Não obstante o fracasso econômico do socialismo marxista e a imensidão dos crimes que exibiu, há na América do Sul um esforço, da parte de seus aficionados, para chegar e manter o poder. A ideologia onipotente que a tudo pode e autoriza pela causa, que ainda representaria “a marcha de história” e da humanidade para sua redenção, parece funcionar para sua militância como uma droga funciona para os drogadictos.
Os usuários de droga superam magicamente suas dificuldades existenciais, carências e depressões, tornando-se, através dela, acima do bem e do mal. Daí a dificuldade em resgatá-los de seu caminho trágico. Se os mais “normóticos” dificilmente abrem mão de suas “mumunhas” que, aparentemente, só dão dissabores, que esperar dos vícios ideológicos que transformam míseros mortais em deuses onipotentes?
Mas o “auto-endeusamento não é um fenômeno moderno. Cromwelt, líder puritano que executou o rei da Inglaterra, admirava-se de como suas ações correspondiam aos desejos de Deus. Dentre os povos pré-colombianos, a elite religiosa, o Rei-Deus, sacrificavam milhares de jovens, arrancando-lhes os corações, conforme isso tivesse sentido para a manutenção do poder.
Os envolvidos têm o direito de mostrar mais indignação com a divulgação dos fatos que a Nação com os crimes em si. Eles e a militância que lhes dá cobertura parecem autistas, inatingíveis, donos absolutos da verdade. Para eles, a Nação deveria olhar para o outro lado, recolher-se a sua insignificância, enquanto os deuses do Olimpo socialista passeia sua amoralidade. Parece que a Nação que tem de pedir desculpas.
Mas esse autismo, leitor, essa onipotência, não foi inventada aqui, parece própria da “droga ideológica “ em questão. A Senadora Ingrid Betencourt, todos deveriam ler seu livro, discorre sobre o autismo ideológico de seus captores, que parece ser exatamente igual ao que os irmãos de fé aqui exibem. Mas há ainda nessa “tribo historicista” (condutores da História...) os que são simplesmente aproveitadores para se tornarem os “novos ricos da Nação”. Curioso é que os “autistas ideológicos autênticos” fecham os olhos à presença dos milionários oportunistas em seu Partido, mostrando que não há essa contradição moralista. O próprio Lenine já dizia que os ricos ao somarem com o regime comunista eram como fabricantes das cordas com que seriam enforcados.
Isso tudo faz crer que a história pode se repetir em muitos aspectos, com avanços e recuos da democracia, no seu confronto com as perversões do poder. O regime totalitário instalado na metade do mundo, há menos de 30 anos, foi por água abaixo. Será que nós o veremos firmar-se nos arreios em terras brasileiras, justamente quando nosso povo, por sua ousadia e trabalho árduo, que não vem de hoje, consegue superar suas maiores dificuldades?
Quando estamos longe das grandes crises que levam as massas ao desespero e às aventuras totalitárias? Será que somos um povo tão sem sabedoria assim? Que pecado teríamos que pagar, para atrelarmos nosso destino a uma ideologia insana, cruel, desumana? Breve teremos resposta, que os espíritos de Tancredo, Juscelino, Ulisses Guimarães e outros dignos democratas nos iluminem. Amém.