Para muitos a vida se parece com um doloroso calvário. O sofrimento causado por algum acontecimento estranho dói no fundo da alma e provoca uma angústia mortal por aquilo que ainda poderá acontecer. Geralmente pensa no pior. Dificilmente se conforma com a realidade.
Muitas pessoas, além da inconformidade, passam a perturbar muitas vezes pessoas que nada tem a ver com seu caso. Mas a situação interior se torna uma verdadeira tempestade de reclamações e de insatisfações. Pensam com isso atrair a piedade dos demais. São pessoas insatisfeitas consigo, com os demais e com o próprio Deus.
O mais difícil será fazer com que encarem essa realidade com os olhos da Fe e não com os do pessimismo, com os olhos da esperança e não com os do desânimo, com os olhos do amor e não com os do desespero. Só então encontrarão um lenitivo para suas dores e uma luz otimista para seu caminho. O sofrimento não é para deprimir, mas para amadurecer.
O Mestre dos mestres transmite a seus seguidores a necessidade de agir com maturidade e com coragem perante a realidade. Não esconde a seriedade dos fatos. Fala claramente a esses seus seguidores para que não se decepcionem quando os anúncios se concretizarem. Informa corajosamente que está se dirigindo a Jerusalém. E lá irá sofrer muito da parte dos doutores da lei e dos anciãos do povo. E irá ser morto, mas ressuscitará ao terceiro dia. Tudo isso falou com segurança e convicção.
Seus seguidores perceberam a seriedade desses fatos, o perigo que os cercava e as conseqüências terríveis para seus planos. Tentaram persuadi-lo a desistir. Mas ele, consciente da sua missão, adverte a todos que tudo precisa enfrentar a fim de realizar o projeto do Pai que era salvar a humanidade e criar uma história nova.
Além do mais, corajosamente olha para esses seguidores amedrontados e, em lugar de justificar suas atitudes, os desafia em sua fé e em sua fidelidade, dizendo: “Quem quiser me seguir, negue-se a si mesmo, carregue a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder sua vida por mim, a encontrará” (Mt.16,24-25).
O exemplo do Mestre desafia os projetos pessoais, questiona as convicções individuais e abre caminhos para todos quantos sentirem em si o apelo para uma vida mais nobre, para atitudes mais corajosas e para compromissos mais sérios em favor da justiça e da verdade.
Esse exemplo do Mestre conforta a quem decidiu assumir atitudes de desprendimento pessoal em favor de alguma causa nobre que alivie sofrimentos alheios, fortaleça esperanças e concretize sonhos de transformar tantos semblantes entristecidos pelo sofrimento em semblantes alegres por receberem uma nova chance de viver .
Transformar corações abatidos por uma dor em corações renascidos para o amor. Transformar tantas vidas sofridas em suas esperanças em vidas coroadas de ternura e de confiança. Transformar tantos sonhos destruídos pela decepção em alegrias sem fim de paz e de comunhão com Deus e com os irmãos.