Como aparentemente o aquecimento global decidiu passar o verão no Brasil, arcondicionado se tornou um item quase obrigatório nos automóveis em boa parte do país. E seu funcionamento cada vez mais frequente e necessário. Mas o equipamento sempre foi envolto por muitos mitos e verdades em relação ao seu funcionamento. Desde como aproveitar melhor seu rendimento e evitar desgaste ou consumo maior do carro, até a questão de limpeza dos dutos e do filtro. Só que o ar-condicionado reúne dicas mínimas e simples que o próprio motorista/usuário pode seguir, verificar e diagnosticar no dia a dia. A começar pelo acionamento do sistema ao ligar o carro. Quando o veículo ficou exposto ao sol, o ideal é colocar o equipamento na posição de recirculação de ar – fechada – para que o habitáculo esfrie mais rapidamente. Além disso, os especialistas garantem que, com o carro parado, não há qualquer mal em deixar o vidro aberto, só que, no máximo, por dois minutos. “Ajuda para que o ar gele mais rápido depois que o veículo ficou muito tempo no sol”, garante Marco Botta, supervisor técnico de pós-venda da Peugeot. “Nessa situação, tudo irradia calor: folha do teto, painéis e bancos. A janela aberta ajuda a extrair um pouco desse calor”, faz coro Eduardo Grassiotto, gerente de pós-venda da Citroën. Quanto à sobrecarga de ligar o carro com o ar ativado é um dos mitos que sobrevivem aos tempos das centrais eletrônicas. Nos modelos sem injeção, realmente virar a chave com o sistema acionado sacrificava bateria e motor. Hoje, o próprio computador que gerencia o automóvel se prepara para tais situações. Ou seja, ao ligar o motor, o ar, mesmo ativo, só entra em funcionamento de cinco a 10 segundos depois. O mesmo ocorre com premissas de que o ar diminui a eficiência. É fato que o equipamento rouba até 10 cv do motor, mas em diversas situações a central alivia o sistema. “Em caso de ultrapassagem, por exemplo, o sistema percebe a aceleração maior e desliga o ar por um tempo”, exemplifica Reinaldo Nascimebeni, supervisor de serviços técnicos da Ford. Depois que o interior gelar, o ideal é andar sempre com a circulação aberta – a não ser em ambientes poluídos, como túneis, estradas de terra e atrás dos famigerados caminhões e ônibus desregulados. Uma maneira de renovar sempre o ar dentro do veículo. “A circulação fechada usa sempre o mesmo ar, o que pode ocasionar problema de odores. É sempre bom misturar ar fresco”, receita Jomar Napoleão, vice-diretor do Comitê de Veículos de Passeio da SAE – Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Um ar viciado que pode ser ruim também para alérgicos e portadores de doenças respiratórias. “Se o carro está muito sujo e empoeirado, os ocupantes vão aspirar ainda mais poeira. Entre um dia e outro deve-se sempre renovar este ar”, aconselha o médico João Negreiros Tebyriçá, vice presidente da Asbai – Associação Brasileira de Alergia. A falta de limpeza do sistema pode causar outros problemas. Recomenda-se verificar a cada seis meses o filtro de ar, que, na verdade, é um filtro de pólen, que tem orifícios maiores. O filtro sujo pode comprometer a ventilação e a eficiência do equipamento. “O ar é uma geladeira. Só que ele precisa de ventilação e a inspeção regular do filtro facilita a identificação se o sistema está obstruído, seja por poeira, poluição ou fungo”, explica Julio Coupe, gerente de Serviços da General Motors. O que pode comprometer a saúde mais uma vez. “A não limpeza pode levar a uma infestação de fungos nos dutos, provocar crises alérgicas ou até ser um fator causador de alergia”, alerta Tebyriçá, da Asbai. Os fungos são um dos problemas do dispositivo. E os odores ruins podem ser um sinal. O sistema, aliás, naturalmente forma água na condensação, que escorre pelos pequenos tubos externos do equipamento. Assim que se desliga o carro em um ambiente fechado, como uma garagem, por exemplo, aquela água continua a minar, o que pode facilitar a formação de fungos. Um conselho interessante para minimizar esse risco é desligar o ar e manter apenas a ventilação dois minutos antes de chegar ao destino com o veículo. “O habitáculo continua gelado e, na hora que for desligar o carro, o sistema está seco, sem risco de formar fungos”, orienta Nascimebeni, da Ford.