Artigos e Opinião

OPINIÃO

Viviane Vaz: "Violência na escola"

Psicanalista, missióloga, escritora, coordenadora do Projeto NOVA

Redação

11/07/2017 - 01h00
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Com toda a discussão envolvendo as questões de violência e indisciplina nas escolas públicas de MS, vem a lembrança de meu trabalho de conclusão de curso sobre os adolescentes e a violência.  Um princípio que assimilei com minhas observações é que a violência é um comportamento aprendido, com isto tenho obtido respostas à problemática. A infância e adolescência são momentos únicos na vida de uma pessoa. Daí a necessidade de proteção, para a construção do self (ser) e toda sua relação com o mundo de maneira integral.

Baseado nisso que até os 18 anos não se têm tantas responsabilidades, já que essa mente está vulnerável a receber os principais ensinamentos para a vida toda. Dentro desse processo, a escola e a família conjugam esse momento tão essencial, norteando esta pessoa juntamente com sua própria personalidade, dons e talentos únicos.  Nesse processo é possível e preciso empoderá-los no que diz respeito aos princípios, direitos e deveres, que o definirão enquanto ser humano.

Ao assistir violência num aparelho eletrônico, vivenciar a violência dos pais, que sofre maus-tratos em casa, aprender a política do “bateu levou”, obviamente irá reproduzir tais atitudes entendendo que essa é a função e a forma de SER do humano. Ao chegar à escola, essa violência é aguçada, pois em comunidade que se afloram os problemas de relacionamento, e irá solucionar da maneira que este aprendeu.

A violência não é nato ao ser humano, a criança reproduz algo que vivenciou.  Qualquer tipo de violência seja física, psicológica, moral ou sexual, gera alguma forma de deficiência (cognitivo, comportamental ou social). Pessoas agressivas apresentam deficit na internalização de figuras boas, além de um deficit egoico, que se caracteriza por uma ausência da capacidade de reflexão do self e da capacidade de pensar. 

O E.C.A. diz é dever da família, da sociedade e do estado proteger os direitos destes, entretanto ninguém toma a responsabilidade para si. Seja na Família, na sociedade ou no estado, em algum deste eu e você estamos inseridos, por tanto esse dever é nosso. Não só da escola ou da família, como sociedade podemos e devemos fazer algo para lutar pelos que não sabem que têm direitos, pelos que são reproduções de adultos doentes emocionalmente.

O professor por sua empatia com os alunos pode se tornar agente de proteção, quando percebe os sinais de um possível conflito interno e registra esse fato, podendo encaminhar para um acompanhamento adequado para a situação. Não cabendo a ele o papel de realizar o julgamento da situação, muito menos a psicoterapia necessária, o ser agente de proteção serve como um sinalizador para o caminho da restauração.

“Meu bom senso me diz. Saber que devo respeito à autonomia, dignidade e identidade do educando, e na prática procurar coerência com esse saber ... De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre.” Paulo Freire.

A escola pode propiciar a construção da resolução conflitos gerando habilidades sociais, através de um diálogo humanitário, respeitando as diferenças, buscando soluções em comunidade, oferecendo informações preventivas, proporcionando responsabilidade diante dos prejuízos causados e ressaltando dignidade do educador como profissional idôneo. É possível transformar o ciclo de violência num ciclo de amor!

ARTIGOS

O poder e as narrativas

04/01/2025 07h45

Arquivo

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Anos atrás escrevi um pequeno livro intitulado “Uma Breve Teoria do Poder”. Hoje está na quarta edição, veiculado pela Editora Resistência Cultural, que se notabilizou pela primorosa apresentação gráfica de suas edições. As edições anteriores foram prefaciadas por dois saudosos amigos: Ney Prado, confrade e ex-presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Paim, confrade da Academia Brasileira de Filosofia. A atual tem como prefaciador o ex-presidente da República e confrade da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Michel Temer.

Chamo-a de “Breve Teoria” por dedicar-me mais à figura do detentor do poder, muito embora mencione as diversas correntes filosóficas que analisaram a ânsia de governar, através da história.

Chamar um estudo de breve é comum. Já é mais complicado chamar uma teoria de breve. As teorias ou são teorias ou não são. Nenhuma teoria é breve ou longa, mas apenas teoria. Ocorre que, como me dediquei fundamentalmente à figura do detentor do poder, e não a todos os aspectos do poder, decidi, contra a lógica, chamá-la de “Breve Teoria”.

Desenvolvi no opúsculo a “Teoria da Sobrevivência”. Quem almeja o poder, luta, por todos os meios, para consegui-lo e, como a história demonstra, quase sempre sem ética e sem escrúpulos. Não sem razão, Lord Acton dizia, no século 19, que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Ocorre que, no momento que o poder é alcançado, quem o detém luta para mantê-lo por meio da construção de narrativas, cada vez tornando-se menos ético e mais engenhoso, até ser afastado. As narrativas são sempre de mais fácil construção nas ditaduras, mas são comuns nas democracias e tendem a crescer quando elas começam a morrer.

A característica maior da narrativa é transformar uma mentira em uma verdade e torná-la para o povo um fato inconteste, ora valorizando fatos irrelevantes, ora, com criatividade, forjando fatos como, aliás, Hitler conseguiu com a juventude alemã com a célebre frase: “O amanhã pertence a nós”.

Nas democracias, a luta pelo poder é mais controlada, pois as oposições desfazem narrativas e os Poderes Judiciários neutros permitem que correções de rumo ocorram. Mesmo assim, as campanhas para conquistar o poder são destinadas não a debater ideias, mas literalmente destruir os adversários. Quando Levitsky e Ziblatti escreveram “Como as Democracias Morrem”, embora com um viés nitidamente a favor do partido democrata, desventraram que as mais estáveis democracias do mundo também correm risco.

O certo é que, através da história, os que lutam pelo poder e os que querem mantê-lo, à luz da teoria da sobrevivência, necessitam de narrativas, e não da verdade dos fatos, manipulando-as à sua maneira e semelhança, com interpretações “pro domo sua” das leis, reescrevendo-as e impondo-as, quanto mais força tem sobre os órgãos públicos, mesmo nas democracias, e reduzindo a única arma válida em uma democracia, que é a palavra, a sua expressão menor, quando não a suprimindo.

É que, infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral, e não obrigatoriamente necessário.

Os ciclos históricos demonstram, todavia, que, quando, pela teoria da sobrevivência, os limites do razoável são superados, as reações fazem-se notar, não havendo “sobrevivência permanente no poder”. As verdades, no tempo, aparecem, e, perante a história, as narrativas desaparecem e surge “a realidade nua dos fatos”.

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ARTIGOS

Caminhos da vida

04/01/2025 07h15

Arquivo

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Novo ano. Novos caminhos. Novos sonhos. Novas esperanças. Com certeza serão muitas as pessoas olhando pela porta desse novo ano com uma maneira nova de olhar. Estarão mais cautelosas ao planejar e ao decidir em seus negócios e em seus projetos.

Esperemos que as lições do ano que findou sirvam de ponto de referência para os novos projetos, até mesmo para os caminhos dos sentimentos do coração e das forças da fé. Pois tudo o que acontecer será para o crescimento dos relacionamentos e das partilhas dos bens e da comunhão de vidas.

Esses sentimentos e essas atitudes serão sempre motivos no crescimento pessoal e comunitário das obras e das opções pela vida e pela fé. A palavra deus será a luz para quem se encontra na busca e será alimento seguro para quem se puser a caminho da felicidade. Mostra que, enquanto houver sonhos, haverá esperança. 

Assim acontecerá ao chegar até nós a palavra do escritor sagrado. Assim será a maneira de Deus se revelar ao mundo. Os seres humanos têm sua maneira. Deus também tem seus momentos e suas maneiras. Não haverá comparação. Haverá isso sempre, maneiras próprias e muito pessoais quando fala aos seres humanos.

Assim ele se revela em uma de suas cartas (Ef. 4, 30-45): “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Toda a amargura, toda a irritação sejam desterradas do meio de vocês. Afeiçoem-se do bem e do amor. Sempre que houver razões de queixa de uns pelos outros, perdoem-se, assim como Deus sempre perdoa. Vivam na concórdia e na harmonia”.

E o autor sagrado continua dizendo: “Evitem o mal. Amem o bem. Principalmente eliminem entre vocês toda a discórdia e todas as ofensas. Edifiquem a misericórdia e o perdão. Progridam na caridade a exemplo de Jesus Cristo que em tudo nos amou e sempre se entregou como oferta sagrada e perfeita”.

O exemplo permanece e permanecerá sempre vivo e edificante. Nada guardou para si. Tudo sacrificou por amor e pelo resgate de tantos prisioneiros da maldade desse mundo. Em tudo deixou sua marca de doador do bem e da graça. E tudo na gratuidade.

As portas do novo ano estão se abrindo em nossa frente. A esperança de dias melhores, não apenas diferentes, deverá alimentar a esperança, o bem, marcar o pensar e o agir de cada ser humano. E que em tudo possa se orgulhar de ter o rumo correto em seu viver e em seu agir iluminado pela fé em Deus.

Entramos no caminho do otimismo. Nele, não haverá espaço para os pessimistas. Não haverá também para os medrosos, os inseguros e para os descrentes. Não haverá lugar ainda aos vingativos e para quem guarda mágoas ou invejas. Para esses, permanecerá um vazio do tamanho de sua fragilidade em acreditar.

É preciso acreditar no Deus misericórdia, no Deus bondade e no Deus generosidade. É preciso acreditar no Deus que acredita em todos. Mesmo os que não creem nele. Ele os ama e neles confia pelo simples motivo de ter um coração bom e uma alma generosa.

Ano novo. Alma renovada. Espírito novo. Sentimentos renovados. Em tudo manter a pureza no ser, o correto no agir. E Deus nos abençoe.

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