“Em cima do laço” é uma expressão idiomática regional usualmente proferida nas lides do campo para significar quando o fato está para acontecer. Lembrei-me dela ao me preocupar com os acontecimentos que estão convulsionando o já tenso quadro político que a nação vivencia. Tenho para mim estar no meio de uma borrasca com rajadas de ventos soprados por forças organizadas por energias contraditórias e irreconciliáveis, de um lado busca-se o poder e do outro para nele se manter.
Sou dos que tem profundo respeito pelos conceitos rotineiramente expressos pelo festejado cientista político Bolívar Lamounier. Ainda recente em sua coluna no Estadão, Lamounier ressaltou : “Estamos sentados num barril de pólvoras, sem forças para levantar e nem ter para onde correr”. Realmente essa a sensação que a população aflita manifesta a todo momento ao observar essa briga de foice no escuro entre aqueles que em Brasília parecem não mais nos representar.
Nada obstante esta esdrú- xula sensação, algo me alerta que há uma nesga de luz surgindo mercê da recente decisão da Câmara dos Deputados ao negar a autorização para que o Supremo Tribunal Federal apure a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra o primeiro magistrado da nação. Como todos os cidadãos e cidadãs também me senti envolvido por aquele imbróglio político, máxime porque pertenço ao PSDB, partido envolvido por ser parte pri na administração do governo atual.
Aliás, estive sempre contrário à participação tucana no governo, pois sempre entendi que a solidariedade do PSDB deveria ser de apoio integral às propostas das reformas (político-eleitoral, trabalhista, previdenciária, tributária e outras tantas imprescindíveis à modernização de nossas instituições públicas). Jamais ao escandalizante acerto de cúpula que enodoou a legenda tucana.
O que nos resta agora ao vexame com a atuação fratricida do PSDB, denunciando uma inconcebível crise de opinião e valores entre suas lideranças parlamentares testemunhada ao apagar das luzes da histórica sessão do dia 2 de agosto na Câmara dos Deputados, é juntar os cacos e tentar erguer um edifício que represente as verdadeiras razões do partido da social democracia.
No momento as perspectivas são de que perdemos a confiança e a chance de conquistar em 2018 o poder presidencial. As esperanças estão se esvaindo. Resta-nos uma frágil pinguela sobre um caudal revolto. O PSDB ainda possui um programa de propostas que poderão reeerguê-lo, dentre elas ressalto a luta pela implantação do parlamentarismo. É um fato que poderá acontecer.