O combate a um incêndio que atinge a região do Pantanal em Miranda – a 208 km de Campo Grande – deverá ter o apoio de uma aeronave de Mato Grosso que está na Capital para participar do Wildfire, um congresso internacional sobre incêndios florestais.
O avião, um air tractor com capacidade para carregar cerca de 3.100 litros de água está no aeroporto Teruel e veio para a Capital para participar do dia de campo da 7ª Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais (Wildfire), que começou nesta segunda-feira (28) e é realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo.
De acordo com o Tenente Coronel Waldernir Moreira Júnior, chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, a corporação do Estado vizinho, ao saber o incêndio, se dispôs a ajudar no combate com a aeronave e militares que a comandam.
Os últimos ajustes foram feitos durante a manhã desta segunda. Conforme Moreira, um helicóptero da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) esteve sobrevoando a região durante a manhã para detectar os pontos de incêndio e se havia realmente a necessidade de que a aeronave de Mato Grosso se deslocasse para a região.
Neste momento duas equipes dos bombeiros de Mato Grosso do Sul fazem o combate as chamas na região, uma de Aquidauana e outra de Corumbá, além de 14 brigadistas do PrevFogo que estão de plantão na região. Outro 15 brigadistas de Campo Grande também devem ser descolados para ajudar a apagar o fogo, segundo o superintendente regional do Prev Fogo, Luiz Carlos Marchetti.
Os últimos ajustes entre bombeiros sul-mato-grossense, militares mato-grossenses e PrevFogo foram feitos durante a conferência.
Recentemente a região passou pela maior queimada de todos os tempos, quando foram devastados cerca de 2,5 milhões de hectares pelos incêndios. Para combater o fogo foi preciso ajuda de outros estados, como São Paulo, que enviou aeronaves, e Brasília (DF), que mandou militares.
O incêndio, segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, começou na quarta-feira passada em fazendas da região pantaneira, que perderam o controle do fogo. As equipes dos bombeiros só foram acionados no final de semana e chegaram na região por volta das 14h de domingo (27). Porém, devido ao difícil acesso, os militares ainda não tinham conseguido ter dimensão da área queimada.
Segundo os bombeiros, a queimada ocorre próximo a áreas de preservação conhecidas, como o Buraco das Piranhas, a região do Passo do Lontra e a Fundação Bradesco.
O superintendente regional do PrevFogo classificou a queimada na região como um incêndio criminoso. “São proprietários rurais que usam das queimadas para limpar a pastagem, mas fazem isso em época que não é permitido, de seca. Ele acha que vai chover e coloca fogo, o que não ocorre e acaba virando uma queimada sem controle. Esse é um costume principalmente da região oeste do Estado”.
WILDFIRE
A Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais (Wildfire) tem como tema este ano o manejo do fogo e ao controle de incêndios florestais. De acordo com Verruck, Mato Grosso do Sul apresentará a forma que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de Mato Grosso do Sul (Ibama-MS) encontrou para conter o número de incêndios florestais.
“A grande discussão aqui é aprender prevenção. Mato Grosso do Sul já é referência na questão do manejo integrado de incêndio. O que é manejo de fogo? É você colocar fogo antes dele pegar. Em áreas de risco que você sabe que vai ter incêndio você queima, mas você queima controlando, no momento certo, na área adequada”, declarou o secretário.
Conforme o superintendente do PrevFogo, o uso do manejo de queimadas tem reduzido de 30 a 50% o número de incêndios descontrolados nas regiões onde esse tipo de atividade é praticado. “Hoje é feito na área que o Ibama-MS atua, nas áreas indígenas, nas unidades de conservação e também no bioma Pantanal.
Para Marchetti, as queimadas deste ano, que dobraram na região pantaneira em relação a 2018, foi um ponto fora da curva. “Viemos de dois anos com números baixos e este ano houve esse aumento, também por conta das condições climáticas, tivemos um inverno atípico, poucas chuvas”.
O Wildfire conta com a presença de 1.100 pessoas, de 40 países e ocorre até o dia 4 de novembro. Além de palestras para troca de experiência, os inscritos também farão dias de campo, onde conhecerão áreas de preservação em Mato Grosso do Sul, assim como pontos turísticos.