Na medida em que vivemos dias difíceis nestas Terras de VeraCruz, as lições de um célebre economista revelam-nos o quão lúcidas foram suas premeditações a respeito da conjuntura sócio-econômico-cultural brasileira. Cito, com especial admiração, seu nome por completo: Roberto de Oliveira Campos, um dos mais notáveis brasileiros do século passado. Economista, embaixador, político, filósofo, sociólogo, e cidadão cuja mais preponderante característica fora de pensar o Brasil afastado de qualquer oportunismo. Em outras palavras, sua lucidez transformou-o em um estadista.
Ao longo de sua extensa carreira, Roberto Campos advertiu o Brasil de que estávamos a seguir rumos sombrios e que, a longo prazo, nos levariam ao caos atual. Defensor de que o mercado é a única salvação para o desenvolvimento de um país, sempre criticou o tamanho do Estado brasileiro, e assim o fez em uma de suas excelentes frases, qual seja, “O setor privado, hoje no Brasil, está anêmico e o setor público, obeso”. Pois bem. Imaginem só, caros leitores, o quão retardatários somos na busca pelo desenvolvimento. A frase supramencionada fora dita por Roberto Campos na redemocratização, isto é, em meados da década de 90, ocasião na qual a participação tributária no PIB era de 25%. Hoje, porém, é de 36%. Isso representa que 36% de toda a riqueza produzida no país é oriunda da arrecadação de impostos.
Por outro lado - e isso é extremamente desolador -, enxergamos um estado mastodôntico o qual, ao longo dos anos, somente cuidou de aumentar seus gastos. No momento em que Roberto Campos proferiu a frase acima, o país, governado por Sarney, possuía 25 ministérios. Hoje são 39. Demais disso, conforme muito bem apontado pelo notável jurista, meu amigo Ives Gandra Martins, o Governo Federal de hoje possui “22.000 amigos do rei não concursados, vivendo regiamente às custas da Nação, sob o comando da presidente...”. Ora, a obesidade do Estado Brasileiro, tão criticada por Roberto Campos, somente aumentou ao longo dos anos. E não é só.
Na contramão dos ideais neoliberais defendidos pelo economista, o Estado, dia pós dia, promove, em demasia, regulamentações que inibem o desempenho do mercado, afastando do cidadão seu espírito empreendedor.
No Brasil, de muitos brasileiros, falar em neoliberalismo parece crime. Certo é defender as tais políticas afirmativas promovidas por um Estado “caridoso”, o qual continue na gerência de grandes empresas - cite-se o péssimo exemplo da Petrobras, saqueada em bilhões de dólares -, mormente burocratizando a vida do empresariado. No entanto, em meio a tanta falta de bom senso, prefiro seguir as lúcidas lições de Friedman, Thatcher, Hayeck e Roberto Campos, afinal, como asseverou o também gigante Ives Gandra, “Dos imortais brasileiros, Roberto é o mais imortal”.