve a decisão vespertina. Para tanto, certamente, foram considerados todos os novos fatos vindos à tona com a Operação Lama Asfáltica, nesse turbulento agosto. Na sequência, a Operação Coffee-Breack, do Gaeco, fez a condução coercitiva de vereadores e empresários para prestarem depoimento sobre fatos referentes à cassação de Alcides Bernal, completando o cerco. Tudo ainda é provisório, já que se pode recorrer dessas decisões.

De todo modo, graças à postura corajosa e independente de valorosos membros da Polícia Federal, do Ministério Público Estadual e da Magistratura, os crimes estão sendo investigados, bem como encaminhadas as medidas necessárias para a penalizar os envolvidos, restituindo-se o respeito à  ordem democrática e à cidadania. Tanto aqui, como em âmbito nacional, chegamos à triste realidade na qual a Política, ao invés de ser a dignificante busca do Bem Comum, tornou-se objeto da ação policial e judiciária, em vista dos interesses inconfessos de muitos políticos e de seus financiadores. Em contrapartida, temos tido edificantes exemplos de que as Instituições ainda podem bem funcionar.

É de se esperar que a nova gestão de Bernal não seja obstruída pela maioria da Câmara, agora alvo de investigações e, por isso, politicamente enfraquecida. De sua vez, o prefeito já deu mostras de efetiva disposição para o diálogo, anunciando a realização de auditorias para levantar as reais condições em     que se encontra a Prefeitura. Contudo, será preciso, paralelamente, fazer a máquina andar, ou seja,  trocar o pneu com o carro em movimento. 

Que todos esses fatos sirvam para iluminar nossas escolhas nas eleições municipais de 2016, quando os cidadãos terão a oportunidade de conceder prêmios ou punições, conforme o merecimento dos candidatos, para uma Campo Grande melhor.

Editorial

Segurança jurídica e o futuro da infraestrutura

Para que os investimentos se consolidem e avancem, é fundamental que haja estabilidade política, respeito aos contratos e previsibilidade regulatória

23/05/2025 07h15

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Diz o velho ditado: “O Brasil não é para amadores”. A frase, tantas vezes repetida, carrega o peso de uma realidade marcada por instabilidades, incertezas e surpresas – nem sempre agradáveis – no cenário político, econômico e jurídico. Mas se há algo que podemos e devemos desejar com firmeza é que o Brasil deixe de ser o país das exceções e improvisos para se tornar um território de bons profissionais. O primeiro passo nessa direção é claro: precisamos de segurança jurídica.

Esse conceito, por vezes abstrato no debate público, ganha forma concreta quando analisamos questões como a infraestrutura e os contratos públicos. Nesse aspecto, maio foi um mês histórico para o Estado de Mato Grosso do Sul. Duas concessões de rodovias foram arrematadas, abrindo um novo capítulo para o desenvolvimento logístico da região. Um passo crucial para destravar o potencial econômico de um estado estratégico para o agronegócio, a indústria e a integração nacional.

A lição do passado, no entanto, serve de alerta. Há pouco mais de uma década, vivemos a mesma empolgação com a concessão da BR-163. À época, o entusiasmo foi engolido por uma sucessão de problemas: a crise econômica, a queda na movimentação da rodovia e a ausência de financiamentos públicos para duplicações. O resultado foi um projeto paralisado e uma frustração generalizada.

Dessa vez, os contratos das novas concessões foram melhor estruturados, com regras claras e compromissos bem definidos. A modelagem foi revista, buscando corrigir as falhas do passado. Ainda assim, o sucesso não depende apenas do papel assinado – depende, sobretudo, da criação de um ambiente estável para que os compromissos sejam honrados. E isso não é responsabilidade apenas do poder público ou das empresas, é um dever de toda a sociedade.

Distensionar o ambiente social é hoje um desafio central. O Brasil vive um momento de polarização política intensa que contamina instituições e dificulta a construção de consensos mínimos. A radicalização, além de ameaçar a convivência democrática, enfraquece a segurança jurídica. Qualquer tentativa de romper o status quo sem diálogo aprofunda incertezas e compromete a confiança nos acordos firmados.

Para que os investimentos se consolidem e avancem, é fundamental que haja estabilidade política, respeito aos contratos e previsibilidade regulatória. A lógica da insegurança espanta investidores e desacelera o progresso. A infraestrutura não é feita apenas de asfalto e concreto: é feita também de confiança e compromisso com a legalidade.

O Brasil precisa romper com o ciclo do improviso. Precisamos reafirmar que as regras do jogo devem ser respeitadas, independentemente de quem esteja no poder. Isso vale para as concessões, para os contratos, para a vida institucional. Um país de bons profissionais é, antes de tudo, um país que honra seus compromissos. Mato Grosso do Sul deu um passo importante. Agora, cabe a todos nós garantir que esse passo seja sustentado por um solo firme: o solo da segurança jurídica.

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ARTIGOS

Direitos, obrigações e informações no Imposto de Renda do trabalhador

21/05/2025 07h45

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Com o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda se aproximando, é essencial que os trabalhadores brasileiros compreendam suas obrigações fiscais e se atentem aos direitos que podem ser exercidos para otimizar a declaração. Erros simples no preenchimento podem resultar em multas, enquanto o uso adequado das deduções previstas em lei pode representar economia significativa e até aumento na restituição.

A declaração do Imposto de Renda deve ser encarada como um exercício de responsabilidade financeira. Com organização e apoio técnico, o trabalhador pode transformar uma obrigação em uma oportunidade de recuperar valores pagos a mais e manter sua situação fiscal regularizada.

Estão obrigados a declarar o Imposto de Renda em 2025 todos os contribuintes que em 2024 tiveram rendimentos tributáveis superiores a R$ 33.888,00. Também devem declarar aqueles que receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte superiores a R$ 200 mil; realizaram operações em Bolsa de Valores; possuem bens e direitos cujo valor total seja superior a R$ 800 mil; ou exerceram atividade rural com receita bruta superior a R$ 169.440,00.

Uma das principais novidades deste ano se refere à tributação de investimentos no exterior. A partir de agora, passa a valer uma alíquota única de 15% sobre os ganhos obtidos com ativos fora do País, como ações, fundos e imóveis. Foi extinta a isenção que existia para vendas mensais abaixo de R$ 35 mil, o que exige maior atenção por parte dos investidores. Será possível compensar prejuízos obtidos no exterior com lucros futuros, o que pode reduzir a carga tributária. A Receita Federal também passa a exigir que todos os investimentos fora do País sejam informados com mais detalhes na declaração, incluindo tipo de ativo, valores e resultados.

A declaração pode ser uma oportunidade para reduzir a carga tributária de forma legal. O contribuinte pode deduzir despesas médicas, sem limite de valor, além de gastos com educação do próprio contribuinte ou de seus dependentes, limitados a R$ 3.561,50 por pessoa. Também podem ser abatidas contribuições à previdência privada no modelo PGBL, pensão alimentícia judicialmente definida e a inclusão de dependentes legais, que geram deduções automáticas por CPF.

A principal causa de retenção na malha fina continua sendo a omissão de rendimentos ou o preenchimento incorreto de informações. Contribuintes com mais de uma fonte pagadora ou que recebem valores como pensão ou aluguel devem redobrar a atenção. É obrigatório informar o CPF de todos os dependentes, inclusive crianças, e manter arquivados os comprovantes de todas as informações prestadas na declaração por, no mínimo, cinco anos – prazo em que a Receita Federal pode solicitar comprovações ou iniciar uma auditoria.

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