Quando pensamos numa transformação do país, nos vem logo à cabeça que a educação é o caminho, mas de qual educação estamos falando? A escola e a universidade em tese deveria ser um ambiente pluralista. Ocorre que não é o que acontece no Brasil. Atualmente o que assistimos é um ultraje à educação, onde prevalece uma visão maniqueísta da história e uma seleção de teorias e autores.
Sob a orientação de Antônio Gramsci - teórico engajado na revolução socialista - a educação brasileira se tornou um verdadeiro centro de doutrinação e propagação ideológica. Grosso modo, na concepção Leninista era preciso conquistar o poder para depois conquistar a hegemonia cultural; ao contrário, Gramsci propõe conquistar psicológica e culturalmente para depois inserir-se no poder de modo imperceptível , sem resistência e principalmente com apoio popular.
Assim, as escolas e universidades que deveriam primar pela imparcialidade e pluralidade de ideias, fomentar o debate, suscitar a reflexão crítica e apresentar diversas teorias, fazem o contrário: sorrateiramente apresentam conteúdos e autores como verdades máximas e absolutas.
Um conceito muito caro às Ciências Humanas, o relativismo, tem sido posto de lado nos bancos das escolas e universidades; não se sustentam na práxis pedagógica, pois, as convicções políticas e econômicas são apresentadas como verdades absolutas e inquestionáveis. Não há espaço para o contraditório, para a antítese, pois, autores críticos ou de correntes diversa, não são estudados ou se são, o são de forma superficial e muitas vezes demonizados.
A consequência disso foi a formação de gerações das mais diversas áreas do conhecimento, que detêm apenas uma visão de mundo, com discursos e ideias pré-estabelecidas, cujo objetivo é um projeto ideológico de poder.
É nesse cenário que muitos profissionais brasileiros foram e são formados e por que não dizer, doutrinados numa ideologia? São jornalistas, professores, cineastas, psicólogos, biólogos, advogados, dentre tantas outras áreas que acabam se tornando os formadores de opinião do país. É preciso que a sociedade repense o modelo educacional, é preciso questioná-lo, confrontá-lo.
A educação não deve servir a interesses de um único grupo, ela deve ser coerente com a proposta de liberdade intelectual, em que o educador, a escola e o projeto pedagógico seja alicerçado num ambiente intelectualmente democrático, onde devem ser apresentados a tese e antítese, sem o direcionamento político-ideológico de nenhum dos lados. Uma educação verdadeiramente democrática deve permitir que Adam Smith e Alex Tocqueville possam ser exaustivamente estudados da mesma forma como são estudados Karl Marx e a escola de Frankfurt. Do contrário, não podemos dizer que se trata de educação, mas de um proselitismo, em que o estudante catecúmeno entra na universidade sem nenhuma referência teórica a não ser o seu conhecimento de mundo e sai achando que aquilo que lhe foi imposto como verdade do mundo, seja de fato, uma verdade, a única verdade.