O estudante de geografia da USP, Lucas Assumpção Junqueira, 27, trava uma batalha pela vida num hospital de Bogotá, Colômbia. O jovem sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) no último dia 10 e desde então está internado em unidade de terapia intensiva na Clínica Palermo.
Sem plano de saúde ou seguro que garanta o custeio da internação, a família de Lucas faz campanha em redes sociais para pagar as despesas diárias da internação, que giram em torno de R$ 3.000, além dos custos com exames não realizados na unidade hospitalar.
Lucas é natural de Tupã (470 km de São Paulo), e já morava na USP havia dois anos. Este ano, conseguiu uma bolsa de intercâmbio para a Universidade Nacional da Colômbia. Chegou à Bolívia no último dia 2 e a expectativa era de ficar na capital colombiana por seis meses. Segundo a irmã do estudante, Nayara Junqueira, 31, a família está desesperada por garantir a transferência dele para o Brasil.
AVC
O estudante estava em sala de aula quando começou a passar mal, no último dia 10. Por volta das 7h30, horário da Colômbia, sentiu tonturas e começou a perder o movimento do lado esquerdo do corpo.
Ao sair da sala de aula, encontrou um amigo intercambista que o levou para o atendimento de saúde estudantil dentro da universidade. De lá, já sem os movimentos do lado esquerdo do corpo, foi encaminhado para a Clínica Palermo, uma unidade particular. Segunda a família, o seguro viagem adquirido por Lucas foi o mais simples possível e só cobre despesas de até R$ 120 por dia.
Segundo a irmã de Lucas, até a tarde desta terça (15), a dívida na clínica já somava R$ 11 mil. Mas a família também está pagando exames complementares que não são oferecidos na unidade de saúde. Todas as despesas somadas, até esta quarta (16), já superam R$ 20 mil.
"A possível transferência dele para o Brasil está dependendo de um exame no coração para detectar a presença de uma bactéria que poderia ter provocado o AVC. Esse diagnóstico vai nos orientar quanto ao tratamento e a possível transferência. Ainda não temos certeza de nada", diz a irmã, que tem uma pequena mercearia no interior paulista.
DOAÇÕES
A família do estudante conseguiu arrecadar R$ 10 mil já no primeiro dia de campanha em redes sociais. Parte desses recursos custearam a ida do irmão de Lucas, Matheus Junqueira, 21, para Bogotá. Ele chegou à Colômbia no último dia 12 e desde então tenta, junto ao Hospital e à embaixada do Brasil na Colômbia, encontrar a melhor forma de levar o irmão para o Brasil.
"A embaixada já nos avisou que não tem como nos ajudar com recursos financeiros. E ainda não temos definição sobre quanto e como poderemos transferir Lucas de lá [Colômbia]", explica a irmã. Nayara diz que a família tem renda mensal baixa. Ela e a mãe trabalham fazendo bolos e doces que são vendidos em uma pequena mercearia da família e o pai comercializa gás de cozinha. Lucas e Matheus, segundo a irmã, só estudam na capital paulista porque conseguiram vagas nas residências da USP.
Em depoimento publicado em rede social, Matheus conta que fez a primeira visita ao irmão no domingo (13). Lucas já respondia a alguns estímulos no lado paralisado. Segundo informações de Nayara, o irmão está consciente, nunca ficou em coma e já respira sem a ajuda de aparelhos.
Segundo Matheus, o corpo clínico que acompanha Lucas em Bogotá investiga um problema no coração do paciente. Após ressonância magnética, foi constatado que ele tem propensão maior para acumular bactérias que podem ter causado o AVC. "Mas isso ainda é uma hipótese que está sendo investigada", explica Matheus. O exame necessário para comprovar ou não esse diagnóstico deve ser feito nas próximas horas.
A reportagem procurou a Embaixada do Brasil na Colômbia, mas ninguém quis se manifestar sobre o caso. Um funcionário disse que apenas o Itamaraty pode repassar informações do que está sendo feito para o possível retorno de Lucas Junqueira ao Brasil. A reportagem aguarda uma posição do órgão.