Cidades

Problema segue?

Caminhoneiros alegam que nova concessão não garante qualidade na BR-163

Nesta quinta, a Motiva, novo nome do grupo CCR, venceu o leilão e que segue como "dona" da via pelos próximos 29 anos

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Animados com as possibilidades de melhora em parte do trajeto que lhes garante parte do sustento familiar, caminhoneiros que utilizam da BR-163 alegaram que a nova concessão vencida  pela Motiva (novo nome do grupo CCR) nesta quinta-feira (22) não garante que o trecho será de fato otimizado pelo grupo, que segue como "dono" da via pelos próximos 29 anos.

Às vésperas das obras, marcadas para junho, os profissionais destacaram que o serviço oferecido pela empresa atualmente está aquém daquilo que é cobrado nos pedágios.

Natural de Nova Andradina, Vanderlei Nascimento, 36 anos, utiliza parte do trajeto para garantir o sustento dos filhos. Autônomo e caminhoneiro profissional há 10 anos, destacou ao Correio do Estado que neste momento, a BR-163 é um problema de segurança e de falta de estrutura.

"Pelo preço que cobram nos pedágios, o serviço oferecido tinha que ser melhorado também", destacou. Em Campo Grande nesta tarde, saiu de Corumbá, na fronteira com a Bolívia, com destino a cidade de Perobal, no Paraná, onde irá descarregar uma carga de ureia. Além das questões de segurança, frisou que a rota é uma maneira que encontrou de ver os filhos, de sete e nove anos, que vivem no interior do Estado.

"Por conta dos pedágios e também para ver meus filhos, uso trajetos alternativos, não apenas para 'fugir' das cobranças, mas para matar a saudade das crianças. No final das contas você tem que orar para Deus pra não acontecer alguma coisa, estourar um pneu. Eles arrumam perto do pedágio, e longe nada", destacou o motorista, que lucra cerca de R$ 6 mil mensais, segundo ele, apenas 10% do que fatura mensalmente. Conforme o representante da Motiva, vencedora do leilão, a tarifa de R$ 7,50 por 100 quilômetros deve fazer com que o preço do pedágio atual na rodovia seja mantido.

Welman da Silva, 28 anos, natural de Douradina, queixou-se sobretudo das cancelas de pedágio, que segundo ele, não funcionam corretamente.

"As tags (de cobrança automática) não abrem, e quando abrem, nos cobram individualmente. Olha o jeito que a estrada tá? Duplicaram só um pedacinho e o resto nada.", frisou.

Welman da Silva, 28 anos, natural de Douradina, queixou-se sobretudo das cancelas de pedágio / Foto: Gerson Oliveira 

Com carga de soja, segue destino ao município de São Gabriel do Oeste por quatro vezes na semana. "Gasto R$ 1,6 mil por semana, R$ 6,5 mil por mês apenas com pedágio. Durante os 30 dias, lucro R$ 11,6 mil bruto, e me sobra cerca de R$ 6 mil mensais", disse.

Questionado se gosta do que faz, e se as condições de trabalho estão favoráveis, fez um depoimento forte. "Não tem outra coisa, é o que eu sei fazer, meu pai me ensinou a trabalhar e foi isso. O problema é a qualidade da pista. Em São Paulo você paga mas anda, aqui não é assim", finalizou.

Caminhoneiro há 43 anos, Edvaldo Campana, 60, disse que as condições estão difíceis, e que de modo geral, tudo encarece, enquanto o valor do frete, não sobe. Para ele, a BR-163 conta com muita trepidação. "Sobe tudo, óleo de motor, pneu, manutenção, e o frete não sobe. Segundo ele, quando muito bem feita, suas viagens entre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, geram um lucro de R$ 6 mil mensais, cerca de 40% do arrecadado mensalmente com as cargas de combustível. Natural de São Paulo, disse gastar em média R$ 2,4 mil mensais apenas com pedágio.

Paranaense, Rodrigo Thomas, 27 anos, também disse à reportagem que o trecho também está trepidante, além de mal sinalizado. " Tem que melhorar a estrada, a segurança, a estrada tem muita trepidação, iluminação bastante apagada e muitos buracos", disse o paranaense, que gasta cerca de R$ 11 mil reais mensais entre as viagens. Prestador de serviço à uma empresa, ele viaja com cargas de soja.

RodrigoParanaense, Rodrigo Thomas, 27 anos, também disse à reportagem que o trecho também está trepidante, além de mal sinalizado / Foto: Gerson Oliveira 

A concessão

A ordem de serviço para início das obras na BR-163 em Mato Grosso do Sul começa no mês de junho, informou o vice-presidente da Motiva (novo nome do grupo CCR), Eduardo Camargo.

As informações foram dadas logo após o leilão simplificado que garantiu à empresa a concessão da rodovia por mais 29 anos, ocorrido nesta quinta-feira (22), na B3, em São Paulo.

A assinatura do termo aditivo do contrato de concessão, que muda os critérios para os estabelecidos no leilão desta quinta-feira, será no mês de agosto, informou o executivo da Motiva. Em Mato Grosso do Sul, a empresa manterá o nome MSVia.

Não houve concorrência no leilão. Conforme o representante da Motiva, a tarifa de R$ 7,50 por 100 quilômetros deve fazer com que o preço do pedágio atual na rodovia seja mantido. Outros players, segundo apurou o Correio do Estado, não conseguiram, em seus estudos, oferecer uma tarifa inferior a R$ 12 por 100 km.

A operação da BR-163 abrange um trecho de 847,2 quilômetros. O leilão da rodovia, que atravessa Mato Grosso do Sul de sul a norte, entre as cidades de Mundo Novo, na divisa com o Paraná, e Sonora, na divisa com o Mato Grosso, é o primeiro do tipo otimizado.

O contrato original de concessão da rodovia foi assinado em 2014, mas enfrentou obstáculos, sobretudo durante a crise econômica de 2016 e 2017, o que fez com que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) interrompesse o financiamento para a duplicação da rodovia à época, somado à redução de movimento na rodovia causada pela diminuição da demanda durante a crise.

Neste novo ciclo estão previstos investimentos de R$ 16,5 bilhões, sendo R$ 9,3 bilhões em melhorias e ampliação da capacidade (Capex) e R$ 7,2 bilhões com custos operacionais (Opex).
Conforme a ANTT, o potencial estimado de geração de empregos diretos, indiretos e por efeito-renda é de 134 mil postos.

Primeiras obras

As primeiras obras na BR-163, apurou o Correio do Estado, serão de melhoria do piso e término de algumas duplicações que foram interrompidas na década passada, cujo trabalho de aterramento e terraplenagem está bastante adiantado.

O maior trecho da rodovia a ser duplicado compreende a intersecção entre as cidades de Nova Alvorada do Sul e Bandeirantes, passando pelo Anel Viário de Campo Grande.

A operação da BR-163 abrange um trecho de 847,2 quilômetros / Foto: Gerson Oliveira 

A duplicação do Anel Viário, conforme o cronograma, deve ser entregue até 2030, após cinco anos da assinatura do termo aditivo do contrato.

Veja o que o projeto contempla:

  • 203,02 km de duplicações
  • 147,77 km de faixas adicionais
  • 28,82 km de contornos urbanos
  • 22,99 km de vias marginais
  • 6 interseções tipo diamante (implantação e melhorias)
  • 7 interseções tipo trombeta
  • 6 correções de traçados
  • 1 trevo completo
  • 67 rotatórias alongadas (implantação e melhorias)
  • 22 retornos em X
  • 22 passarelas
  • 40 retornos em U
  • 49 trechos com iluminação em curvas
  • 379 acessos
  • 56 passagens de fauna
  • 144 pontos de ônibus
  • 55 obras de arte especiais (implantação e melhorias)
  • 3 pontos de parada e descanso
  • 17 bases de serviços operacionais e de atendimento ao usuário (BSOs e SAUs)

Saiba*

A BR-163 conecta 16 municípios de norte a sul do estado, como Mundo Novo, Eldorado, Itaquiraí, Naviraí, Juti, Caarapó, Dourados, Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul, Campo Grande, Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Coxim, Pedro Gomes e Sonora. 

*Colaborou Eduardo Miranda

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30 DIAS DE OPERAÇÃO

Polícia Ambiental conclui operação preventiva contra a prática ilegal de ceva no Pantanal

Segundo a PMA, 687 pessoas foram abordadas na ação que conscientizou sobre os impactos causados por práticas ilícitas da ceva

19/06/2025 17h30

As ações contaram com o empenho de equipes da PMA concentradas em regiões estratégicas como Corumbá, Coxim, Miranda, Bonito, Aquidauana e Campo Grande

As ações contaram com o empenho de equipes da PMA concentradas em regiões estratégicas como Corumbá, Coxim, Miranda, Bonito, Aquidauana e Campo Grande Foto: Divulgação / PMA

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Com foco na proteção da fauna e da ictiofauna da Bacia do Paraguai, a Polícia Militar Ambiental (PMA) encerrou nesta quinta-feira (19) a Operação Meio Ambiente Seguro.

De acordo com a PMA, o objetivo principal da operação era realizar ações preventivas contra a prática ilegal de ceva e atropelamentos de animais silvestres. 

As ações contaram com o empenho de equipes da PMA concentradas em regiões estratégicas como Corumbá, Coxim, Miranda, Bonito, Aquidauana e Campo Grande.

Além do trabalho da concientização, os policiais ambientais também atuaram na prevenção e repressão de diversos ilícitos ambientais, contando com o apoio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, por meio da Coordenadoria-Geral de Policiamento Aéreo (CGPA) para realizar o policiamento aéreo nas regiões de mata fechada.

De acordo com a PMA, a operação que durou 30 dias terminou com a aplicação de multas que somam, ao todo, R$ 995 mil. As infrações de maior valor aplicadas foram por poluição, totalizando R$ 847.000,00 em multas.

Um dos destaques da operação foi o número de pessoas abordadas e orientadas: ao todo, 687 cidadãos foram conscientizados sobre a importância da preservação da fauna pantaneira e os impactos causados por práticas ilícitas como a "ceva".

PERIGO DA CEVA

Conforme noticiado em reportagens do Correio do Estado, a ceva, que consiste em uma prática de oferecer alimentos a animais selvagens, é proibida há 10 anos em Mato Grosso do Sul.

Publicada em maio de 2015, a resolução destaca que "é proibida a alimentação ou ceva de mamíferos de médio e grande porte silvestres em vida livre para atrair, aumentar a chance de observação ou garantir sua permanência em determinada localidade."

Segundo o secretário-adjunto da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Educação (Semades), Arthur Falcette, a pratica de ceva foi constatada no pesqueiro onde Jorge Avalo, 62 anos, foi atacado e morto por uma onça, na região conhecida como "Touro Morto", em Aquidauana, entre os dias 20 e 21 de abril.

O corpo do caseiro foi encontrado, com sinais de esquartejamento pelo animal, na terça-feira, 22.

"Uma das poucas certezas que a gente tem sobre o caso era que estava sendo feita a ceva para o animal no local e essa prática, além de ser crime ambiental, pode desequilibrar o comportamento do animal que está sendo alimentado", afirmou o secretário-adjunto em entrevista coletiva no mês de abril.

br-463

Homem morre e dois ficam feridos em acidente entre carro e caminhonete

Acidente aconteceu na BR-463, entre os municípios de Dourados e Ponta Porã

19/06/2025 17h00

Caminhonete e veículo de passeio colidiram na BR-463

Caminhonete e veículo de passeio colidiram na BR-463 Foto: Reprodução

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Um homem morreu e duas pessoas ficaram feridas em um acidente envolvendo dois veículos, nesta quinta-feira (19), na BR-463, entre os municípios de Dourados e Ponta Porã.

De acordo com informações do site Dourados Agora, o acidente aconteceu entre uma caminhonete e um carro de passeio, nas proximidades do trevo de acesso ao distrito de Lagunita.

Informações preliminares da Polícia Rodoviária (PRF) apontam que, por motivos que ainda serão apurados, os veículos colidiram e, com o impacto, o carro de passeio capotou e parou com as rodas para cima, às margens da rodovia. Já a caminhonete continuou na pista.

O passageiro do veículo, que ainda não foi identificado, morreu na hora.

Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas e socorreram outras duas vítimas, que também não tiveram as identidades divulgadas, sendo uma mulher que estava no carro e o motorista da caminhonete.

Não há informações sobre o estado de saúde das vítimas.

A rodovia foi parcialmente interditada para os trabalhos da Polícia Rodoviária Federal e a Perícia Técnica da Polícia Civil realizavam os trabalhos de perícia e retirada dos veículos.

As circunstâncias do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Acidentes em rodovias

Conforme reportagem do Correio do Estado, de janeiro a maio deste ano, 114 pessoas morreram vítimas de acidentes em rodovias federais de Mato Grosso do Sul. Foram 173 acidentes.

Em todo o ano passado, 182 pessoas morreram e 1.940 ficaram feridas em acidentes registrados nas rodovias federais do Estado.

De acordo com a PRF, a maioria dos acidentes é causado por falhas humanas.

Os principais fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes e óbitos incluem as ultrapassagens perigosas, a não utilização do cinto de segurança, uso do celular ao volante e a condução do veículo sob efeito de álcool ou entorpecentes. 

Rodovias perigosas

Duas rodovias que passam por Mato Grosso do Sul estão entre as 10 mais perigosas do país, segundo estudo baseado nos dados do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT). A BR-163 (em 6º lugar no ranking) e a BR-262 (em 9º lugar) registraram, juntas, em 2024, mais de 4,3 mil acidentes e 392 óbitos. 

A mais perigosa é a BR-101, segunda estrada federal mais longa do País, que liga as regiões nordeste e sul, cortando 12 estados. 

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