Em nossa sociedade são considerados grandes os que têm muito dinheiro, os donos do poder, os que pertencem à elite, os que aparecem nas colunas sociais, os que são bem sucedidos em seus negócios e os donos de grandes empresas.
Esses são admirados e até temidos. Não é fácil chegar perto deles. Andam muito bem protegidos por seguranças, ou capangas. Certamente não se sentirão à vontade em andar no meio do povo e participar em festas populares. O medo de alguma surpresa desagradável os faz serem prudentes e reservados. Ficam à distancia.
É o preço pago por alimentar o sonho de grandeza, de poder e riqueza. Não será fácil manter essa posição. Custará muito dinheiro e muito desgaste pessoal. Andará sempre de antenas ligadas para não ser surpreendido por algum adversário.
Bem diferente é a situação de quem vive seu dia a dia com poucos recursos. Contenta-se com o suficiente para viver. Trabalha e se esforça para sobrar alguma coisa a fim de partilhar com alguém que sofra mais necessidades do que ele. Quem manda é o coração. E o coração estará sempre aberto para acolher e as mãos sempre prontas para partilhar.
São maneiras diferentes de encarar a realidade. Quem tem muito quer ter sempre mais. E quem se contenta com o que tem encontra maneiras nobres de exercitar a generosidade e celebrar feliz a alegria de quem recebe algo dessas mãos abençoadas.
O mundo é assim. Enquanto uns buscam construir grandes impérios, outros buscam com humildade e simplicidade fazer da própria vida um serviço aos irmãos necessitados. Junto a esses não existem distinções baseadas no dinheiro e na posição social. Não existem grupos privilegiados. Só existem irmãos e irmãs. Só existem serviços em vista do bem comum.
O Mestre dos mestres se empenhava em mostrar isso a seus seguidores. Mas eles, influenciados pela ganância do poder, discutiam entre si quem dentre eles iria ocupar o cargo de maior distinção, de maior importancia. Não prestavam atenção ao que o Mestre lhes transmitia. O pensamento andava pelos palácios de Jerusalém sonhando com algum lugar de honra.
E o Mestre percebeu. Chamou-os junto a si e passou a instruí-los dizendo: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o ultimo, e ser aquele que serve a todos”. E para que não tivessem dúvidas, pegou uma criança e colocou-a no meio deles. Abraçou a criança e disse: “Quem receber em meu nome uma dessas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo a quem me enviou”. (Mc.9,30-38).
O pensar do homem é diferente do pensar de Deus. O homem pensa em apoderar-se dos bens materiais e do próprio poder. E Deus pede para desfazer-se dos bens materiais e colocar-se a serviço dos mais pobres.
A criança que o Mestre colocou no meio dos discípulos representa todos aqueles que aparecem em nosso caminho necessitados de vida e de dignidade.
O homem mede sua grandeza por aquilo que conquista. E Deus pelo que reparte. O homem se considera grande pelo que tem. E Deus pelo que é.