Há certos fatos e acontecimentos que são inadmissíveis, mas acontecem no Brasil. A Universidade do Estado de São Paulo – USP, campus de São Carlos, há muito vem produzindo uma substância à base de fosfoetanolamina, nome complicado, mas eficiente na cura do câncer. Pelas falas do seu pesquisador, que a produz desde os fins dos anos 80 do século passado, o professor Gilberto Orivaldo Chierice acredita que ela tem excelentes resultados no combate ao câncer. São muitos, centenas de pacientes que já fizeram uso do produto, não pode ser denominado medicamento por não constar registro da Anvisa, e obtiveram melhoras significativas na sua qualidade de vida e alto percentual de cura definitiva, com a extinção do tumor.
O professor tem lutado pelo registro do produto e, como sempre no Brasil, nada se consegue, ainda mais nesse campo em que as grandes corporações da indústria farmacêutica mantêm controle, seja lá que governo for. Foram anos de luta e até agora não conseguiu. Uma das razões é que não há, de parte da Anvisa, segurança para o pesquisador quanto ao segredo da fórmula obtida e isso consta de vídeo gravado por ele que circula nas redes sociais. A Anvisa proibiu a produção do composto sintético que era distribuído gratuitamente aos necessitados, mesmo assim muitos deles têm conseguido as milagrosas pílulas via ordem judicial. Acredito que uma ação da Justiça, desde que motivada, possa dar uma permissão permanente para o fornecimento dessas pílulas até que seja feita prova em contrário de sua eficácia. Para tal, solicitar avaliação dos que já fizeram uso, os quais já estão na casa dos milhares.
A questão está no meio do caminho entre o bloqueio pelas multinacionais dos remédios que exercem sua força para manter no mercado seus produtos de alto custo e as “preocupações” do governo e sua Agência em “preservar” a saúde dos brasileiros. É difícil acreditar nestes cuidados da Avisa quando se sabe que muitos medicamentos circulam sem qualquer avaliação da Agência. Muitos, como informa a mídia, sequer são tirados do mercado brasileiro, mesmo tendo proibida sua venda no exterior, tais como Avastin, Sibutramina, anticoncepcional Diane 35, Dipirona e por aí vai. Onde está esse “zelo” acentuado do governo? Muitas farmácias e na internet são comercializados inúmeros medicamentos proibidos, certos hormônios como exemplo, fatos já mostrados pelos noticiários televisivos.
Quantos terão que morrer para que possam liberar o produto da USP – São Carlos? Por que o governo de São Paulo não se coloca à frente dessa luta que representa a vida para milhares de brasileiros? Será que é a ajuda das indústrias de fármacos no período eleitoral que leva os políticos do Brasil a fazer ouvidos moucos para o clamor da população? É quase certeza que muitos deles já buscaram pílulas da USP para si ou seus familiares.
Não bastasse, vem a presidente Dillma dizer que usar crise para chegar ao Poder é golpe. Sofrido Brasil. Ela esquece que maior golpe foi sua reeleição no dia 29 de outubro de 2014. O “golpe” da crise é real e está baseado em fatos e na Constituição Federal. Aquele golpe de 29 de outubro foi feito de forma sorrateira, mentirosa e enganadora. Não tem apoio nem bases na verdade, na credibilidade, na ética e na moral que deve ter um proponente candidato a presidente e tampouco sustentação na Constituição e nas regras de boa conduta que são exigidas pela transparência, postura e liturgia da disputa pelo maior posto da vida pública brasileira. As leis são vontades emanadas do povo, via seus representantes no Congresso Nacional, e devem, obrigatoriamente, ser respeitadas. Renunciar à presidência seria ato muito nobre para a formação da personalidade de quem sempre viveu nos porões da subserviência ideológica e assim permanece, mesmo com o advento da globalização. Não há como permanecer mais no governo a presidente e seu partido. Por tudo escrito, não pode mais ser essa a vida de brasileiro.