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Ruben Figueiró de Oliveira: "Bomba: o gás subiu"

Ex-senador da República

Redação

09/09/2015 - 00h00
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Fez o efeito de uma bomba! É a notícia que se confirma para elevar o nível de desesperança no termômetro do já febril estado de espírito do cidadão consumidor sul-mato-grossense: dez por cento! Dos cinquenta e cinco reais para os sessenta ou sessenta e dois foi a elevação do preço do botijão de gás, isto aqui na capital. Se o preço já era elevado para o orçamento do consumidor, agora ele atinge e ultrapassa a altura do monte Everest!

Direi ao prezado (a) leitor (a) que o GLP (gás liquefeito de petróleo), botijão de 13 quilos, poderia ter seu preço até cinquenta por cento menor à disposição de nosso consumidor. Faço essa afirmação estamentado nos conhecimentos que adquiri quando no exercício do mandato de senador da República. Na ocasião, início do ano de 2013, tomei como missão lutar por cinco pontos cardeais que considero deveras essenciais para o desenvolvimento harmônico nos campos econômicos e sociais de nosso estado. Um deles, seria a implantação de uma usina separadora do rico gás boliviano que corre pelo gasoduto Bolívia/Brasil, em nosso território e por uma longa extensão (600 quilômetros) de Corumbá a Três Lagoas. Registrei rico, sim, pois contém mais de cem subprodutos, dentre eles o butano, o propano e a uréia, matérias-primas fundamentais, os dois primeiros para a elaboração do gás de cozinha, o terceiro próprio para indústria de fertilizantes, de que tanto carece a nossa agricultura e as pastagens para atividade pecuária.

Na luta que foi intensa, na Comissão de Assuntos Regionais do Senado, além dos meus companheiros de bancada, senadores Delcídio Amaral e Wlademir Moka, contei com a valiosa presença e colaboração do empresário Ueze Zahran, nosso ilustre conterrâneo e profundo conhecedor do setor, pioneiro da proposta de implantação de uma usina de processamento do gás, no nosso estado e nos demais do Centro-Oeste. O senhor Ueze tem, com fundamentos sólidos, dedicado esforços desde o início do governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso e tem mantido a sua fleugma.

Lembro-me que num dos debates naquela Comissão, o então diretor de gás e energia da Petrobras afirmou que a construção de uma usina separadora de gás em nosso estado e ao longo da linha de gasoduto era para a Empresa um empreendimento anti-econômico e dela não se interessava. Diante de tal afirmação, tão surpreendente, o senhor Ueze Zahran contestou e declarou que a iniciativa privada, se lhe fosse dada a concessão pela Petrobras, tinha condições de implementar a usina, eis que a considerava viável, útil à economia do estado e de aspectos sociais importantíssimos. Ficou acertado que a direção da Petrobras marcaria, em sua sede no Rio de Janeiro, uma reunião para tratar do assunto. Ao que se saiba, até hoje a direção da Petrobras se escusa em promovê-la.

Debalde nossos esforços. Logo surgiram à flor da pele os escândalos intestinos que provocaram intensa disenteria no setor financeiro de nossa maior empresa estatal. Ela continua doentia, nada obstante os esforços de sua nova diretoria, isto poderá permitir nova oportunidade para se focalizar a ideia do senhor Ueze. Quem ganharia, evidentemente, seria a população de nosso estado e, também, do nosso co-irmão Mato Grosso. As vezes vem-me à mente, decepcionado como todos nós brasileiros com os escândalos que surgem diariamente em nosso país, que a Petrobras descurou-se de sua função empresarial ao se submeter aos pecaminosos caprichos dos Cerveró, dos Duques, dos Vacaris et caterva.

O resultado aí está. Deste, agora surge o aumento do GLP – gás de cozinha. Pelo andar da carruagem, outros aumentos virão, como é de costume deste governo lulopetista.

Editorial

As propriedades estão mais produtivas

O campo não é mais o mesmo, e os discursos sobre ele também precisam evoluir: o País mudou, e a política de acesso à terra precisa acompanhar essa mudança

20/05/2025 07h15

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Nas últimas décadas, o Brasil rural passou por uma revolução silenciosa, mas de impacto gigantesco: a produtividade no campo atingiu patamares históricos. Tecnologias de ponta, mecanização intensiva, biotecnologia e novas cadeias de produção tornaram obsoletos alguns dos argumentos mais repetidos por movimentos sociais, como o dos sem-terra, na década de 1990. Naquela época, a improdutividade era o principal combustível para as ocupações de fazendas. Propriedades que estavam “paradas” eram alvos legítimos – pelo menos no discurso – para fazer pressão por reforma agrária.

Hoje, o cenário é outro. As propriedades que não produzem são exceções. Com a valorização das commodities agrícolas e o crescimento da demanda mundial por alimentos, praticamente qualquer hectare de terra fértil se tornou economicamente viável. Não só para plantar soja ou criar gado, como no passado. Há uma nova geografia agrícola que inclui culturas como trigo, sorgo, eucalipto e mandioca e atividades como a suinocultura e a avicultura industrial. O campo virou negócio – e um bom negócio.

Essa transformação reduziu drasticamente a margem para que movimentos sociais reivindiquem terras sob o argumento de que estão ociosas ou improdutivas. Mesmo a retenção de grandes áreas para especulação imobiliária, que já foi um problema relevante, praticamente desapareceu. Quem tem terra, explora. E quem explora, gera emprego, paga impostos e movimenta a economia, além de, em muitos casos, estabelecer parcerias com a comunidade local e contribuir com infraestrutura e serviços.

Reportagem desta edição mostra um exemplo claro dessa nova realidade: uma fazenda extremamente produtiva, com papel fundamental na recuperação judicial de uma grande empresa, que, ainda assim, entrou na mira do movimento dos sem-terra. Trata-se de uma propriedade que cumpre sua função social com excelência, mas que, paradoxalmente, está sendo tratada como se fosse uma terra abandonada ou sem utilidade social. Isso revela um descompasso entre a retórica de alguns movimentos e a realidade do campo brasileiro.

Não se trata aqui de negar a importância histórica da reforma agrária ou o direito de grupos sociais de reivindicar melhores condições de vida. Mas é preciso reconhecer que o País mudou e que a política de acesso à terra precisa acompanhar essa mudança. Se o governo federal ainda pretende investir em reforma agrária, esse projeto precisa ser repensado, ganhar nova roupagem. É hora de se falar em uma “reforma agrária 2.0”.

Esse novo modelo não pode se basear apenas na distribuição de terras, mas deve envolver acesso a crédito, assistência técnica, logística, mercado e, acima de tudo, integração com a economia moderna do agronegócio. Não faz sentido redistribuir terras se os beneficiários não tiverem condições reais de transformá-las em unidades produtivas e sustentáveis. O fracasso de muitos assentamentos passados prova isso.

Por fim, é preciso retomar o verdadeiro significado do termo “função social”. Produzir alimentos, empregar pessoas, cuidar do meio ambiente e investir na comunidade também são atos sociais. A palavra “social” não pode ser sequestrada por discursos ideológicos. O campo brasileiro não é mais o mesmo, e os discursos sobre ele também precisam evoluir.

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ARTIGOS

Hábito de leitura no Brasil: como mudar o panorama atual?

17/05/2025 07h45

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A criação do hábito de leitura é um dos pilares essenciais para o desenvolvimento humano, especialmente durante a infância, já que estimula a imaginação, a empatia e o pensamento crítico. No entanto, com o avanço da tecnologia, essa prática tão importante vem sendo cada vez mais negligenciada, especialmente no Brasil.

De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, 53% dos brasileiros não leram livros em 2024, o que representa uma queda de quase 7 milhões de leitores em relação a 2019. Além disso, 73% da população não completou sequer uma leitura no mesmo ano.

Esses dados alarmantes reforçam uma urgência: o incentivo à formação de leitores desde a primeira infância, pois estamos perdendo leitores para as telas antes mesmo de se consolidar o processo de alfabetização. E essa responsabilidade deve ser compartilhada pelas escolas, pelas famílias e por toda a sociedade. Isso porque, o contato com a leitura é fundamental para o desenvolvimento social, emocional e pedagógico das crianças.

De concentração a percepção de si mesmo: crianças que têm contato frequente com os livros desenvolvem maior capacidade de concentração e foco. A leitura contínua estimula ainda o cérebro a manter a atenção por períodos mais longos, favorecendo também a memória de trabalho e a autorregulação, uma habilidade essencial para lidar com emoções como estresse e ansiedade.

Além disso, o envolvimento com diferentes tipos de texto fortalece habilidades cognitivas como observação, análise, síntese e interpretação. Crianças leitoras geralmente demonstram maior sensibilidade aos detalhes, melhor compreensão de contextos e mais agilidade na construção de inferências, competências fundamentais para a resolução de problemas e tomada de decisões ao longo da vida.

Já do ponto de vista emocional e social, a leitura também contribui significativamente para o desenvolvimento da empatia, da criatividade e da linguagem oral e escrita. Ao mergulhar em histórias, é possível se colocar no lugar do outro, ampliar o repertório cultural e construir sentidos sobre o mundo e sobre si mesmos. Por isso, o hábito de leitura deve ser cultivado não apenas como uma estratégia pedagógica, mas como um direito fundamental da infância.

Os desafios do mundo moderno: a presença constante da tecnologia incentivou o uso excessivo de telas, muitas vezes em detrimento de interações presenciais e experiências sensoriais. Essa exposição prolongada a dispositivos eletrônicos pode comprometer o desenvolvimento da atenção, da linguagem e da imaginação, todas capacidades essenciais para a formação de leitores.

Diante desse cenário, fomentar o gosto pela leitura torna-se ainda mais crucial. Promover uma relação afetiva e significativa com os livros ajuda a equilibrar os estímulos imediatos das telas com a profundidade e a concentração que a leitura exige e proporciona, sendo essa uma missão para as escolas e também para as famílias.

Inspiração e exemplo: os educadores devem atuar como mediadores e inspiradores, proporcionando ambientes acolhedores que incentivem a leitura por prazer. Isso pode se dar por meio de atividades como rodas de leitura, compartilhamento de histórias e projetos literários interdisciplinares. Já os familiares, precisam reservar um tempo para ler em voz alta, demonstrar interesse pelas histórias e limitar o uso de telas, especialmente antes de dormir.

Em suma, a formação de leitores e o cultivo do hábito de leitura são fundamentais para o desenvolvimento pleno de crianças e jovens. Afinal, esse é o caminho mais promissor para formar cidadãos críticos, sensíveis e preparados para transformar o mundo com ética, imaginação e esperança.

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