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OPINIÃO

Ruy Sant’Anna: "Golpe é o escambau. Ao invés de impeachment, cassação"

Jornalista e advogado

Redação

25/09/2015 - 00h00
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Pode crer: o governo Dilma está se atarantado sob a economia desencontrada do Brasil, com a população e a maioria significativa do Congresso contra os aumentos de impostos, ainda mais agora que Lula está sob o foco de possíveis investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Mas, como é da índole mandona e submissão da presidente, a qualquer hora Lula pode aparecer no Palácio “com orientações” para Dilma, sem marcar audiência nem aparecer na lista de audiências. Sem mostrar verdade em mais promessas e com a aprovação popular no rodapé, o atual desgoverno colocou o Brasil na ladeira abaixo.

Existe os contra e os a favor de impeachment ou casacão. Os pela cassação acham perda de tempo o impeachment, pois à cassação bastaria comprovar a ligação de recursos ilícitos na campanha eleitoral e/ou irresponsabilidade fiscal. Existe amparo legal tanto para o impeachment quanto para a cassação. A Lei Federal nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, garante isso no parágrafo 2º do artigo 30-A. A questão está na dinheirama captada como propina pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari para as campanhas eleitorais de 2014. No tremer das pernas, é que dizem que impeachment ou cassação é golpe. Golpe é o escambau. 

O processo de impeachment não é golpe. É só perda de tempo: de acordo com a lei. Se houve captação de recursos ilícitos, o diploma do candidato (ou da candidata, no caso) será cassado. Mas, por vias de não se correr risco, é bom que o povo e Congresso pensem e ajam nas duas possibilidades: impeachment ou cassação do diploma presidencial. O artigo 22 da Lei Complementar nº 64, de 1990, ensina como fazer.

A desgraceira maltrata a população e o governo federal continua em sua busca desesperada por um tributo – ou vários deles – que proporcione mais arrecadação e compense seu excesso de gastos. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acenou com um aumento no Imposto de Renda. Comparou a carga tributária no Brasil e nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e cinicamente disse que nós pagamos menos que eles. Só se “esqueceu” de dizer que as 34 nações que integram a OCDE possuem uma elevada renda per capita e o Índice de Desenvolvimento Humano superior aos demais países. Lá, as nações  são desenvolvidas e os impostos são bem aplicados e se revertem em eficientes serviços públicos. Ao contrário do Brasil, onde os impostos têm servido para eleições perdulárias.

Quem deve tê-la estimulado a falar duro em discursos? Assim ela aparece mais mandona que nunca e, em certos momentos, até atrevida ao afirmar o que não cumpre. Os abraços e apertos de mãos nesses tristes e debochados episódios não deveriam existir em respeito ao sofrimento nacional. A presidente promete às claras, mas, no escuro das consciências raquíticas, o desvio do dinheiro público ainda existe. O Tribunal de Contas da União descobriu que o governo vem retendo os recursos arrecadados com a Cide, que taxa principalmente os combustíveis, e não os está repassando a estados e municípios, como prevê a legislação. Esse imposto e também o IPI (produtos industrializados) e o IOF (operações financeiras) estão na mira de Dilma para terem suas alíquotas elevadas. 

Afinal: presidente, não dá para ser democrata só na hora que interessa. A vida tem regras, por mais que a gente não goste delas. Dilma, em passado distante, não pensava nem atuava em favor da democracia, lutou pelo socialismo trotskista violento e desrespeitava leis. Uma das principais teses de Trotsky é a revolução permanente, assim tenta se esparramar em níveis diversos e diferentes países. Mais ou menos o bolivarismo em que querem meter o Brasil. Hoje, a lei perdoou a todos. Assim, carregamos nossa esperança de melhores dias com impeachment ou cassação, e lhe dou o meu bom-dia, o meu bom-dia pra você.

Editorial

BR-163: enfim, uma nova etapa

A reconstrução da confiança entre a população e as empresas responsáveis pela infraestrutura pública passa, obrigatoriamente, pelo cumprimento rigoroso de metas e prazos

21/05/2025 07h15

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Após anos de incertezas, promessas não cumpridas e frustrações acumuladas, a novela da BR-163 parece enfim caminhar para um desfecho. A rodovia que corta Mato Grosso do Sul de norte a sul terá um novo contrato de concessão. A empresa Motiva, novo nome da CCR, foi a única a se candidatar à tarefa de administrar esse importante eixo logístico do Estado. Em função da falta de concorrência, resta à sociedade acompanhar de perto e cobrar cada cláusula que será assinada.

É evidente que o contrato que está prestes a ser oficializado não representa o cenário ideal, especialmente se considerarmos as expectativas dos sul-mato-grossenses. Após tantos anos convivendo com promessas descumpridas e obras paradas, o sentimento geral da população é de cautela, se não de ceticismo. Ainda assim, diante da necessidade urgente de investimentos em infraestrutura viária, o que foi proposto parece, neste momento, razoável.

Entre os compromissos assumidos pela nova concessão, destaca-se a duplicação de pelo menos 200 quilômetros da BR-163 já nos cinco primeiros anos de contrato. Essa medida é essencial para aumentar a segurança de quem trafega pela rodovia e para garantir maior fluidez ao transporte de cargas e passageiros. Além disso, o alargamento da pista em trechos críticos também está previsto – outro ponto positivo que deve ser valorizado e, mais importante, fiscalizado.

A população de Mato Grosso do Sul já foi penalizada demais com descasos e contratos descumpridos. O que se espera, a partir de agora, é uma mudança de postura. A responsabilidade da empresa concessionária é enorme, mas a responsabilidade dos cidadãos e autoridades públicas de fiscalizar e cobrar também não é menor. O novo contrato precisa sair do papel e se transformar em obras visíveis, concretas e eficazes.

O contrato anterior ficou no passado – e, com ele, um histórico que não deve ser repetido. O presente exige maturidade para olhar para a frente, sem deixar de aprender com os erros cometidos. A reconstrução da confiança entre a população e as empresas responsáveis pela infraestrutura pública passa, obrigatoriamente, pelo cumprimento rigoroso de metas e prazos.

Mato Grosso do Sul tem crescido de forma consistente nos últimos anos. Mas, para que esse crescimento se consolide e se torne sustentável, é urgente que a logística acompanhe o ritmo da economia. Uma BR-163 segura, moderna e eficiente é peça-chave nesse processo. O agronegócio, o setor industrial, o comércio e o turismo dependem diretamente de uma malha viária que funcione.

Portanto, que essa nova etapa da BR-163 seja marcada pelo trabalho sério e pelo respeito à população. O que está em jogo vai muito além de uma concessão: trata-se do futuro de um Estado que quer – e pode – crescer ainda mais.

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ARTIGOS

Sua excelência, a Defensoria Pública

20/05/2025 07h45

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Nesses tempos em que tanto se fala em resiliência, que tal lembrarmos um pouquinho da Defensoria Pública, principalmente porque o mês convida a essa reflexão, já que comemoramos o Dia do Defensor Público, em 19 de maio?

Funcionando inicialmente, na maior parte dos estados brasileiros, como assistência judiciária, além de outras denominações congêneres que recebera, a Instituição, que é uma legítima representante jurídica da população, já percorrera (e ainda percorre) uma via crucis medonha para se firmar. É que todos os avanços até aqui firmados se deram às custas de muito “sangue, suor e lágrimas” (prosaicamente se falando). 

Isso é o que faz dela um exemplo de bravura e de autêntico exemplo de resistência em todo o percurso histórico da Justiça. Por essa razão, a data de 19 de maio tem de ser objeto de reflexão, principalmente porque, mesmo que seja reconhecida constitucionalmente como uma das funções essenciais à Justiça, ainda não lhe foram conferidas, concretamente, todas as prerrogativas previstas, para a obtenção da indispensável “paridade” com as demais carreiras jurídicas.

Para piorar a situação, “vira e mexe” a Defensoria é alvo de potenciais “criações legislativas” mirabolantes, as quais acabam subtraindo de seus membros e, consequentemente, de seu público-alvo, a paz e a segurança jurídica, já tão duramente conquistadas ao longo da existência institucional.

Em tema de conquistas, recentemente, o Projeto de Lei nº 4.015/2023, que foi aprovado no Congresso (Lei nº 15.134/2025), incluindo a Defensoria Pública entre as atividades de risco. Todavia, o presidente da República vetou parte substancial do PL, que continha, por exemplo, maior proteção de informações cadastrais e de dados pessoais dos membros da Defensoria, bem como a inclusão da atividade como de risco permanente, além da possibilidade de especial proteção policial e aposentadoria.

Entretanto, na contramão desses direitos que já deveriam fazer parte (sem favor) das prerrogativas institucionais, os defensores públicos ainda não têm isonomia com as demais funções da Justiça, a exemplo da garantia da vitaliciedade e da sonhada equiparação remuneratória.

De tais garantias e direitos, porém, seus membros já são dignos, há tempos, bastando-se lançar um olhar mais sensato e justo sobre tantos “tijolos” já carregados pelos defensores, para soerguer os muros de dignidade e de justiça daqueles que dos seus serviços dependem.

Ainda assim, guardadas todas as proporções (e desproporções), a carreira de defensor público é, por excelência, uma das que mais atraem os bacharéis em Direito, presentemente, seja pela nobreza e altruísmo de seu exercício, seja pelos auspícios promissores que ela guarda, em tema de realização profissional.

Na última década, o concurso para o cargo de defensor público tem figurado, nacionalmente, como um dos mais cobiçados, com vários certames em andamento por alguns estados da Federação, a exemplo de Alagoas, Amazonas e Pernambuco. Neste último, por exemplo, há 7.645 inscritos para 20 vagas, o que gera uma concorrência de 385.25 candidatos para cada uma daquelas.

Para quem sonhar em trilhar a nobre carreira de defensor público, como eu já dissera em um artigo que publiquei lá pelos idos de 2012, a atividade é fascinante e encantadora. Congratulações e vida longa, portanto, à Defensoria Pública, da qual, honrosamente, sou membro!

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