Artigos e Opinião

ARTIGO

Venildo Trevizan escreve sobre: "Amor de pai"

Frei

Redação

08/08/2015 - 00h00
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Costumamos destacar e valorizar o amor de mãe. A esse amor atribuímos valores e grandezas edificantes. Nada mais sagrado, nada mais sublime do que o amor de mãe. E onde fica o amor de pai? Será que o pai não ama tanto quanto a mãe? Ou até mais?

Sabemos que a origem do homem e da mulher é uma só. Ambos são criados à imagem e semelhança de Deus. Mas cada qual com características próprias, com sua índole pessoal e com seus dons específicos. Ambos necessitando amar e ser amados para concretizarem sua vocação e sua presença no mundo.

O amor de mãe é conhecido de todos. É um amor intuitivo, emotivo e bastante possessivo. A verdadeira mãe não quer jamais perder a posse e a guarda dos filhos. Para ela os filhos não deveriam crescer e nem se independizar. Deveriam permanecer bem junto a ela. Já que não há possibilidade de guardá-los no ventre, quer guardá-los no coração e nas mãos.

O amor de pai já é um amor mais racional e silencioso. O pai revela seu amor através de atitudes de apoio às iniciativas do filho incentivando-o a realizar descobertas de novos caminhos e de novos projetos. Sentir-se-á amado pelo filho quando corresponder a seus planos e desejos.

Sentir-se-á contrariado, e até desgostoso, quando o filho tomar outro rumo, ou assumir outra profissão que não seja do desejo do pai. E será muito difícil aceitar essa atitude e essa decisão. E o pai guardará no silêncio do coração essa contrariedade e essa mágoa, sabendo que pouco ou nada poderá fazer para convencer o filho em  mudar de idéia.

O amor de pai é tão verdadeiro quanto o amor de mãe. Expressões diferentes, atitudes diferentes, mas o amor será sempre uma maneira nobre de transmitir ao filho a riqueza e a grandeza do sentimento paterno e materno. É o desejo de sempre se orgulhar por aquilo que conseguir transmitir e herdar. 

E o orgulho consistirá na certeza de ver o filho vitorioso e vencedor. Nisso verá coroado o seu amor e o seu empenho em ter incentivado o filho a trabalhar e lutar para conquistar um lugar de honra na sociedade.

O amor de pai não será apenas um amor sentimental e um amor humano. Ele será tambem um amor divino e sagrado. Pois o verdadeiro pai será aquele que todos os dias se colocará na presença de Deus Pai para agradecer o milagre de ser pai e de conseguir transmitir um pouco dessa paternidade aos filhos.

Em sintonia com a sabedoria de Deus é que o pai conseguirá respeitar a índole e a iniciativa de cada filho. E ficará na torcida para que cada filho faça o melhor e consiga o mais perfeito em seus planos e em sua vida.

O amor de Pai deverá ser tambem um meio de revelar aos filhos o tão grande e maravilhoso amor que Deus Pai tem por todos nós. Um amor compassivo, um amor apaixonado e um amor misericordioso.

O amor de pai só será autêntico enquanto estiver em sintonia com o amor de mãe. Ambos serão responsáveis em assegurar aos filhos que é na união e na fidelidade que se constrói o verdadeiro amor e a tão sonhada felicidade.

EDITORIAL

Segurança pública sem atalhos eleitorais

Debater segurança pública é fundamental, mas é preciso fazê-lo com seriedade, responsabilidade e foco no resultado, não no palanque

14/11/2025 07h15

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A segurança pública caminha para ser o tema central das próximas eleições, segundo indicam as pesquisas de opinião. Não é difícil entender por que: trata-se de um assunto que impacta diretamente o cotidiano das pessoas, seja na porta de casa, no transporte público, no comércio ou simplesmente no uso do celular na rua.

Mas, ao mesmo tempo em que o interesse do eleitorado sobre o tema é saudável, há nuances e preocupações que precisam ser observadas antes que o debate eleitoral transforme um problema complexo em slogans simplistas.

É positivo que a segurança pública ocupe espaço nas discussões políticas. O Brasil precisa falar mais sobre isso – e com profundidade. O risco, porém, é o debate ser capturado pelo marketing pré-eleitoral, de um lado ou de outro, e reduzido a frases de impacto, promessas imediatistas e propostas que servem mais para construir palanques do que para enfrentar as causas da violência.

Quando a discussão se torna enviesada, quem perde é o cidadão, que precisa de soluções reais, e não de disputas para ver quem “aparece na foto” por ter feito algo pela segurança.

Exemplo recente disso é a corrida pela aprovação de leis mais duras contra facções criminosas. É inegável que o País demorou a adotar mecanismos mais firmes para punir lideranças e integrantes dessas organizações.

No entanto, aprovar medidas em regime de urgência para atender ao calendário político é motivo de alerta. Projetos importantes, especialmente aqueles que alteram o sistema penal, não podem ser tratados como troféus de campanha.

Há consenso de que penas mais rígidas, ampliação do regime fechado e regras mais severas de cumprimento podem ajudar. A questão é outra: existe infraestrutura no sistema prisional para absorver essas mudanças? Estados e União têm condições de implementar as novas exigências?

A realidade das prisões brasileiras – superlotadas, sem controle efetivo e muitas vezes dominadas pelas próprias facções – deixa clara a dimensão do desafio. Endurecer a lei sem reformar o sistema pode significar apenas transferir o problema de um papel para outro.

Outro ponto sensível diz respeito à polêmica sobre o fim dos bloqueios de bens de integrantes de organizações criminosas. Estudos mostram que sufocar financeiramente as facções é uma das estratégias mais eficazes para desmontar suas operações.

Por isso, é legítima a pergunta: a quem interessa flexibilizar ou enfraquecer esse instrumento? Sem rastrear e impedir o fluxo de dinheiro, qualquer política de enfrentamento perde força.

Também é preciso reconhecer que segurança pública envolve percepção e varia de acordo com cada realidade.

O Brasil é um país de contrastes: há estados onde a população circula com relativa tranquilidade e outros em que portar um celular pode representar risco. Ignorar essas diferenças produz políticas genéricas, incapazes de responder às necessidades locais.

Debater segurança pública é fundamental. Mas é preciso fazê-lo com seriedade, responsabilidade e foco no resultado, não no palanque.

O País precisa de um combate efetivo às organizações criminosas, e não de leis apressadas que criem zonas de insegurança jurídica ou, pior, acabem fortalecendo o crime que pretendem combater. O tema é urgente demais para ser tratado como ferramenta de campanha.

ARTIGOS

Os quatro cuidados fundamentais

Quando nos esquecemos, por um certo tempo, de um desses cuidados, uma sombra se alonga e um vazio se estabelece

12/11/2025 07h45

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Não importa a idade. Não importa o estado de saúde. Não importa nem mesmo a distância. Não importa a classe social ou o nível de parentesco. Cuidar do outro foi a condição para a sobrevivência do ser humano como espécie e é, hoje, a condição fundamental para a nossa existência como indivíduos.

Quando nos esquecemos, por um certo tempo, de um desses cuidados, uma sombra se alonga e um vazio se estabelece. De todos os males que existem no mundo, o pior é o mal da indiferença. No entanto, é o mais fácil de curar. Basta o exercício destes cuidados, a saber:

Olhar – Olhar nos olhos, não desviando nunca o olhar. Olhar com interesse, que é a vontade de estar ali, naquele momento e naquele lugar. Olhar com os olhos vivos de expressão, brilhantes de alegria pela oportunidade de poder pousar os olhos naquele rosto, naquele outro ser. Olhar com gosto de quem sabe que, dos prazeres da vida, o contato humano é um dos mais intensos.

Ouvir – Esse que é o nosso primeiro e último sentido, define quem somos, porque somos o que os outros ouvem de nós. Se ninguém me ouvir, é como se eu não existisse, como se fosse um saco de papel movido pelo vento, fazendo piruetas na tarde quente e poeirenta. Então, ouvir, sem distração, capturando cada palavra (enquanto o olhar captura os gestos), cada modulação, cada interrupção, cada silêncio entre as palavras que são ditas. Ouvir para que o outro saiba que existe para mim, por meio de suas palavras (risos, soluços, gemidos) e por meio da minha atenção.

Tocar – Para que a voz e o olhar ganhem a materialidade de uma mão amiga. Tocar de leve, como quem oferece equilíbrio ou repouso. Tocar para dizer que está aqui, próximo, presente. O toque pode ser profundo, como os lábios que encostam no topo da cabeça de mãe. Pode ser brincalhão, despenteando os cabelos da criança que ri segura e feliz. Pode ser íntimo, apaixonado, como os lábios que se encontram enquanto o corpo treme. Pode ser forte, intenso, como as mãos que se apertam depois de acordo firmado, da promessa assumida. Pode ser tímido, tênue, quase transparente, no flerte que começa uma nova história de encontros.

Dizer – Escolhendo as palavras, o tom, o ritmo. Dizer o que é melhor para apaziguar, para transformar as palavras em um remanso, uma rede de varanda, uma sombra de árvore. Ou para tornar as palavras um sol de meio-dia, um frevo, um almoço com comida de panela de barro e fogão a lenha. Dizer com palavras que carregam o fio do tecido de sua própria alma e vão construindo uma tessitura comum, nascendo novas imagens e coisas das palavras conhecidas, mas coladas de um jeito diferente dessa vez. Dizer, prestando atenção ao efeito do dito no olhar, nas rugas do rosto, no enrijecer ou no tranquilizar do corpo, cujo contato com nosso corpo se faz por meio da mão, do braço, dos lábios, da parte que se desejar.

Esses quatro cuidados fundamentais existem na quantidade e oportunidade que quisermos e pudermos oferecer. Se somos sovinas, os afetos tristes predominam. E são inúmeros os caminhos do adoecer.

Mas olhar, ouvir, tocar e dizer, se não faz milagre, chega muito perto da magia. A magia de cuidar de alguém.

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