O governo da Bolívia divulgou nesta semana o resultado de uma operação policial que resultou na morte do brasileiro Wagner Santulhão, de 56 anos, na cidade de Loma Alta, a cerca de 113 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra. Santulhão, que era piloto, estava prestes a decolar com um avião carregado com 320 quilos de cocaína em direção ao Brasil. Em sua companhia estava o paraguaio Rilme Eustaquio Ruiz, um membro do grupo terrorista paraguaio Exército do Povo Paraguaio (EPP).
Ruiz prestou depoimento ao Ministério Público boliviano, e assumiu fazer parte da organização terrorista e disse que permaneceria na Bolívia como "garantia" para o pagamento que seria realizado pelos traficantes do Comando Vermelho. Estima-se que os bolivianos receberiam 2,5 milhões de dólares pela remessa.
Esta foi a primeira evidência da joint venture firmada entre o EPP e os brasileiros do CV para o tráfico de cocaína a partir da Bolívia. As autoridades brasileiras já conheciam as relações das duas organizações para a produção e tráfico de maconha e armas do Paraguai para o Brasil.
Santulhão já havia sido preso pelo menos outras duas vezes no Paraguai, onde ele era conhecido como o "soldado de Fernandinho Beira-Mar". Em 2009, ele foi flagrado com 177 quilos de cocaína, que, segundo um relatório da polícia paraguaia, seria enviado para o Brasil para abastecer a rede comandada por Beira-Mar.
Conforme as autoridades bolivianas, o brasileiro já era investigado no país, de onde ele já havia conseguido fugir duas vezes. Ele e Ruiz operavam juntos pelo menos desde 2009, o que sugere que a relação entre o EPP e o Comando Vermelho tem pelo menos seis anos.
A carteira de identidade do brasileiro foi expedida pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de MS.