Artigos e Opinião

Crônica

Theresa Hilcar: "Onde nós estamos?"

Theresa Hilcar: "Onde nós estamos?"

Redação

29/09/2015 - 00h00
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Tudo na vida é uma questão de perspectiva. Se nosso olhar mudar o ângulo, tudo vai mudar. Das coisas mais prosaicas, aos questionamentos morais e filosóficos, até chegar ao cerne de  tudo: o significado da nossa existência. 

Com um pouco de curiosidade, abertura intelectual,  até mesmo os céticos e empedernidos podem se render ao fato. Comigo não precisou de muito. Faz tempo que aprendi – por vias tortas, devo confessar – que o mundo não é apenas esta terra em que pisamos. 

Tampouco o universo limita-se a um céu que vemos com sol e lua e algumas estrelas. Sempre imaginei que existissem mais coisas entre o céu e a terra que nossa vã filosofia imagina.

Depois de assistir ao documentário da BBC, na Netflix, chamado “Which Universe Are We In?”,  descobri que minha imaginação tinha algo de real. No filme, cientistas de renomadas universidades, de várias partes do mundo, discutem os novos indícios a favor da teoria de que  nosso universo é composto de infinitos mundos, um multiverso em expansão, como designam. 

Ou seja, não sabemos nem onde estamos de verdade, tantas são as possibilidades no cosmos (outro documentário interessante). Durante um dos retiros de meditação, meu guru, Sri Prem Baba, indicou que vivemos numa espécie de Matrix. Ou seja, nada é o que parece. E de nada adianta nos apegarmos às situações, porque elas simplesmente não estão no presente. Ou estão no  passado ou no futuro. 

Um dos maiores pensadores de todos os tempos, o armênio Gurdjieff já disse que ninguém atravessa o mesmo rio duas vezes. Porque ele, o rio, não será mais o mesmo. Ou seja, pode ser que eu nem esteja mais escrevendo. Nem você lendo.

Para quem conseguiu chegar até este ponto do texto, isto pode parecer exótico demais. Talvez semelhante à sensação das pessoas quando Copérnico começou a dizer que a Terra não era o centro do mundo. As ideias inovadoras e os gênios sempre parecem loucos na sua época. Não por acaso, Giordano Bruno foi queimado vivo numa fogueira. Mas, na época, as pessoas não dispunham da tecnologia que temos hoje. 

Era difícil acreditar em algo que não podia se ver apenas com os olhos. No documentário “Which Universe Are We In?”, os cientistas afirmam que somos uma partícula ínfima no cosmos. Teorias combinadas com a descoberta do que ocorre em níveis microscopicamente quânticos dão a eles a certeza de que esta possibilidade é uma revolução no campo da Ciência e, claro, uma revolução para o ser humano. 

De repente, toda a minha vida parece fazer sentido. E foi preciso apenas conhecer o outro lado  dos fatos – junto, claro, à minha disposição para absorver novos conhecimentos. Eu, você e todo mundo não passamos de poeira cósmica.  Mas, via de regra, nós nos comportamos como reis da cocada. Acreditamos que somos o umbigo do mundo. Ao contrário daqueles que  acreditaram que tudo girava em torno da Terra, nós acreditamos que tudo gira ao nosso redor. 

Por isto reclamamos de tudo e de todos, durante todo o tempo. Porque acreditamos que todos são responsáveis pelo nosso mal-estar. E pior, acreditamos que tudo é verdade. Acreditamos  em tudo que vemos e sentimos. Não reconhecemos dentro de nós a sombra (the dark side) que, volta e meia, nos aterroriza e nos acusa. Aceitar que somos minúsculos,  microscópicos, pode nos dar a exata dimensão do que estamos fazendo com a vida que temos agora. Ou seja, nada. Ou quase nada. Se a gente apenas respirar, de forma consciente, e olhar o silêncio, pode ser que as coisas mudem, que o nosso mundo mude. Mesmo que isto não faça a menor diferença no universo. Continuamos.

 

Editorial

Segurança jurídica e o futuro da infraestrutura

Para que os investimentos se consolidem e avancem, é fundamental que haja estabilidade política, respeito aos contratos e previsibilidade regulatória

23/05/2025 07h15

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Diz o velho ditado: “O Brasil não é para amadores”. A frase, tantas vezes repetida, carrega o peso de uma realidade marcada por instabilidades, incertezas e surpresas – nem sempre agradáveis – no cenário político, econômico e jurídico. Mas se há algo que podemos e devemos desejar com firmeza é que o Brasil deixe de ser o país das exceções e improvisos para se tornar um território de bons profissionais. O primeiro passo nessa direção é claro: precisamos de segurança jurídica.

Esse conceito, por vezes abstrato no debate público, ganha forma concreta quando analisamos questões como a infraestrutura e os contratos públicos. Nesse aspecto, maio foi um mês histórico para o Estado de Mato Grosso do Sul. Duas concessões de rodovias foram arrematadas, abrindo um novo capítulo para o desenvolvimento logístico da região. Um passo crucial para destravar o potencial econômico de um estado estratégico para o agronegócio, a indústria e a integração nacional.

A lição do passado, no entanto, serve de alerta. Há pouco mais de uma década, vivemos a mesma empolgação com a concessão da BR-163. À época, o entusiasmo foi engolido por uma sucessão de problemas: a crise econômica, a queda na movimentação da rodovia e a ausência de financiamentos públicos para duplicações. O resultado foi um projeto paralisado e uma frustração generalizada.

Dessa vez, os contratos das novas concessões foram melhor estruturados, com regras claras e compromissos bem definidos. A modelagem foi revista, buscando corrigir as falhas do passado. Ainda assim, o sucesso não depende apenas do papel assinado – depende, sobretudo, da criação de um ambiente estável para que os compromissos sejam honrados. E isso não é responsabilidade apenas do poder público ou das empresas, é um dever de toda a sociedade.

Distensionar o ambiente social é hoje um desafio central. O Brasil vive um momento de polarização política intensa que contamina instituições e dificulta a construção de consensos mínimos. A radicalização, além de ameaçar a convivência democrática, enfraquece a segurança jurídica. Qualquer tentativa de romper o status quo sem diálogo aprofunda incertezas e compromete a confiança nos acordos firmados.

Para que os investimentos se consolidem e avancem, é fundamental que haja estabilidade política, respeito aos contratos e previsibilidade regulatória. A lógica da insegurança espanta investidores e desacelera o progresso. A infraestrutura não é feita apenas de asfalto e concreto: é feita também de confiança e compromisso com a legalidade.

O Brasil precisa romper com o ciclo do improviso. Precisamos reafirmar que as regras do jogo devem ser respeitadas, independentemente de quem esteja no poder. Isso vale para as concessões, para os contratos, para a vida institucional. Um país de bons profissionais é, antes de tudo, um país que honra seus compromissos. Mato Grosso do Sul deu um passo importante. Agora, cabe a todos nós garantir que esse passo seja sustentado por um solo firme: o solo da segurança jurídica.

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ARTIGOS

Direitos, obrigações e informações no Imposto de Renda do trabalhador

21/05/2025 07h45

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Com o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda se aproximando, é essencial que os trabalhadores brasileiros compreendam suas obrigações fiscais e se atentem aos direitos que podem ser exercidos para otimizar a declaração. Erros simples no preenchimento podem resultar em multas, enquanto o uso adequado das deduções previstas em lei pode representar economia significativa e até aumento na restituição.

A declaração do Imposto de Renda deve ser encarada como um exercício de responsabilidade financeira. Com organização e apoio técnico, o trabalhador pode transformar uma obrigação em uma oportunidade de recuperar valores pagos a mais e manter sua situação fiscal regularizada.

Estão obrigados a declarar o Imposto de Renda em 2025 todos os contribuintes que em 2024 tiveram rendimentos tributáveis superiores a R$ 33.888,00. Também devem declarar aqueles que receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte superiores a R$ 200 mil; realizaram operações em Bolsa de Valores; possuem bens e direitos cujo valor total seja superior a R$ 800 mil; ou exerceram atividade rural com receita bruta superior a R$ 169.440,00.

Uma das principais novidades deste ano se refere à tributação de investimentos no exterior. A partir de agora, passa a valer uma alíquota única de 15% sobre os ganhos obtidos com ativos fora do País, como ações, fundos e imóveis. Foi extinta a isenção que existia para vendas mensais abaixo de R$ 35 mil, o que exige maior atenção por parte dos investidores. Será possível compensar prejuízos obtidos no exterior com lucros futuros, o que pode reduzir a carga tributária. A Receita Federal também passa a exigir que todos os investimentos fora do País sejam informados com mais detalhes na declaração, incluindo tipo de ativo, valores e resultados.

A declaração pode ser uma oportunidade para reduzir a carga tributária de forma legal. O contribuinte pode deduzir despesas médicas, sem limite de valor, além de gastos com educação do próprio contribuinte ou de seus dependentes, limitados a R$ 3.561,50 por pessoa. Também podem ser abatidas contribuições à previdência privada no modelo PGBL, pensão alimentícia judicialmente definida e a inclusão de dependentes legais, que geram deduções automáticas por CPF.

A principal causa de retenção na malha fina continua sendo a omissão de rendimentos ou o preenchimento incorreto de informações. Contribuintes com mais de uma fonte pagadora ou que recebem valores como pensão ou aluguel devem redobrar a atenção. É obrigatório informar o CPF de todos os dependentes, inclusive crianças, e manter arquivados os comprovantes de todas as informações prestadas na declaração por, no mínimo, cinco anos – prazo em que a Receita Federal pode solicitar comprovações ou iniciar uma auditoria.

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