Agora em agosto celebramos os 100 anos de história da Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande, instituição que ao longo desse centenário prestou relevantes serviços de saúde a Mato Grosso do Sul, a Região Centro-Oeste e aos países vizinhos Paraguai e Bolívia.
Eu tenho muito orgulho desse hospital que começou a ganhar forma no dia 18 de agosto de 1917. Nessa data, um grupo de abnegados decidiu criar essa instituição para atender os oito mil habitantes do município que não tinham qualquer serviço público ou privado de saúde.
Os doentes, claro, se socorriam de enfermeiros, benzedeiras, parteiras e dos farmacêuticos que na ausência de médicos prescreviam medicamentos e faziam simples cirurgias. Só que essa precariedade estava em contradição com o crescimento do município. Os novos habitantes que chegavam a Campo Grande demandavam outra concepção de saúde.
Nessa perspectiva, foi criada a Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG) com o objetivo de arrecadar fundos para dotar a cidade de um hospital beneficente. Em 1924 a Santa Casa começou a se tornar realidade. O senhor Bernardo Franco Bais doou para a Sociedade Beneficente de Campo Grande uma imensa área onde hoje está construído o hospital.
Aos poucos foram erguidos 40 leitos e uma sala cirúrgica. Em 1928 a Santa Casa começou a funcionar. Não são poucas as histórias de heroísmo nessa empreitada. José Mustafá, conforme conta o diretor da Santa Casa Heitor Freire, “transportou gratuitamente em sua carroça puxada por uma parelha de burros toda areia, tijolo, ferro, enfim, o que foi necessário para a construção dessa instituição.
Conheci a Santa Casa no início da década de 1950. Acompanhava meu pai, Pedro Chaves dos Santos, nas visitas que ele fazia aos hospitais com o objetivo de levar uma palavra de conforto aos doentes. No leito hospitalar onde tudo é difícil eu pude ver como é importante a solidariedade e o carinho. Um abraço ou um sorriso para quem está lutando pela vida faz enorme diferença.
Desde o tempo de adolescente até os dias de hoje continuo, de alguma forma, ligado a essa instituição. Entre 2009 e 2010 fui presidente da Santa Casa. Em 2016, logo que fui informado que a Caixa Econômica Federal (CEF) ampliaria o prazo de financiamentos para os hospitais filantrópicos de 60 para até 120 meses, com 6 de carência, liguei para o presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, para me colocar à disposição da entidade no processo de reestruturação de dívidas da ordem de R$ 100 milhões.
Tivemos sucesso na iniciativa. A Caixa Econômica foi sensível ao nosso apelo. A entidade ganhou mais tempo para saldar parcelas vincendas com instituições bancárias e fornecedores.
Em função do apoio que prestei ao entendimento entre a Santa Casa e Caixa Econômica Federal recebi carinhosa carta da direção da entidade que, entre outras palavras de reconhecimento, afirma: “Nesta hora nos resta agradecer a Deus e às pessoas que, de alguma forma, intervieram pela solução de dificuldades quase insuperáveis. Em nome da Santa Casa, de toda sua diretoria e dos associados, manifestamos um muito obrigado, de coração”, ao senador Pedro Chaves.
Hoje a Santa Casa possui um majestoso prédio de 33 mil metros quadrados e 750 leitos. Tem 3.300 funcionários, 600 médicos, sete mil atendimentos emergenciais por mês, fornece 4.500 refeições por dia e tem um custo mensal de R$ 20 milhões.
Em nome do presidente Esacheu Nascimento, parabenizo os funcionários do hospital, diretores, associados, corpo clínico, fornecedores, parceiros e todos aqueles e aquelas que batalham para que a instituição continue cuidando da saúde da nossa gente. Que a Santa Casa de Campo Grande celebre outros centenários. Parabéns!