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EDUCAÇÃO

As crianças precisam ser desafiadas, diz Temple Grandin, embaixadora dos autistas

Para norte-americana, antes de verificar a necessidade de um professor, é necessário um correto diagnóstico

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Psicóloga e zootécnica, a norte-americana Mary Temple Grandin esteve nesta quinta-feira (26) em Campo Grande para mostrar suas técnicas revolucionárias de comportamento do rebanho bovino, mas também por outra fator que, assim como o primeiro, a torna mundialmente conhecida: o autismo, e forma como lida com esta característica. Para Grandin, o acompanhamento do autista em idade escolar por professor exclusivo, depende muito do grau de autismo da criança ou do adolescente. “O que as crianças realmente precisam (com ou sem autismo) é de serem desafiadas”, afirma a norte-americana. 

Grandin cumpre, nesta quinta e sexta-feira, agendas em Campo Grande que vão desde a treinamentos de trabalhadores da pecuária, visando o bem-estar animal, e também em eventos em universidade e em uma empresa da área de nutrição, onde falará sobre o autismo e as técnicas que desenvolveu em seu trabalho, mas também para potencializar suas virtudes e superar suas limitações. 

A norte-americana observa que o grau de autismo de uma criança é essencial para saber da necessidade de ela ser assistida a todo instante por um especialista em sala de aula. “Os menos afetados poderão estudar normalmente, já outros, com autismo mais severo, vão precisar de professor”, argumenta. “O que não podemos é generalizar”, complementa.

Psicóloga ao lado do tradutor (Foto: Eduardo Miranda)

DIAGNÓSTICO CORRETO

Temple Grandin lembrou de seu caso. Aos 3 anos de idade ela não conseguia falar, mas que, com a identificação de suas características, conseguiu passar de um grau severo de autismo, para um grau mais leve. Isto permitiu que ela frequentasse a escola. 

Duas coisas foram determinantes para Grandin superar os efeitos do autismo: a primeira delas, sua criatividade e força de vontade. Isto fez com que ela criasse a mundialmente famosa “máquina do abraço” (que ela desenvolveu para atenuar a tensão e reduzir o desconforto enquanto ela fazia as atividades cotidianas).

A segunda foi a terapia com uma professora, que utilizou os estímulos por meio de jogos de raciocínio lógico, e ajudou na melhora de sua cognição e interação coletiva. 

“Por isso, mais importante do que estar acompanhada por um professor, o fundamental é o diagnóstico correto”, explica Grandin. Conforme a especialista - que também é uma embaixadora do autismo em todo o planeta - a identificação das características de cada pessoa com o transtorno é determinante para explorar os dons que praticamente todos elas têm. Temple Grandin, por exemplo, tem o dom visual. “Pessoas assim têm mais facilidade com arte, figuras, arquiteturas, animais... Há também aqueles mais qualificados para a matemática, e outros para as linguagens”, explica. 

ALBERT EINSTEN, STEVE JOBS...

Sempre quando se aborda o transtorno do espectro autista, Grandin não fala somente de si ao citar exemplos de superação. Ela cita outros nomes, como o do físico Albert Einsten (que assim como ela, só aprendeu a ler aos três anos), Steve Jobs (fundador da Apple e inventor do iPhone) e também menciona outro personagem que, embora não fosse autista, tinha suas limitações: o físico Stephen Hawking.

É por isso ela lembra da necessidade do desafio. “Se tem algo que o autismo nos faz, é nos deixar teimosos. Na década de 1970, eu fui trabalhar em uma fábrica no Colorado, só de homens. Por ser uma mulher, eu tinha de ser três vezes melhor que um homem. Acredite, isso era até mais atípico, na época, que o autismo”, comenta. 

A vida de Grandin foi tema de um filme, lançado em 2010, que leva o nome dela. Naquele ano a produção venceu cinco dos sete prêmios Emmy ao qual foi indicado.

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BEM-ESTAR

Temple Grandin, bacharel em Psicologia, e com mestrado em Zootecnia, revolucionou a indústria pecuária em todo mundo, com suas técnicas que visam o bem-estar animal. O autismo, diga-se de passagem, foi fundamental para que ela desenvolvesse seus equipamentos e instalações capazes de reduzir o pânico dos bichos. Ela projetou corredores e mangueiros em caminhos curvos (em que os animais não vêem o fim do caminho e ficam menos assustados), entre outras soluções para que o estresse animal, fosse o menor possível. 

Grandin, assim como outros autistas, podem ter crises de pânico em algumas situações. A sensibilidade dela e a vulnerabilidade para situações de estresse, inspirou outras técnicas que proporcionam bem-estar animal. 

Ontem, a zootécnica norte-americana esteve na maior unidade do JBS Friboi de Campo Grande. Lá, ela conferiu se unidade atende as técnicas de bem-estar animal antes do abate. “Da primeira vez que vim ao Brasil, as técnicas aqui melhoraram muito”, comentou.

TURISMO SUSTENTÁVEL

Atrativo turístico de MS renova certificado internacional de Clima Positivo

Pontos turísticos já haviam recebido essa mesma certificação em 2023 e 2024, e, com isso, recebem em 2025 pelo terceiro ano consecutivo

23/03/2025 17h30

Mergulho com Cilindro na Lagoa Misteriosa

Mergulho com Cilindro na Lagoa Misteriosa Foto: Marcio Cabral

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Recanto Ecológico Rio da Prata, Lagoa Misteriosa e Estância Mimosa, atrativos turísticos localizados em Jardim e Bonito (MS), ganharam, mais uma vez, o certificado internacional de Clima Positivo concedido pela Green Initiative.

A entrega e renovação do certificado ocorreu em 19 de março de 2025, durante a Feira Internacional de Destinos Inteligentes (FIDI), realizada em Bonito (MS).

Os atrativos turísticos já haviam recebido essa mesma certificação em 2023 e 2024. Com isso, recebem em 2025 pelo terceiro ano consecutivo.

Em 2023, a Estância Mimosa tornou-se o primeiro atrativo turístico do mundo a receber a Certificação Climate Positive, conquista que rendeu destaque no Prêmio Nacional do Turismo 2023, do Ministério do Turismo.

A instituição avalia as emissões e compensações de CO2 dos atrativos e certifica como Clima Positivo aqueles que além de neutralizarem as emissões, também removem mais carbono da atmosfera do que emitem.

Para calcular a pegada de carbono, eles adotaram princípios como relevância, exaustividade, consistência, transparência e precisão.

Além disso, consideraram três etapas de análise: pesquisa bibliográfica para obter dados sobre o ecossistema local, processamento de imagens de satélite e cálculos para estimar a quantidade total de CO2 capturado.

Todas as emissões relacionadas às operações e à cadeia de valor dos negócios foram minuciosamente avaliadas, permitindo comparações futuras e demonstrando os impactos das medidas de redução implementadas.

A Green Initiative segue padrões rígidos e estabelecidos pelo The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

Para obterem o certificado, os atrativos turísticos sul-mato-grossenses seguiram rigorosos critérios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental estabelecidos pela instituição.

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), que estava presente no evento, parabenizou a conquista de mais um certificado.

"Eduardo [diretor do Grupo Rio da Prata], conheço a sua trajetória e, graças a empreendedores como você, que têm visão, conhecimento, capacidade de investimento e, acima de tudo, responsabilidade e amor pelo Mato Grosso do Sul e pelo Brasil, essas conquistas são possíveis. Parabéns pelo prêmio, sabemos da metodologia rigorosa envolvida, mas isso nos inspira ainda mais a seguir nossos objetivos", afirmou o governador.

Mergulho com Cilindro na Lagoa MisteriosaCachoeira da Estância Mimosa. Foto: Fernando Peres

"Realizamos essa certificação com base nos dados de 2024, avaliando nossa pegada de carbono em quatro categorias do escopo. Analisamos detalhadamente o Recanto Ecológico Rio da Prata, a Estância Mimosa e a Lagoa Misteriosa, considerando desde o consumo de matéria-prima e combustíveis fósseis até a gestão de resíduos sólidos. Além disso, atualizamos os dados de captura de carbono, levando em conta a área de florestas em regeneração. Com esse trabalho, conseguimos renovar a certificação e seguimos sendo Climate Positive", destacou a Diretora de Sustentabilidade do Grupo Rio da Prata, Luiza Coelho.

A Estância Mimosa é uma fazenda que possui 10 cachoeiras e 9 paradas para banho, ao longo de 2,8 quilômetros de trilhas e quatro horas de passeio. Está localizada na rodovia MS-178, a 24 quilômetros de Bonito.

Mergulho com Cilindro na Lagoa MisteriosaFlutuação do Rio da Prata. Foto: Divulgação/Grupo Rio da Prata

A Lagoa Misteriosa é uma caverna inundada com profundidade desconhecida. Até o momento, foi possível chegar a 220 metros de profundeza. Está localizada na BR-267/KM-512. Possui águas cristalinas em diferentes tons de azul e, a 40 metros de profundidade, é possível ver a copa das árvores que contornam o local. É considerada uma das cavernas inundadas mais profundas do Brasil.

O Recanto Ecológico Rio da Prata é uma fazenda que possui flutuação e mergulho no Rio da Prata, passeios a cavalo e observatório de aves. Está localizada na BR-267/KM-512.

BRASIL

Entenda sobre riscos psicossociais e novas regras de comunicação no trabalho

Há uma série de setores considerados como "prioridade" entre as fiscalizações, como os bancos, serviços de saúde e o de teleatendimentos

23/03/2025 17h00

Texto da nova NR-1 passa a valer a partir do dia 25 de maio, incorporando os fatores psicossociais aos chamados Programa de Gerenciamento de Riscos (PGRa) das empresas.

Texto da nova NR-1 passa a valer a partir do dia 25 de maio, incorporando os fatores psicossociais aos chamados Programa de Gerenciamento de Riscos (PGRa) das empresas. Arquivo/Correio do Estado

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Em maio entra em vigor uma nova redação da chamada Norma Reguladora 1 (NR-1), com um texto que institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, quando os empreendimentos passarão a ser fiscalizados pelos riscos psicossociais no trabalho. 

Conforme estipulado pela lei nº 14.831/2024, há novas diretrizes para prevenção desses riscos, como bem esclarece a fonoaudióloga e especialista em expressividade, Dra. Cristiane Romano. 

Ela explica que as comunicações corporativas, quando não bem executadas, podem gerar estresse, ansiedade e inclusive afastar o trabalhador de suas atividades graças a questões ligadas à saúde mental, portanto é necessária atenção da organização para não tornar o ambiente tóxico. 

"A ausência de diálogos claros, a prática de desqualificar funcionários e o não reconhecimento de esforços impactam diretamente a segurança psicológica dos profissionais", cita a Dra. Cristiane em nota.

E no quesito comunicação disfuncional há uma série de efeitos prejudiciais, como a distorção de informações, negação de problemas evidentes, que também pode ser identificado como 'gaslighting corporativo'. 

Entre os exemplos, a fonoaudióloga lista comentários que costumam ser comuns em organizações e características dessa prática, como "você não entendeu direito"; "isso não aconteceu" ou "é exagero", que ela cita com poder de minar a autoconfiança dos trabalhadores. 

Fiscalizações

Conforme o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), o texto da nova NR-1 passa a valer a partir do dia 25 de maio, incorporando os fatores psicossociais aos chamados Programa de Gerenciamento de Riscos (PGRa) das empresas.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) classifica como fatores de risco:

  • Cargas de trabalho excessivas,
  • Exigências contraditórias/ falta de clareza em definição de funções,
  • Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador,
  • Falta de controle da forma como o trabalho é executado,
  • Má gestão de mudanças organizacionais,
  • Precariedade laboral,
  • Comunicação ineficaz,
  • Falta de apoio das chefias ou dos colegas,
  • Assédio psicológico e sexual, etc.

Há uma série de setores que, segundo o Sinait, serão considerados como "prioridade" entre as fiscalizações, como os bancos, serviços de saúde e o de teleatendimentos, por exemplo. 

O Sindicato reforça que doenças mentais são a segunda maior causa de afastamento do trabalho no Brasil, sendo que o descumprimento das diretrizes estabelecidas poderá gerar consequências financeiras para as empresas. 

Caso seja identificado, por exemplo, a ausência de medidas adequadas, o auditor fiscal do trabalho poderá denunciar a situação ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que, por sua vez, pode ajuizar ação civil pública contra essa empresa, gerando multas e outras penalidades.

 

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