A taxa de transmissão da Covid-19 em Campo Grande caiu em relação ao fim de julho, quando estava entre 1,2 e 1,4. Dados atualizados mostram que a transmissão agora varia de 1,1 a 1,2 na Capital, o que significa que a cada 10 contaminados pelo novo coronavírus outras 12 pessoas poderão ser infectadas.
O número foi retirado da plataforma CoronaCidades, do aplicativo Farol Covid, criada por pesquisadores da saúde e cientistas. A plataforma compila os números de todos os municípios brasileiros com base nos boletins emitidos por eles e pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a plataforma, Campo Grande é uma das capitais com as maiores taxas de contágio do País, mas, diferentemente de julho, quando ocupava a segunda posição, a cidade caiu para o terceiro lugar, acompanhada de Goiânia, Belo Horizonte e Belém.
No primeiro lugar está Florianópolis, com taxa entre 1,2 e 1,4; seguida por Palmas, que varia de 1,1 a 1,3. O recomendado pelas autoridades de saúde, porém, é que o número fique abaixo de 1. A média brasileira está em 0,9.
O titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), José Mauro de Castro Filho, afirmou que a queda dessa taxa reflete o que a pasta tem visto na prática, com redução da procura em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) por internações pela doença.
“Tanto no Polo de Atendimento [Ayrton Senna] quanto nas unidades de saúde esses pacientes sintomáticos respiratórios estão diminuindo, em média, 30%. Outra situação que está diminuindo é o número de pacientes internados. Esses dois fatores são determinantes e mais sensíveis em relação à transmissão”, declarou.
CURADOS
Castro, porém, faz uma ressalva. Segundo ele, esse número pode ser ainda menor porque leva em consideração alguns pacientes que já se curaram da doença.
De acordo com ele, metade dos testes para Covid-19 em Campo Grande é de biologia molecular (RT PCR) e a outra metade é referente aos sorológicos (testes rápidos).
“A transmissão fica prejudicada, primeiro porque nós temos um termômetro de que com 14 dias o paciente está recebendo o resultado do exame, isso não é um método adequado para você fazer uma avaliação porque já começa com um delay”, pontua.
Ele prossegue explicando que um dos problemas é a outra metade dos testes, que são os rápidos.
“Dessa segunda metade 80% são positivos, mas são pacientes que já tiveram contato com o vírus, estão positivo para a doença, mas tecnicamente são considerados curados e não transmitem, porém, está sendo computado no índice de transmissão”, detalha.
“Existe essa lacuna que faz com que o parâmetro notificação não seja tão sensível quanto a procura do paciente nas UPAs e nas internações”, avalia.
Segundo dados do governo do Estado, a ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em Campo Grande no início da noite de ontem era de 82%, tanto de unidades de saúde públicas como privadas. Esse porcentual já chegou a 100%.
Atualmente, a Capital contabiliza 16.988 confirmações do novo coronavírus e desse número 254 evoluíram para óbito. Nas últimas 24 horas, 507 exames deram positivo e 3 mortes foram contabilizadas – duas que ocorreram no dia 4 e uma no dia 7 de agosto.
A cidade é o epicentro da doença em Mato Grosso do Sul e é responsável por 43% dos casos de todo o Estado.
Segundo estudo feito pela própria Sesau, a estimativa é de que esse número seja ainda maior. Pesquisa feita pela pasta e divulgada nesta semana pelo Correio do Estado mostra que a cidade tem uma taxa de contaminação de 18% da população, o que indica que mais de 160 mil pessoas podem estar com a doença.