A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) iniciou a implantação do passaporte biológico no País para combater o uso de doping no esporte brasileiro. Com o programa, é possível analisar dados indiretos que apontem o possível uso de doping por atletas.
Durante um ano, o programa coleta material biológico (sangue ou urina) dos atletas e as amostras são analisadas minuciosamente levando-se em consideração parâmetros pré-estabelecidos para traçar o perfil dos atletas.
“Nós não buscamos detectar diretamente o uso de uma determinada substância proibida e, sim, traçar um perfil individual e longitudinal (vários dados em uma mesma análise), preferencialmente em vetores de sangue e vetores esteroidais na urina”, afirmou o médico José Veloso, que coordena os trabalhos.
Para todos os dados analisados, há um limite mínimo e máximo no qual os parâmetros sanguíneos e de urina podem oscilar. Caso os resultados das análises ultrapassem esses limites, uma junta de três especialistas analisa de forma simultânea os resultados e avaliam se as alterações são decorrência de doenças ou características genéticas. Caso contrário, é levantado o indício de doping.
Segurança
O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, também destacou a importância do programa de passaporte biológico no Brasil. “A ABCD toma uma medida muito importante de estar atualizada com as principais técnicas do controle de dopagem, com o que há de mais moderno para garantir o jogo limpo e a segurança e a saúde dos atletas. Receber como consultor um profissional do quilate do Dr. Veloso é algo que certamente engrandecerá muito esse trabalho coordenado pela ABCD”, afirmou.
Para Veloso, o fato de o Brasil possuir um laboratório credenciado pela Agência Mundial Anti-Doping (WADA), o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), um dos legados dos Jogos Olímpicos, será determinante para o sucesso do programa brasileiro de passaporte biológico.
“Isso é um pressuposto fundamental para o programa. Nesse caso, o controle da temperatura das amostras é fundamental. Uma vez coletadas, as amostras devem chegar ao laboratório em no máximo 36 horas para terem valor para o passaporte biológico. Então, ter um sistema ágil de transporte é fundamental e a ABCD tem um plano de transporte de amostras já implantado por conta dos Jogos Rio 2016 que vai ser muito útil”, elogiou.
Resultados
“O Brasil entra em um novo estágio na luta contra o doping com o passaporte biológico”, afirma Alexandre Velly Nunes, diretor de operações da ABCD. “Nossa perspectiva é de que nos próximos 10 a 12 meses nós já tenhamos os primeiros resultados e com certeza seremos destaque na América do Sul no trabalho com passaportes biológicos”, conclui o dirigente.