A cena já é nossa velha conhecida e, de tanto ocorrer por aqui, não nos causa mais espanto: conflito no campo entre produtores e índios. Quando ocorre uma catástrofe e, só assim, corre para cá um ministro para “administrar” a situação.
Já não é a primeira vez e, pelo andar da carruagem, não será a última.
Mas, afinal, o que veio fazer em Campo Grande o sr. ministro da Justiça, no dia 2 de setembro?
Fazer de conta que está agindo, que está empenhado na solução desses conflitos aqui e alhures. Camuflar a incompetência do seu governo em solucionar problemas que aflijam a nação. Não engana mais ninguém. Mas, havia na data um novo e perigoso ingrediente: a criação de uma CPI na Assembleia, para averiguar o papel do Cimi nas invasões.
Conversou com o bispo; fez discurso ao lado do governador; ameaçou uma produtora rural invadida, que ousou manifestar seu desespero por não ver a lei ser cumprida e ter sido expulsa por índios de sua propriedade, sob o olhar de desdém das autoridades; vociferou contra todos que porventura tentarem “ofender a lei”; montou ou ficou de montar mais uma comissão para passar o tempo e continuar embromando tanto produtores quanto os indígenas – e foi embora.
Não nos iludamos, ele tem coisas mais importantes para cuidar. Precisa defender o seu governo das mazelas do Petrolão e evitar que a lama chegue mais perto do Alvorada. Vai lá ter tempo para cuidar de um assunto tão politicamente incorreto quanto este de dar garantia aos direitos individuais e a posse de propriedades privadas? Perder tempo com estes “fazendeiros insaciáveis” e esses “índios chatos” que ficam fazendo confusão no campo? Que se danem!
Disse que se esforçou à exaustão para o caso da Fazenda Buriti, mas se esqueceu de dizer que tentou surrupiar dos proprietários, cujas terras já foram declaradas não indígenas em duas instâncias do Judiciário, ao oferecer preços irrisórios, limitar o valor a ser levantado por uma perícia futura, além de terem os proprietários de reconhecer que as terras são indígenas!
O ministro inventou um personagem – o de animador de auditório – que nem ele acredita mais ser verossímil. Perdeu a credibilidade e a autoridade. Veio dizer que agora basta! Vai tentar um novo modelo. Acredite quem quiser...