Artigos e Opinião

ARTIGO

Venildo Trevizan: "Amor de pai"

Frei

Redação

12/08/2017 - 02h00
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Todo o relacionamento inicia num primeiro olhar. Poderá ser um olhar de dúvida, de insegurança, de curiosidade ou de interesse. Seja qual for a intenção, sempre transmitirá alguma mensagem e receberá alguma resposta. Nada acontece por acaso e nada ficará sem consequências. Tudo tem um sentido e tudo tem um endereço. 

O relacionamento do pai com o filho é bem diferente do relacionamento da mãe. O relacionamento da mãe se manifesta mais no mundo da afetividade, do aconchego e da intimidade. É um relacionamento extremamente amoroso, intuitivo e criativo.

O relacionamento do pai visa mais o campo racional, buscando sempre posicionar o filho em face das possibilidades profissionais, sociais e políticas. O pai quer o filho vencedor. Incentiva a estudar e a buscar sempre o melhor e o mais rendoso. Quer ainda ver o filho entre os melhores, entre os mais bem-sucedidos. Não espera frustração nem derrota.

Mas nem todos são assim. Infelizmente, existem pais um tanto apagados em sua personalidade. Existem os que não querem reconhecer a própria paternidade. Existem os que preferem fugir sem deixar sinal algum de pertença e de responsabilidade. E as consequências se manifestarão nas atitudes e nos comportamentos desses filhos. Infelizmente, muitos seguirão os caminhos da dependência química ou de provocadores de desordens sociais.

Mas, para a alegria nossa, existem muitos pais conscientes e determinados em sua missão. São homens que acreditam na vocação, estudam e aprendem a amar. E fazem desse amor a razão da alegria e da esperança de suas famílias. São homens que olham cada filho como uma dádiva de Deus e como uma obra a ser trabalhada e aprimorada para se tornar prêmio de um esforço feliz e continuado.

Esses são homens que enfrentam com bom humor as dificuldades e os imprevistos que surgirem pelo caminho. Mesmo que haja momentos de escuridão, alimentarão a esperança de que, após uma noite escura, há de vir um dia de sol. São homens de fé. Acreditam ser possível superar as dificuldades, vencer os obstáculos e cultivar o otimismo.

Esses são homens de esperança. Mesmo que nem tudo corresponda ao planejado, mesmo que nem tudo seja alegria, veem ser possível encarar a vida como se apresenta e dar sua contribuição sincera para torná-la mais amena e mais aconchegante.

Esses são homens que encontram tempo e espaço para cultivar a intimidade com Deus, colocando em prática os valores do cristianismo e fortalecendo as virtudes próprias da vida matrimonial. Não têm medo das dificuldades. Não têm medo do amanhã. A cada dia, concorrem com seu dinamismo e com sua esperança. 

Esses são homens de amor. Sabem fazer dele motivo de aperfeiçoar o relacionamento com a família e com Deus. Sabem fazer dele o alimento diário de seus filhos. Sabem fazer dele uma proteção segura e uma bênção feliz de Deus em sua família.

Esses são homens de Deus. Consagram o humano ao divino e trazem o divino para santificar o humano. Fazem de si mesmos uma presença alegre e feliz de Deus em seu lar.

ARTIGOS

Poderá existir anistia aos atentados de 8 de janeiro?

29/11/2024 07h45

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O almirante ateniense Trasíbulo (440 a.C.) derrotou os 30 tiranos trazendo um exército inicial de 60 homens de Tebas e, depois da vitória, fez os atenienses que estavam divididos se reconciliarem.

A ele é atribuído o nascimento ou significado da palavra anistia (amnesia), dada aos atenienses ao editar lei concedendo o perdão àqueles que cometeram delitos, em nome do fortalecimento da paz.

A concessão de perdão ao longo da história sempre nos revela a existência de tensões sociais sobre as quais o perdão incidirá, resolvendo-as ou evitando-as.

No Brasil, são causas extintivas da punibilidade segundo a ordem penal: a) a morte do agente; b) a anistia, a graça e o indulto; c) a abolição do crime; d) a prescrição, a decadência ou a preempção; e) a renúncia ou o perdão, entre outros.

Fala-se que haveria uma disposição do Congresso Nacional de anistiar diversos fatos punidos recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alguns deles, supõe-se, teriam, na visão do mesmo STF, atentado contra a ordem constitucional ou o Estado Democrático.

Caso de fato o Congresso decida praticar a anistia nesse último caso, certamente haverá reação de alguns partidos políticos que baterão às portas do STF indicando a proibição de anistia para aqueles que atentaram contra o regime democrático.

Novo contencioso se criará, porquanto há os que veem nos atentados de 8 de janeiro um movimento ordenado, um tipo de vandalismo, visando sobretudo a destruição do patrimônio público nacional, mas não propriamente um golpe de estado ou contra as instituições. Já há outros que enxergam no ocorrido um verdadeiro golpe em sentido mais amplo da palavra.

Quem está com a razão? E mais: qual a solução que melhor atende ao interesse social? A anistia ou a punição dos infratores à ordem jurídica?

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Reforma do Imposto de Renda e o pacote fiscal: impactos para o contribuinte e as contas públicas

29/11/2024 07h30

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A proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), peça central do pacote fiscal do governo, chega em um cenário de incertezas econômicas. No dia do anúncio, o dólar atingiu R$ 5,91, o maior valor nominal da história, evidenciando as preocupações do mercado com o equilíbrio fiscal. A reforma busca isentar quem ganha até R$ 5.000 por mês e introduzir alíquotas progressivas para rendas acima de R$ 50.000, marcando uma tentativa de ajustar a tributação à realidade socioeconômica e reforçar a credibilidade do governo junto ao mercado.

Impactos e benefícios: a ampliação da faixa de isenção beneficia diretamente cerca de 26 milhões de brasileiros, reduzindo a carga tributária para outros milhões. Atualmente, quem ganha até R$ 2.824 está isento, e a proposta dobra essa faixa. Para rendas entre R$ 5.000 e R$ 7.500, um abatimento parcial foi proposto para minimizar o impacto.

Apesar do alívio, a renúncia fiscal projetada é significativa, variando entre R$ 35 bilhões e R$ 45 bilhões anuais, conforme estimativas da Receita Federal e de entidades como a Unafisco. O desafio está em garantir que os mecanismos compensatórios sejam suficientes para evitar desequilíbrios no orçamento público.

Compensação tributária: o governo propõe uma taxação progressiva para quem ganha acima de R$ 50.000 mensais, com alíquotas que variam entre 5% e 10%. As rendas isentas, como dividendos, serão incluídas no cálculo, aumentando a base de contribuição. Embora apenas 100 mil pessoas sejam impactadas por essas alíquotas mais altas, essa estratégia visa compensar a perda de arrecadação gerada pela isenção. Contudo, há riscos: a concentração da compensação em um grupo pequeno pode limitar os ganhos fiscais, enquanto a complexidade do sistema aumenta a necessidade de fiscalização eficiente.

Conexão com o pacote fiscal: a reforma do IR é uma das ações do pacote fiscal que pretende reduzir R$ 70 bilhões em despesas até 2026. Medidas como contenção de salários no funcionalismo e ajustes previdenciários complementam a estratégia para sinalizar compromisso com a sustentabilidade fiscal. Entretanto, o contraste entre uma isenção tributária de grande impacto e o discurso de austeridade pode gerar tensões. A eficácia dessas mudanças depende do crescimento econômico e da eficiência na execução administrativa.

Desafios operacionais: a transição para o novo sistema requer atenção para evitar distorções. Rendas ligeiramente acima de R$ 5.000 podem enfrentar aumentos abruptos de carga tributária caso o abatimento não seja suficiente, desestimulando avanços econômicos em faixas limítrofes. Além disso, incluir rendas atualmente isentas, como dividendos, demanda estratégias claras para evitar evasão fiscal e resistências de setores econômicos.

Considerações finais: a reforma do IR, inserida em um pacote fiscal estratégico, combina esforços para corrigir distorções tributárias e assegurar a sustentabilidade das contas públicas. No entanto, sua implementação carrega incertezas e desafios significativos. A renúncia de R$ 35 bilhões a R$ 45 bilhões anuais e a dependência de um pequeno grupo de contribuintes para compensar essa perda tornam a proposta especialmente sensível à eficácia da administração tributária e à capacidade de fiscalização.

Além disso, ajustes precisos serão necessários para evitar impactos desproporcionais em faixas de renda próximas à nova isenção, o que exige o aperfeiçoamento dos mecanismos de abatimento. A inclusão de rendas anteriormente isentas no cálculo das alíquotas progressivas para os mais ricos, embora bem fundamentada, pode ampliar a complexidade do sistema e gerar resistências, destacando a necessidade de clareza nas regulamentações e de um acompanhamento contínuo.

A conexão com o pacote fiscal mais amplo também ressalta a importância de articular essas mudanças com outras medidas de contenção de gastos e estímulo econômico. O sucesso da reforma dependerá da harmonia entre a arrecadação prevista, os cortes propostos e o desempenho da economia. Falhas de execução ou desvios no planejamento podem comprometer tanto o impacto fiscal quanto os objetivos de justiça tributária.

Portanto, a reforma deve ser tratada como parte de um processo contínuo, que exigirá monitoramento constante e ajustes com base nos resultados. O próximo cenário econômico será crucial para determinar se as medidas anunciadas conseguirão alinhar sustentabilidade fiscal, redistribuição de renda e competitividade econômica de forma eficiente.

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