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Pedro Chaves: "Dr. Wilson Barbosa – 100 anos"

Senador da República

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Hoje, dia 21 de junho de 2017, quero celebrar os cem anos de existência de Wilson Barbosa Martins, um homem inteligente, honrado, corajoso e um dos mais importantes protagonistas da história de Mato Grosso do Sul. 

A trajetória pessoal, profissional e política do dr. Wilson é notável. Formado advogado pela Universidade de São Paulo, voltou à terra natal, Campo Grande, para exercer o seu ofício e participar ativamente da política, sendo inclusive um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN), no antigo Mato Grosso, em 1945. 

Pela UDN, foi eleito prefeito de Campo Grande, em 1958, e Deputado Federal, também por Mato Grosso, em 1962. Com a Revolução de 1964 e a criação de um sistema bipartidário pelo regime militar, ele se engajou no Movimento Democrático Brasileiro, ao lado seu irmão Plínio Martins, que também se tornou Prefeito de Campo Grande no período de 1966/1969.

Pelo MDB, o dr. Wilson foi reeleito Deputado Federal em 1966.  Em 1968, enfrentou um dos maiores desafios de sua carreira, ao escolher a defesa das liberdades democráticas num país subjugado por um regime de exceção.

No Plenário da Câmara, em novembro de 1968, se posicionou contra a cassação dos deputados Márcio Moreira Alves e Henrique Alves, conclamando o Plenário à resistência. Com firmeza, colocou-se contra a subordinação do Legislativo à vontade da ditadura. 

A Câmara terminou por não autorizar a instauração de processo contra os dois deputados. Menos de um mês depois, os militares baixaram o Ato Institucional nº 5, fecharam o Congresso e suspenderam os direitos políticos de diversos parlamentares. Na lista dos cassados estava o deputado Wilson Martins.

Fora do parlamento, ele retomou a vida de advogado. Sua luta pela democracia passou, então, do Plenário da Câmara para a barra dos tribunais, onde se dedicou a defender presos políticos. Muitos encontraram na solidariedade de Wilson Barbosa Martins o caminho para sair do cárcere. Não por acaso, ele foi um dos fundadores da seccional da OAB no Mato Grosso do Sul, sendo eleito seu primeiro presidente e ocupando esse posto entre 1979 e 1981.

Com a abertura política, tornou-se o primeiro Governador eleito do Mato Grosso do Sul, em 1983. Nessa posição apoiou o movimento das “Diretas Já!”.  Em 1986, elegeu-se Senador e participou da Assembleia Nacional Constituinte. Ali, colocou-se a favor do voto aos 16 anos, do mandado de segurança coletivo e da soberania popular, mantendo a coerência com seus ideais democráticos.

Em 1994, voltou à governadoria do Estado, em uma vitória acachapante logo no primeiro turno, com 20 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado. Quatro anos mais tarde, aos 81 anos, encerrou sua carreira política.

O político Dr. Wilson deixou a ribalta, para mais tarde ser substituído pelo Dr. Wilson escritor. Em 2010, lançou a autobiografia Memória – Janela da História. Nesse mesmo ano, foi eleito para a Academia Sul-mato-grossense de Letras, ocupando a vaga que pertencera à sua esposa, a poetisa Nelly Martins.

Dr.Wilson e meu pai, Pedro Chaves dos Santos, foram grandes amigos. Morávamos perto da sua casa, na Rua 15 de novembro, onde até hoje ele reside. Também continuo privando da sua amizade e guardo as melhores recordações dos debates que travamos sobre os caminhos da educação em Mato Grosso do Sul.    

Eu não tenho a menor dúvida que, diante da estatura política, moral e humana do Dr. Wilson, todas as homenagens parecem ínfimas. Quaisquer elogios dirigidos ao seu centenário de nascimento serão insuficientes para dimensionar sua grandeza. 

Talvez o mais acertado seja parabenizar o Mato Grosso do Sul e o Brasil. Dar os parabéns ao Estado e ao País, por terem podido contar com um Wilson Barbosa Martins para abrilhantar a sua história recente.

ARTIGOS

O poder e as narrativas

04/01/2025 07h45

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Anos atrás escrevi um pequeno livro intitulado “Uma Breve Teoria do Poder”. Hoje está na quarta edição, veiculado pela Editora Resistência Cultural, que se notabilizou pela primorosa apresentação gráfica de suas edições. As edições anteriores foram prefaciadas por dois saudosos amigos: Ney Prado, confrade e ex-presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Paim, confrade da Academia Brasileira de Filosofia. A atual tem como prefaciador o ex-presidente da República e confrade da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Michel Temer.

Chamo-a de “Breve Teoria” por dedicar-me mais à figura do detentor do poder, muito embora mencione as diversas correntes filosóficas que analisaram a ânsia de governar, através da história.

Chamar um estudo de breve é comum. Já é mais complicado chamar uma teoria de breve. As teorias ou são teorias ou não são. Nenhuma teoria é breve ou longa, mas apenas teoria. Ocorre que, como me dediquei fundamentalmente à figura do detentor do poder, e não a todos os aspectos do poder, decidi, contra a lógica, chamá-la de “Breve Teoria”.

Desenvolvi no opúsculo a “Teoria da Sobrevivência”. Quem almeja o poder, luta, por todos os meios, para consegui-lo e, como a história demonstra, quase sempre sem ética e sem escrúpulos. Não sem razão, Lord Acton dizia, no século 19, que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Ocorre que, no momento que o poder é alcançado, quem o detém luta para mantê-lo por meio da construção de narrativas, cada vez tornando-se menos ético e mais engenhoso, até ser afastado. As narrativas são sempre de mais fácil construção nas ditaduras, mas são comuns nas democracias e tendem a crescer quando elas começam a morrer.

A característica maior da narrativa é transformar uma mentira em uma verdade e torná-la para o povo um fato inconteste, ora valorizando fatos irrelevantes, ora, com criatividade, forjando fatos como, aliás, Hitler conseguiu com a juventude alemã com a célebre frase: “O amanhã pertence a nós”.

Nas democracias, a luta pelo poder é mais controlada, pois as oposições desfazem narrativas e os Poderes Judiciários neutros permitem que correções de rumo ocorram. Mesmo assim, as campanhas para conquistar o poder são destinadas não a debater ideias, mas literalmente destruir os adversários. Quando Levitsky e Ziblatti escreveram “Como as Democracias Morrem”, embora com um viés nitidamente a favor do partido democrata, desventraram que as mais estáveis democracias do mundo também correm risco.

O certo é que, através da história, os que lutam pelo poder e os que querem mantê-lo, à luz da teoria da sobrevivência, necessitam de narrativas, e não da verdade dos fatos, manipulando-as à sua maneira e semelhança, com interpretações “pro domo sua” das leis, reescrevendo-as e impondo-as, quanto mais força tem sobre os órgãos públicos, mesmo nas democracias, e reduzindo a única arma válida em uma democracia, que é a palavra, a sua expressão menor, quando não a suprimindo.

É que, infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral, e não obrigatoriamente necessário.

Os ciclos históricos demonstram, todavia, que, quando, pela teoria da sobrevivência, os limites do razoável são superados, as reações fazem-se notar, não havendo “sobrevivência permanente no poder”. As verdades, no tempo, aparecem, e, perante a história, as narrativas desaparecem e surge “a realidade nua dos fatos”.

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ARTIGOS

Caminhos da vida

04/01/2025 07h15

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Novo ano. Novos caminhos. Novos sonhos. Novas esperanças. Com certeza serão muitas as pessoas olhando pela porta desse novo ano com uma maneira nova de olhar. Estarão mais cautelosas ao planejar e ao decidir em seus negócios e em seus projetos.

Esperemos que as lições do ano que findou sirvam de ponto de referência para os novos projetos, até mesmo para os caminhos dos sentimentos do coração e das forças da fé. Pois tudo o que acontecer será para o crescimento dos relacionamentos e das partilhas dos bens e da comunhão de vidas.

Esses sentimentos e essas atitudes serão sempre motivos no crescimento pessoal e comunitário das obras e das opções pela vida e pela fé. A palavra deus será a luz para quem se encontra na busca e será alimento seguro para quem se puser a caminho da felicidade. Mostra que, enquanto houver sonhos, haverá esperança. 

Assim acontecerá ao chegar até nós a palavra do escritor sagrado. Assim será a maneira de Deus se revelar ao mundo. Os seres humanos têm sua maneira. Deus também tem seus momentos e suas maneiras. Não haverá comparação. Haverá isso sempre, maneiras próprias e muito pessoais quando fala aos seres humanos.

Assim ele se revela em uma de suas cartas (Ef. 4, 30-45): “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Toda a amargura, toda a irritação sejam desterradas do meio de vocês. Afeiçoem-se do bem e do amor. Sempre que houver razões de queixa de uns pelos outros, perdoem-se, assim como Deus sempre perdoa. Vivam na concórdia e na harmonia”.

E o autor sagrado continua dizendo: “Evitem o mal. Amem o bem. Principalmente eliminem entre vocês toda a discórdia e todas as ofensas. Edifiquem a misericórdia e o perdão. Progridam na caridade a exemplo de Jesus Cristo que em tudo nos amou e sempre se entregou como oferta sagrada e perfeita”.

O exemplo permanece e permanecerá sempre vivo e edificante. Nada guardou para si. Tudo sacrificou por amor e pelo resgate de tantos prisioneiros da maldade desse mundo. Em tudo deixou sua marca de doador do bem e da graça. E tudo na gratuidade.

As portas do novo ano estão se abrindo em nossa frente. A esperança de dias melhores, não apenas diferentes, deverá alimentar a esperança, o bem, marcar o pensar e o agir de cada ser humano. E que em tudo possa se orgulhar de ter o rumo correto em seu viver e em seu agir iluminado pela fé em Deus.

Entramos no caminho do otimismo. Nele, não haverá espaço para os pessimistas. Não haverá também para os medrosos, os inseguros e para os descrentes. Não haverá lugar ainda aos vingativos e para quem guarda mágoas ou invejas. Para esses, permanecerá um vazio do tamanho de sua fragilidade em acreditar.

É preciso acreditar no Deus misericórdia, no Deus bondade e no Deus generosidade. É preciso acreditar no Deus que acredita em todos. Mesmo os que não creem nele. Ele os ama e neles confia pelo simples motivo de ter um coração bom e uma alma generosa.

Ano novo. Alma renovada. Espírito novo. Sentimentos renovados. Em tudo manter a pureza no ser, o correto no agir. E Deus nos abençoe.

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