Eduardo Dias Campos Neto, de 35 anos, que foi preso ontem (10), depois de ficar 10 anos foragido por conta de ser suspeito da morte da ex-companheira, Aparecida Anuanny, de 18 anos, em 2007, era considerado uma pessoa 'do bem'. Essa era, pelo menos, a opinião de quem o conhecia no Paraguai, onde ele ficou escondido por uma década.
Em conversa gravada que o Portal Correio do Estado teve acesso, conhecido de Fernando, nome que Eduardo usava para se esconder do lado paraguaio, o classificou como uma pessoa 'bacana' e 'boa'. Homem revelou que as pessoas desconfiavam que Eduardo havia cometido algo de ruim no país vizinho, pois 'murmurinho' do crime sempre era mencionado.
Além disso, diálogo demonstrou que o suspeito da morte de Anuanny tratava de câncer no osso e demonstrava medo de vir ao Brasil sempre que questionado se não preferia fazer tratamento onde haveria mais recursos.
“Semana passada eu estive lá com ele [na fazenda], ele tava (sic) me contando do câncer no osso. O cara era bacana, menino bom. Mas assim, aqui pra gente era bom. Eu já tinha ouvido falar disso aí dele [crime], corria mumurinho, mas ele mesmo nunca tinha falado”, comentou conhecido de Eduardo.
Em um segundo diálogo gravado, o mesmo homem mencionou que o suspeito sempre que questionado sobre possibilidade de vir ao Brasil, demostrava medo e sempre mudava de assunto.
“Eu via que ele tinha medo de ir ao Brasil. Ele está com câncer e estava tratando, perguntei: 'por que você não vai pro Brasil?' ele disse: 'Não, faço aqui mesmo, é mais barato'”, disse homem.
Apesar de desconfiarem de 'Fernando', prisão causou surpresa nos moradores de fazenda e redondezas onde ele escondia-se. O suspeito tinha formado família no lado paraguaio, divisa com Porto Murtinho. Tinha esposa e filhos.
PRISÃO
O delegado Márcio Shio Obara, da Delegacia de Homicídios (DEH), disse que o homem estava sendo investigado há algum tempo depois de contato da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul com a Polícia Nacional do Paraguai.
“Foram feitas diversos levantamentos e após informações trocadas com investigadores de lá [Paraguai], conseguimos identificar onde ele estava morando e realizamos a prisão”, comentou Obara. Delegacia de Homicídios está à frente das investigações desde o ínício do caso.
CRIME
De acordo com o que foi publicado na edição de 9 de março de 2007 pelo Jornal Correio do Estado (veja matéria aqui), Anuanny foi morta ao ir buscar o filho, de 2 anos, na casa do ex-companheiro, Eduardo.
O instalador de alarmes asfixiou a vítima com uma toalha de mesa e depois de constatar o óbito, escondeu a estudante dentro de um sofá-cama. Desde então, ele estava foragido.
Na época, mãe da jovem procurou a delegacia para registrar o desaparecimento da filha, que foi encontrada dois dias depois.
Eduardo não aceitava o fim do relacionamento com Anuanny, que durou dois anos. Antes de ser morta, a jovem havia se mudado recentemente para o distrito de Anhanduí, onde, conforme a mãe, ela iria recomeçar.