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Ruben Figueiró de Oliveira: "Só para comparar..."

Ruben é ex-senador da República

Redação

05/10/2015 - 00h00
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O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, para os empreiteiros mais íntimos, “o brahma”, em seus momentos de êxtase alardeava que “nunca neste país se realizou tanto” - referindo-se às realizações e às benesses de seu governo. Sem dúvida, por não ter tido a oportunidade de conhecer a história pátria no período republicano e nem se preocupado, em sua magnificência, de se valer de sua assessoria,  há de se compreender o exagero de sua megalomaníaca declaração tantas vezes repetida.

Não se nega a inteligência, a perspicácia, com que sua senhoria exercita as palavras e pode-se até aproveitá-las como contraponto para afirmar que nunca neste País se cometeram tantas lambanças, falcatruas financeiras tão às claras pelo insepulto mensalão, ainda mal cheiroso, e o que exala do moribundo petrolão, este sob a ducha inclemente da Operação Lava Jato.

A indignação do povo se comprova das recentes pesquisas de opinião. Noventa e três por cento da população graduada,entre os menos e os mais indispostos, manifesta repulsa com a senhora Dilma, cria de Lula. Ressalvada a pessoa da atual presidente cuja honorabilidade tem o aval do ex-presidente Fernando Henrique, seu governo já ruiu pela precariedade ética e moral que o avassala.

Recentemente li no jornal mensal do Sindicato Rural de Campo Grande, a reprodução de um artigo assinado pelo jornalista Carlos Chagas, este consagrado pela profundidade dos conceitos que emite por mais de meio século, militante nas colunas dos grandes veículos de comunicação do País, que me permito aqui reproduzir para os que o lerem possam fazer uma comparação com os que de 2012 a estes tempos dirigem nossa Pátria.

Diz o jornalista: “Erros foram praticados durante o Regime Militar, eram tempos difíceis. Claro que, no reverso da medalha, foi promovida ampla modernização de nossas estruturas materiais. Fica para o historiador do futuro emitir a sentença para aqueles tempos bicudos. Mas, uma evidência salta aos olhos: a honestidade pessoal de cada um! Um – quando Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.

Dois – Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace no Palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana. Três – Garrastazu Médici dispunha, como herança de família, de uma fazenda em Bagé, mas quando adoeceu teve que ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão. Quatro – Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência da República, comprou o sítio Cinamomos em Teresópolis que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio. Cinco – João Figueiredo, depois de deixar o poder não aguentou as despesas do sítio Dragão em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade.

Sua viúva recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos colocaram à venda, ao que parece em estado lamentável de conservação. Obs.: foi operado no Hospital do Servidor Público do Estado.

Não é nada, não é nada, mas os cinco generais presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não enriqueceram nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos. Sequer criaram instituições destinadas a preservar seus documentos ou agenciar contratos para consultorias e palestras regiamente remuneradas. Bem diferente dos tempos atuais, não é?”

E conclui Carlos Chagas: “Nenhum deles mandou fazer um filme pseudobiográfico, pago com dinheiro público, de auto-exaltação e culto à própria personalidade! Nenhum deles usou dinheiro público para fazer parque homenageando a própria mãe. Nenhum deles usou o Hospital Sírio Libanês. Nenhum deles comprou avião de luxo no exterior.

Nenhum deles enviou dinheiro para “ajudar” outro país. Nenhum deles, ao fim do mandato, saiu acompanhado por onze caminhões lotados de toda espécie de móveis e objetos roubados. Nenhum deles exaltou a ignorância. Nenhum deles falava errado. Nenhum deles apareceu embriagado em público. Nenhum deles se mijou em público. Nenhum deles passou a apoiar notórios desonestos depois de tê-los chamados de ladrões”.

Depois, Chagas fez esta exortação: “Brasil, você sabe ler e entende o que leu... Comentem com os que não sabem. Eles precisam ser informados!!!”

Como diziam os romanos, tollitur quoestio.

Editorial

A farra das diárias e o municipalismo

O que se espera de um líder municipalista é coerência, e não a exploração de brechas que permitam benefícios pessoais camuflados sob a justificativa do interesse público

10/05/2025 07h15

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A reportagem em destaque nesta edição traz à tona uma reflexão necessária e incômoda: os prefeitos de Mato Grosso do Sul parecem não estar aprendendo nada. Em meio a discursos inflamados sobre ética, responsabilidade fiscal e compromisso com os municípios, o que se vê, na prática, são episódios que contradizem completamente essa retórica. A suspeita de uso indevido de diárias envolvendo o ex-prefeito de Nioaque, que também presidiu por anos a Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), é mais um capítulo vergonhoso nesse cenário.

A Assomasul, como o nome já indica, representa os interesses dos municípios. Seu presidente deveria ser um defensor do municipalismo na essência: proximidade com o cidadão, zelo pelos recursos públicos, valorização da transparência e busca constante por eficiência na gestão. O que se apresenta, no entanto, é uma conduta que pode comprometer a imagem de toda a causa municipalista, tão alardeada nos últimos anos como a solução para muitos dos males da administração pública.

E o que dizer da questão das diárias? O Ministério Público apura a suspeita de que o ex-prefeito, enquanto presidente da Assomasul, tenha recebido diárias tanto da Prefeitura de Nioaque quanto da associação para cobrir os mesmos compromissos. Se confirmadas as irregularidades, não se trata apenas de um erro técnico, mas de uma prática que pode configurar má-fé com o uso do dinheiro público – justamente aquele recurso que, segundo o discurso dominante, está sempre em falta.

É lamentável, sobretudo, que essa conduta venha de alguém que, enquanto representante dos municípios, muitas vezes foi a Brasília (DF) em nome do “interesse coletivo”, pedindo mais repasses e reclamando da escassez de verbas. Afinal, se falta dinheiro, para onde está indo o que já se tem? O que se espera de um líder municipalista é coerência, e não a exploração de brechas que permitam benefícios pessoais camuflados sob a justificativa do interesse público.

Nos últimos anos, o que mais se ouviu foram queixas das prefeituras sobre a insuficiência de recursos. A narrativa da “crise permanente” se tornou corriqueira, quase automática. No entanto, situações como a revelada pela investigação do Ministério Público lançam dúvidas legítimas sobre a real aplicação dos recursos e sobre a lisura de muitos dos que ocupam cargos de responsabilidade.

É preciso que a população esteja atenta. A vigilância da sociedade é uma ferramenta poderosa de controle. Os eleitores devem estar conscientes de que o voto não encerra o dever cívico, mas o inaugura. Da mesma forma, os órgãos de fiscalização e controle precisam atuar com firmeza e independência, para coibir abusos e garantir que o dinheiro público não continue sendo tratado como propriedade privada de poucos.

Este ocorrido, como tantos outros, merece apuração rigorosa e, se for o caso, punição exemplar.

Acompanharemos os desdobramentos com atenção e compromisso. A luta pelo municipalismo sério e transparente não pode ser sequestrada por quem confunde representação pública com benefício pessoal.

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ARTIGOS

Entre a solidão e os likes

09/05/2025 07h45

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A série britânica “Adolescência”, de grande repercussão mundial, expõe de maneira crua e impactante os desafios enfrentados pelos jovens na era digital, especialmente no que diz respeito à influência das redes sociais e à vulnerabilidade emocional dos meninos e meninas. A trajetória de Jamie Miller, um inseguro garoto de 13 anos, acusado de assassinato, que se isola e se torna suscetível a discursos extremistas, revela o perigo do abandono silencioso e da solidão, compensados pelas ilusões virtuais da internet. Embora seus pais não sejam retratados como violentos ou negligentes, a falta de percepção sobre sua angústia abriu espaços para que se afastasse da realidade sem que ninguém diagnosticasse a gravidade da situação.

Diante dessa narrativa, é inevitável refletirmos sobre o papel da escola e da família na formação dos jovens e na prevenção de episódios trágicos. A primeira, enquanto espaço de desenvolvimento social e intelectual, precisa ir além da mera transmissão de conteúdos acadêmicos. É imprescindível que os educadores estejam atentos aos sinais de isolamento, sofrimento psicológico e mudanças comportamentais. Estratégias como rodas de conversa, ensino de pensamento crítico e projetos que abordem o uso responsável da internet podem ser ferramentas valiosas na construção de um ambiente mais seguro para os estudantes.

Além disso, o bullying, um fator central na trama de “Adolescência”, precisa ser enfrentado com seriedade dentro das instituições de ensino. A humilhação e a exclusão vivenciadas por Jamie na escola são experiências comuns a muitos jovens na vida real. Se não forem adequadamente remediadas, podem desencadear sentimentos de revolta e raiva e até mesmo ações extremas. Criar um espaço no qual o respeito mútuo e a empatia sejam valores praticados no cotidiano contribui muito para evitar que adolescentes sintam-se desamparados e busquem refúgio em ideologias e sentimentos nocivos, como a misoginia, o machismo, a discriminação e o rancor.

No entanto, a escola não pode agir sozinha. A família precisa ser um pilar na formação emocional dos adolescentes, mantendo um diálogo aberto e honesto sobre os desafios dessa fase da vida. A série evidencia como os pais de Jamie, apesar de bem-intencionados, não perceberam sua gradual desconexão. Esse afastamento pode ocorrer em qualquer núcleo familiar, independentemente de sua estrutura. Com a influência crescente da internet, é necessário estar muito atento ao que consome o tempo e a mente dos filhos, orientando-os sobre os perigos do mundo digital, sem recorrer a medidas meramente repressivas. Educar pelo exemplo também é fundamental.

A responsabilidade de ensinar e proteger os jovens é compartilhada entre escola e família. Quando ambos os ambientes falham em oferecer suporte emocional e orientação adequada, abre-se um vazio perigoso, que costuma ser preenchido por influências externas condutoras a caminhos destrutivos.

“Adolescência” narra um drama familiar e nos alerta para a necessidade urgente de fortalecermos os laços que ligam os jovens ao mundo físico de seus espaços de convivência. É somente por meio do acolhimento, do diálogo e da educação que poderemos evitar que histórias como a de Jamie se multipliquem. Nesse propósito, a escola é crucial. As instituições de ensino que levam essas questões a sério, com responsabilidade e compromisso, contribuem muito para prevenir o isolamento e reconectar meninos e meninas à realidade.

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