Com média de 100 toneladas de alimentos processadas por mês, abastecendo atualmente cerca de 50 mil pessoas atendidas por 120 entidades assistenciais de Campo Grande, a Central de Processamento de Alimentos (CPA) - Banco de Alimentos, completa 15 anos de atividades na Capital sul-mato-grossense com dois grandes desafios pela frente.
O primeiro é aumentar o número de parceiros, de forma a tirar ainda mais famílias do município da realidade de insegurança alimentar. O outro foco é reduzir o desperdício de alimentos — hoje, de cada 100 quilos de alimentos que chegam à unidade, 20 não têm condições de serem aproveitados, o que poderia ser evitado se houvesse uma pré-seleção antes da doação, separando-se o que já está estragado daquilo que ainda pode ser consumido.
Não existem estatísticas oficiais específicas sobre quantas pessoas ou famílias estariam em situação de vulnerabilidade social no município. Esse dado, inclusive, foi elencado dentre as metas a serem perseguidas por autoridades públicas, entidades e colaboradores durante a 1ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar, realizada neste mês na Capital.
Porém a percepção é de que existe ainda muito a ser feito para ampliar a cobertura da segurança alimentar oferecida pela unidade. "Nosso desafio é ampliar ainda mais esse atendimento, porque sabemos que ainda há gente com fome, em situação de insegurança alimentar, na nossa cidade. Precisamos aumentar o número de parceiros e assim o volume de alimentos para atender mais famílias", reconhece a coordenadora da CPA, Gizeli da Motta Prado.
Na prática, vários saltos de qualidade já foram dados para se aproximar dessa meta. Nos últimos sete anos, o volume de alimentos captados pela Central mais que triplicou, passando de 30 toneladas por mês em 2004 para até 100 toneladas mensais — somente em junho deste ano, foram quantificadas 175 toneladas de alimentos.
Esses números são resultado direto da multiplicação de iniciativas na área de segurança alimentar. Enquanto até meados da década passada a Central de Processamento de Alimentos se sustentava principalmente da coleta (doações de alimentos que já não podiam mais ser comercializados, mas ainda apresentavam condições de consumo humano), hoje metade dos hortifruti captados pela unidade provem da agricultura familiar.
A segunda maior fonte de doações é a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que repassa o chamado "estoque seco" (alimentos não perecíveis, como farinha de mandioca, feijão, leite, macarrão, óleo). Por último, há o reaproveitamento de alimentos, provenientes da produção excedente, que são repassados à CPA por cinco grandes colaboradores da cidade. Para evitar contaminação, uma semana é dedicada somente aos produtos que chegam da agricultura familiar e a seguinte para o reaproveitamento de alimentos.
Paralelamente, a Central também investe em ações socieducativas, como palestras sobre segurança alimentar, oficinas culinárias, cursos na área de alimentação e ainda visitas às entidades cadastradas. Somente no ano passado, 360 pessoas passaram por esse tipo de capacitação e neste semestre foram 275 atendidos.
Como doar
Com uma estrutura de 20 funcionários, a Central de Processamento de Alimentos é responsável pela recepção e triagem dos alimentos, que depois são encaminhados para uma usina montada no mesmo local, onde é feita higienização, seleção e porcionamento dos alimentos, para deixá-los prontos para distribuição às entidades. Famílias atendidas pelos 19 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) distribuídos por Campo Grande também são atendidos pela CPA.
Para a captação de doações, a Central dispõe de caminhão e uma equipe própria, que vai até o local para buscar os alimentos. "Qualquer instituição, qualquer produtor que tenha uma quantidade de alimentos excedente e que vai ser descartado, esse produto pode ser doado. Também aceitamos todo tipo de carga seca (grãos, farináceos, etc.) que ainda estiverem dentro do prazo de validade", explica. O número de contato para quem quiser colaborar é o 3314-3955.