A Azul Linhas Aéreas vai parar de operar voos do Aeroporto de Viracopos (Campinas) para Corumbá com o fim da temporada de pesca. Existe perspectiva para que as atividades retornariam apenas a partir de fevereiro, quando a pesca esportiva volta a ser autorizada na região, mas não há confirmação sobre esses prazos.
A medida acaba interrompendo um modal de conexão do turismo para a região pantaneira, mas a Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul avalia que a situação atinge cerca de 10% das operações da cidade, enquanto o meio terrestre corresponde aos outros 90%.
A empresa entrou em recuperação judicial, divulgada no dia 30/5, e prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para controlar as dívidas. Por conta desse procedimento, aprovado na Justiça dos Estados Unidos, a previsão é que 30 aviões da Azul parem de operar.
A possibilidade de retomar as atividades nos padrões anteriores a maio só ocorreria daqui a 9 meses, estimam especialistas do setor do turismo.
Para Corumbá, como só a Azul atua com voos, o impacto no cancelamento das viagens é enorme. Ainda não há confirmação que a mesma situação vai gerar reflexos também para Bonito, onde a empresa também tem operação.
Quem, inclusive, tem voos previstos para o período afetado precisa recorrer à Azul para solicitar atendimento especializado, em concordância com o que determina a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A resolução 400, de 13 de dezembro de 2016, é que trata sobre esse tipo de ocorrência nos voos.
Bruno Wendling, presidente da Fundtur/MS, divulgou vídeo em rede social e pontuou que os voos para Corumbá estão previstos para seguir sem alteração até final de setembro, período de alta temporada para a pesca esportiva no Pantanal. Ele informou que há tratativas para que outra empresa possa, talvez, operar na Capital do Pantanal.
Sobre a situação da Azul, Wendling destacou que os impactos serão nacionais. “A previsão é que 30 aeronaves deixem de voar nos próximos meses, impactando entre 20% e 25% da malha aérea nacional, e no Estado não vai ser diferente”, explicou.
Conforme a Fundtur, Corumbá recebeu, em 2024, mais de 100 mil turistas. Desse total, pouco mais de 8 mil foram por meio aéreo. Neste ano, até abril, pouco mais de 3,5 mil pessoas viajaram para a Capital do Pantanal por avião. Outras 45 mil chegaram na cidade por via terrestre.
“No cenário que menos de 10% das pessoas chegando pelo modal aéreo, se a gente levar em consideração que 100% das pessoas desse público não iriam mais ao destino, o que eu não acredito que seja a realidade, a gente teria um impacto, mas que seria de menos de 10% do total. Os voos vão continuar até final de setembro. Temos o modal rodoviário, que é a principal alternativa. Tem a opção ainda chegar a Bonito ou Campo Grande (por avião) e seguir para Corumbá por via terrestre, existem também voos particulares curtos para o público internacional”, ponderou Bruno Wendling sobre possíveis impactos com o fim dos voos.
Ele destacou que não existe, no curto prazo, uma solução para a situação do modal aéreo em Corumbá. A cidade, inclusive, teve seu aeroporto internacional concedido à empresa Aena, que também administra o Aeroporto de Campo Grande, de Ponta Porã, bem como o de Congonhas.
Neste último, por ser um dos principais do país, havia uma expectativa que Corumbá poderia ter avanços na sua conexão com o restante do Brasil por meio aéreo.
“A gente tem trabalhado para procurar outras companhias aéreas, como é o caso da Gol, para que possa haver esse voo para Corumbá. A negociação não é fácil em curto prazo, mas estamos olhando para soluções”, disse Bruno Wendling.