Artigos e Opinião

ARTIGO

Sibélia Zanon: "Qual o tamanho da sua asa?"

Jornalista, pós-graduada em Jornalismo Literário

Redação

22/08/2015 - 00h00
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Na biologia, a metamorfose é uma mudança na forma e na estrutura do corpo. É um processo vivido por muitos insetos e anfíbios, e tem como propósito o crescimento ou mesmo a transformação da juventude em fase adulta.

Para cada um, a metamorfose tem um tamanho: alguns insetos nascem com as características quase iguais às de um adulto, e a metamorfose consiste no surgimento das asas. Outros passam pela transformação  completa: ovo, lagarta, crisálida e vida adulta, como é o caso da borboleta. 
Na ficção, o tema fez sucesso com Franz Kafka, que criou, no  livro “Metamorfose”, um homem que se transforma num inseto  gigante. Com isso, o escritor fazia uma crítica às imposições da  sociedade: ele comparava a prisão de um homem dentro do corpo de um inseto à prisão que trabalhos burocráticos cotidianos impunham à sua criatividade. 

Mesmo saindo da biologia e da ficção, e entrando na vida prática, ninguém se encontra livre de processos de metamorfose. Pode-se até tentar passar uma vida inteira na mesmice, mas não é um desejo normal. Já viu borboleta querer ser lagarta para sempre? No caso de humanos, simples e mortais, incapazes de  transformar-se em insetos – ainda que se sintam verdadeiros insetos em alguns momentos de sua existência –, a metamorfose desejada é  aquela pensada por povos arcaicos. 

Eles acreditavam na metamorfose como sinônimo do processo de evolução durante uma vida. “Naturalmente, pertencia ao livre-arbítrio de cada um a decisão de evoluir nesta vida ou nada fazer, ou mesmo regredir. Para o pensamento arcaico, o homem tinha uma responsabilidade inalienável com o que fizesse nesta existência”, conta o especialista  em mitologia grega Viktor Salis, no livro “Ócio Criador”. 

Nos insetos, o nascer de asas não ocorre em qualquer momento, mas num bem determinado grau de desenvolvimento. 

Não basta ter a estrutura de inseto para voar, é preciso desenvolver as asas. Essa poderia ser uma comparação com o que fala o escritor  Abdruschin: “Não basta, portanto, trazer dentro de si o espírito  para ser um ser humano, mas sim uma criatura só se torna ser humano, quando deixa atuar dentro de si o espírito como tal!”.

A metamorfose entra, então, aqui como uma ideia de transformação interior, de alimento para a alma, de cultivo do que é  virtude, do desenvolvimento de condições ou tecidos para a  formação das asas.

Para a efetivação de uma grande metamorfose, pode existir o  tempo de preparação como crisálida ou um esforço de libertação,  como o da cigarra rompendo a casca. Libertar-se da casca pode não ser fácil, mas qual o preço de ganhar as asas? 

* Jornalista, pós-graduada em Jornalismo Literário, colaboradora do blog www.literaturadograal.blogspot.com.br

Editorial

Segurança jurídica e o futuro da infraestrutura

Para que os investimentos se consolidem e avancem, é fundamental que haja estabilidade política, respeito aos contratos e previsibilidade regulatória

23/05/2025 07h15

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Diz o velho ditado: “O Brasil não é para amadores”. A frase, tantas vezes repetida, carrega o peso de uma realidade marcada por instabilidades, incertezas e surpresas – nem sempre agradáveis – no cenário político, econômico e jurídico. Mas se há algo que podemos e devemos desejar com firmeza é que o Brasil deixe de ser o país das exceções e improvisos para se tornar um território de bons profissionais. O primeiro passo nessa direção é claro: precisamos de segurança jurídica.

Esse conceito, por vezes abstrato no debate público, ganha forma concreta quando analisamos questões como a infraestrutura e os contratos públicos. Nesse aspecto, maio foi um mês histórico para o Estado de Mato Grosso do Sul. Duas concessões de rodovias foram arrematadas, abrindo um novo capítulo para o desenvolvimento logístico da região. Um passo crucial para destravar o potencial econômico de um estado estratégico para o agronegócio, a indústria e a integração nacional.

A lição do passado, no entanto, serve de alerta. Há pouco mais de uma década, vivemos a mesma empolgação com a concessão da BR-163. À época, o entusiasmo foi engolido por uma sucessão de problemas: a crise econômica, a queda na movimentação da rodovia e a ausência de financiamentos públicos para duplicações. O resultado foi um projeto paralisado e uma frustração generalizada.

Dessa vez, os contratos das novas concessões foram melhor estruturados, com regras claras e compromissos bem definidos. A modelagem foi revista, buscando corrigir as falhas do passado. Ainda assim, o sucesso não depende apenas do papel assinado – depende, sobretudo, da criação de um ambiente estável para que os compromissos sejam honrados. E isso não é responsabilidade apenas do poder público ou das empresas, é um dever de toda a sociedade.

Distensionar o ambiente social é hoje um desafio central. O Brasil vive um momento de polarização política intensa que contamina instituições e dificulta a construção de consensos mínimos. A radicalização, além de ameaçar a convivência democrática, enfraquece a segurança jurídica. Qualquer tentativa de romper o status quo sem diálogo aprofunda incertezas e compromete a confiança nos acordos firmados.

Para que os investimentos se consolidem e avancem, é fundamental que haja estabilidade política, respeito aos contratos e previsibilidade regulatória. A lógica da insegurança espanta investidores e desacelera o progresso. A infraestrutura não é feita apenas de asfalto e concreto: é feita também de confiança e compromisso com a legalidade.

O Brasil precisa romper com o ciclo do improviso. Precisamos reafirmar que as regras do jogo devem ser respeitadas, independentemente de quem esteja no poder. Isso vale para as concessões, para os contratos, para a vida institucional. Um país de bons profissionais é, antes de tudo, um país que honra seus compromissos. Mato Grosso do Sul deu um passo importante. Agora, cabe a todos nós garantir que esse passo seja sustentado por um solo firme: o solo da segurança jurídica.

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ARTIGOS

Direitos, obrigações e informações no Imposto de Renda do trabalhador

21/05/2025 07h45

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Com o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda se aproximando, é essencial que os trabalhadores brasileiros compreendam suas obrigações fiscais e se atentem aos direitos que podem ser exercidos para otimizar a declaração. Erros simples no preenchimento podem resultar em multas, enquanto o uso adequado das deduções previstas em lei pode representar economia significativa e até aumento na restituição.

A declaração do Imposto de Renda deve ser encarada como um exercício de responsabilidade financeira. Com organização e apoio técnico, o trabalhador pode transformar uma obrigação em uma oportunidade de recuperar valores pagos a mais e manter sua situação fiscal regularizada.

Estão obrigados a declarar o Imposto de Renda em 2025 todos os contribuintes que em 2024 tiveram rendimentos tributáveis superiores a R$ 33.888,00. Também devem declarar aqueles que receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte superiores a R$ 200 mil; realizaram operações em Bolsa de Valores; possuem bens e direitos cujo valor total seja superior a R$ 800 mil; ou exerceram atividade rural com receita bruta superior a R$ 169.440,00.

Uma das principais novidades deste ano se refere à tributação de investimentos no exterior. A partir de agora, passa a valer uma alíquota única de 15% sobre os ganhos obtidos com ativos fora do País, como ações, fundos e imóveis. Foi extinta a isenção que existia para vendas mensais abaixo de R$ 35 mil, o que exige maior atenção por parte dos investidores. Será possível compensar prejuízos obtidos no exterior com lucros futuros, o que pode reduzir a carga tributária. A Receita Federal também passa a exigir que todos os investimentos fora do País sejam informados com mais detalhes na declaração, incluindo tipo de ativo, valores e resultados.

A declaração pode ser uma oportunidade para reduzir a carga tributária de forma legal. O contribuinte pode deduzir despesas médicas, sem limite de valor, além de gastos com educação do próprio contribuinte ou de seus dependentes, limitados a R$ 3.561,50 por pessoa. Também podem ser abatidas contribuições à previdência privada no modelo PGBL, pensão alimentícia judicialmente definida e a inclusão de dependentes legais, que geram deduções automáticas por CPF.

A principal causa de retenção na malha fina continua sendo a omissão de rendimentos ou o preenchimento incorreto de informações. Contribuintes com mais de uma fonte pagadora ou que recebem valores como pensão ou aluguel devem redobrar a atenção. É obrigatório informar o CPF de todos os dependentes, inclusive crianças, e manter arquivados os comprovantes de todas as informações prestadas na declaração por, no mínimo, cinco anos – prazo em que a Receita Federal pode solicitar comprovações ou iniciar uma auditoria.

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