A produção midiática inunda nosso cotidiano, TV, rádio, jornal e, mais recentemente, a internet está presente em praticamente todos os momentos do nosso dia. Essa última, em especial, modificou radicalmente nosso cotidiano através das redes sociais. Por meio dessas estamos interagindo diretamente com informações do mundo todo. Algo que acaba de acontecer em Brasília ou Nova York é acessado em segundos por qualquer pessoa que possua acesso a internet, atualmente cada vez mais comum com a popularização dos smartphones. Essas mudanças nas mídias também alteraram as formas de interação com o meio social de várias formas, nos relacionamentos, nos costumes, na cultura, etc. Todavia, a transformação que destaco aqui é a maior participação política que as redes sociais promovem atualmente.
Nas revoltas e manifestações que eclodiram em países do norte da África e do Oriente Médio em 2011, que ficou conhecida como “Primavera Árabe”, as redes sociais foram amplamente utilizadas como meio de mobilização e expressão por parte dos manifestantes. No Brasil, durante os protestos que se espalharam por praticamente todo o país, em junho de 2013, as redes sociais também foram utilizadas com esse fim, se tornando um espaço para discussão e mobilização através do eventos marcados no Facebook e Twitter, além da postagem de vídeos da experiência de dentro dos protestos no YouTube. Dessa forma, percebe-se que as redes sociais deixarem de ser somente um meio de entretenimento para também serem utilizadas como ferramenta de expressão política.
Sem dúvida as redes sociais, principalmente após junho de 2013, mudaram a forma como o brasileiro se relaciona com a política. O velho ditado “religião, futebol e política não se discute” não se faz mais presente, facilmente percebido por meio da grande repercussão das eleições de 2014, estando frequentemente entre os assuntos mais populares das redes.
Por mais que muitas informações falsas são compartilhadas nas redes sociais, sendo concebidas como verídicas por muitas pessoas, é fato que o brasileiro está se interessando mais por política, acompanhando não só as eleições, mas também as investigações dos casos de corrupção por meio das redes sociais.
As últimas semanas foram movimentadas no cenário político de Campo Grande, com reviravoltas no Executivo e Legislativo municipal, com investigações e afastamentos ocorrendo em ambos. Tais mudanças foram acompanhadas intensamente por meio das redes sociais, com milhares de compartilhamentos e comentários nas páginas no Facebook dos principais portais de notícias da capital. Um espaço de debate foi criado na sessão de comentários, com posições diversas diante dos acontecimentos. Da mesma forma, as reviravoltas na política da cidade também foram vistas de forma bem humorada, resultando na criação de vários memes, o que não deixa de ser uma forma de crítica e participação política.
A pergunta que surge a partir dos recentes acontecimentos é como a população campo-grandense, que agora acompanha política com mais frequência por meio das mídias, principalmente através da internet e das redes sociais, irá se comportar nas eleições de 2016 diante dos desdobramentos recentes na política da capital. Em outras palavras, qual será o uso que o eleitor da capital irá fazer com as informações das investigações e afastamentos na escolha de seus representantes nas próximas eleições. As eleições de 2014 mostraram que, apesar da maior politização do brasileiro, ao acompanhar e participar mais da política, não se traduziu em grandes mudanças na escolha de seus representantes, pois vários nomes se repetiram, alguns com histórico de envolvimento em casos de corrupção. Isso também ocorrerá em 2016? Ou haverá uma mudança dessa vez? A resposta para essa pergunta só será colhida no futuro.
Ao historiador não cabe fazer uma previsão exata e inevitável do futuro, se esse fosse nosso trabalho com certeza nossa remuneração seria melhor. Porém, por meio das redes sociais, ocorreram transformações nas formas de participação política, principalmente após junho de 2013, e esse não parece ser um fenômeno imediatamente reversível. Veremos como a população campo-grandense acompanhará os desdobramentos das investigações e qual será seu impacto na escolha de seus representantes nas eleições de 2016.