Com toda a discussão envolvendo as questões de violência e indisciplina nas escolas públicas de MS, vem a lembrança de meu trabalho de conclusão de curso sobre os adolescentes e a violência. Um princípio que assimilei com minhas observações é que a violência é um comportamento aprendido, com isto tenho obtido respostas à problemática. A infância e adolescência são momentos únicos na vida de uma pessoa. Daí a necessidade de proteção, para a construção do self (ser) e toda sua relação com o mundo de maneira integral.
Baseado nisso que até os 18 anos não se têm tantas responsabilidades, já que essa mente está vulnerável a receber os principais ensinamentos para a vida toda. Dentro desse processo, a escola e a família conjugam esse momento tão essencial, norteando esta pessoa juntamente com sua própria personalidade, dons e talentos únicos. Nesse processo é possível e preciso empoderá-los no que diz respeito aos princípios, direitos e deveres, que o definirão enquanto ser humano.
Ao assistir violência num aparelho eletrônico, vivenciar a violência dos pais, que sofre maus-tratos em casa, aprender a política do “bateu levou”, obviamente irá reproduzir tais atitudes entendendo que essa é a função e a forma de SER do humano. Ao chegar à escola, essa violência é aguçada, pois em comunidade que se afloram os problemas de relacionamento, e irá solucionar da maneira que este aprendeu.
A violência não é nato ao ser humano, a criança reproduz algo que vivenciou. Qualquer tipo de violência seja física, psicológica, moral ou sexual, gera alguma forma de deficiência (cognitivo, comportamental ou social). Pessoas agressivas apresentam deficit na internalização de figuras boas, além de um deficit egoico, que se caracteriza por uma ausência da capacidade de reflexão do self e da capacidade de pensar.
O E.C.A. diz é dever da família, da sociedade e do estado proteger os direitos destes, entretanto ninguém toma a responsabilidade para si. Seja na Família, na sociedade ou no estado, em algum deste eu e você estamos inseridos, por tanto esse dever é nosso. Não só da escola ou da família, como sociedade podemos e devemos fazer algo para lutar pelos que não sabem que têm direitos, pelos que são reproduções de adultos doentes emocionalmente.
O professor por sua empatia com os alunos pode se tornar agente de proteção, quando percebe os sinais de um possível conflito interno e registra esse fato, podendo encaminhar para um acompanhamento adequado para a situação. Não cabendo a ele o papel de realizar o julgamento da situação, muito menos a psicoterapia necessária, o ser agente de proteção serve como um sinalizador para o caminho da restauração.
“Meu bom senso me diz. Saber que devo respeito à autonomia, dignidade e identidade do educando, e na prática procurar coerência com esse saber ... De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre.” Paulo Freire.
A escola pode propiciar a construção da resolução conflitos gerando habilidades sociais, através de um diálogo humanitário, respeitando as diferenças, buscando soluções em comunidade, oferecendo informações preventivas, proporcionando responsabilidade diante dos prejuízos causados e ressaltando dignidade do educador como profissional idôneo. É possível transformar o ciclo de violência num ciclo de amor!