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Casos de Covid-19 explodem, mas vacinação impede colapso, diz especialista

Em um mês, média móvel de episódios cresceu 9.416,5% em MS, saindo de 10,9 para 1.026,4 por dia

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A quantidade de casos de Covid-19 em Mato Grosso do Sul teve um salto de 9.416,5% em um mês. A quantidade elevada de casos é reflexo da circulação da nova variante Ômicron, a mais contagiosa da doença. 

E, segundo especialistas, esse crescimento só não foi convertido em aumento de internação e um possível colapso na saúde por causa da vacinação.

No dia 23 de dezembro de 2021 (boletim divulgado mais próximo do dia 21), a média móvel de casos diários de Covid-19 em Mato Grosso do Sul era de 10,9, conforme boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Já nesta sexta-feira, a mesma média móvel se encontra em 1.026,4, variação de 9.416,5%.

Só nesta sexta-feira foram contabilizados mais 1.134 casos de coronavírus em todo o Estado, com cinco mortes acrescidas. A média móvel de mortes está em 3,6 por dia, enquanto há um mês era de 1,7. 

Apesar do aumento de casos, mortes e de internações (que passaram de 44, 24 leitos clínicos e 20 UTI, para 231, 169 leitos clínicos e 62 UTI), a complicação da doença não se assemelha de seis meses atrás.

Isso porque da última vez que o Estado esteve neste patamar de média móvel de casos foi no dia 1º de julho de 2021, quando eram 1.097,3 episódios diários. 

Naquela época, havia 845 pessoas internadas por Covid-19 em Mato Grosso do Sul, das quais 369 estavam em leitos clínicos e 476 em unidades de terapia intensiva (UTI). A média móvel de mortes estava em 39,9.  

A diferença entre esses meses está na quantidade de pessoas vacinadas contra a doença no Estado. No dia 1º julho, apenas 41,45% da população geral havia tomado a primeira dose, enquanto 17,32% tinham completado o esquema vacinal com as duas aplicações.

Até a tarde desta sexta-feira, no entanto, eram 82,75% com primeira dose e 73,79% com duas doses ou dose única. Além disso, o Estado ainda tem 60,64% da população acima dos 60 anos ou pessoas com deficiência em instituição acima de 18 anos com a dose de reforço.

Para a médica infectologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ana Lúcia Lyrio, com essa quantidade de casos diários já poderia ter feito o sistema de saúde entrar em colapso se não fosse pela vacinação em massa contra a doença.

“Com esse número de casos, estaríamos pior do que o pior cenário que tivemos, sem leitos públicos ou privados. Em todo o mundo a vacina propiciou casos leves. A vacina não impede a infecção, mas protege contra formas graves. Isto está claro”, declarou a especialista.

A médica ainda salientou que neste momento, apesar das 231 pessoas internadas com a doença, a maioria não necessita de tratamento intensivo e estão na enfermaria dos hospitais. “No pico anterior, tínhamos no meio predomínio de UTI em números 10 vezes maiores. Agora, se tivéssemos uma cobertura vacinal maior, não teríamos impacto [nenhum] na rede hospitalar”.

“O comprometimento pulmonar é raro nos vacinados. E a maioria dos internados não é vacinada. A cepa é mais benigna, porém, extremamente contagiosa”, completou a médica sobre o perfil dos internados atualmente.

REGIONAL

Referência no tratamento da Covid-19 em Mato Grosso do Sul, o Hospital Regional de Campo Grande, que já precisou ter 140 leitos de UTI para casos da doença, hoje consegue manter o atendimento com apenas 18, além dos leitos clínicos.

De acordo com o diretor técnico e assistencial da unidade, Paulo Limberger, o maior problema hoje não são os hospitais, mais, sim, as unidades de saúde, que têm recebido grande quantidade de pacientes com sintomas respiratórios.

“Nosso maior problema são os postos de saúde, gente que precisa passar pelo médico para ter diagnóstico preciso, então a pressão grande é para fazer diagnóstico, pessoas tem de ficar isolada em casa e necessitam desse atestado. 

Aqui nós temos todos os leitos Covid-19 ocupados, mas nada perto do que era. Temos um setor Covid-19 e duas UTIs. Mas hoje vemos que os pacientes ficam menos tempo internados e com casos menos graves. Antes ficavam vários dias e com uma série de complicadores”, explicou Limberger.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) para saber do aumento, mas a Pasta não respondeu até o fechamento desta edição.

CASOS

Conforme o boletim divulgado na sexta-feira pela SES, o Estado tinha quase 15 mil casos ativos, entre pessoas que estão em isolamento domiciliar e internações.

Uma dessas pessoas é a fisioterapeuta Lucimara Aparecida Silva Paniago Barbosa, de 36 anos, que pegou Covid-19 pela segunda vez. 

A profissional conta que desta vez tem apresentado sintomas mais fortes. “Dessa vez tive mais dor de cabeça, dor de garganta, febre alta”.

“A primeira vez que tive foi em outubro de 2020, agora novamente. Os sintomas de agora foram mais fortes. Creio que a vacinação foi essencial para não evoluir para uma internação”, completou a fisioterapeuta, que tomou as três doses disponíveis das vacinas.

Além de Lucimara, a família toda foi infectada, mãe, dois sobrinhos e três irmãos. Mas nenhum deles necessitou de internação. 

“Todos com sintomas gripais intensos, mas estão bem. Mas isso ressalto, foi a vacinação. Gracas a Deus todos estão imunizados. Covid-19 chegou e ninguém evoluiu para pior. As pessoas precisam acreditar na vacina. Mais de 600 mil pessoas se foram sem ao menos ter essa chance. A vacina nunca foi para nunca mais pegar o vírus, mas ela deixa os sintomas mais leves. Evitando uma internação”, ressalta a fisioterapeuta, que cumpre isolamento em casa.

Ao todo, Mato Grosso do Sul já contabiliza 397.919 casos confirmados da doença e 9.778 mortes em decorrência dela.

MORTE INFANTIL

Do total de óbitos de Mato Grosso do Sul pela Covid-19, sete eram de crianças entre cinco e 11 anos, dado computado desde o início da pandemia, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Este público iniciou a vacinação apenas no dia 15 de janeiro deste ano.

O número foi contabilizado desde março de 2020 até a primeira semana de janeiro de 2022, com registros feitos nos Cartórios de Registro Civil do Mato Grosso do Sul.

As crianças mais afetadas pela doença foram as de nove anos, com três mortes registradas. 

Na faixa etária de cinco, seis, 10 e 11 anos, foi registrado uma morte. Ainda de acordo com o levantamento, foram dois falecimentos de crianças do sexo masculino e cinco do sexo feminino.

“Mesmo com baixo número de óbito pelo vírus, as nossas crianças ainda precisam continuar usando máscaras, mantendo as mãos higienizadas constantemente e ainda buscar pela vacinação”, disse o presidente da Arpen-MS, Marcus Roza. (Colaborou Izabela Cavalcanti)

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Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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CORONAVÍRUS

Atraso da vacina atualizada da Covid atrai críticas de fora da política ao governo Lula

No início da semana, a pasta atribuiu a demora na compra das vacinas ao processo de compra

19/04/2024 16h00

Integrantes da comunidade científica, profissionais de saúde, entre outros grupos, lançaram nesta semana um abaixo-assinado cobrando do Ministério da Saúde a entrega das vacinas preparadas para novas variantes. Myke Sena / Ministério da Saúde

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O atraso na compra da vacina atualizada da Covid tornou o governo Lula (PT) alvo de críticas que extrapolam o campo da política e grupos como o centrão.

Integrantes da comunidade científica, profissionais de saúde, entre outros grupos, lançaram nesta semana um abaixo-assinado cobrando do Ministério da Saúde a entrega das vacinas preparadas para novas variantes e mais medidas para fortalecer o combate à doença que matou ao menos 3.012 pessoas em 2024 —cerca do dobro das 1.544 mortes confirmadas por dengue no mesmo período.

"É inadmissível o total abandono que estamos vivendo em um país reconhecido mundialmente por nossas campanhas de vacinação e por um governo eleito com esta pauta", afirma o texto publicado no site "Qual Máscara?", que reúne informações sobre o combate ao novo coronavírus.

Procurada nesta sexta-feira (19), a Saúde não se manifestou sobre as críticas. No início da semana, a pasta atribuiu a demora na compra das vacinas ao processo de compra e afirma que faz o possível para agilizar o contrato.

O documento recebeu originalmente 15 assinaturas. Mais de 1.780 pessoas aderiram à carta após o texto ser divulgado nas redes sociais.

A conduta negacionista de Jair Bolsonaro (PL) na pandemia e o desdém do ex-presidente pelas vacinas foram fortemente explorados por Lula na campanha eleitoral de 2024. A falta de novas doses, agora, levanta críticas à gestão petista.

Em fevereiro, a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, afirmou no X que a vacina adaptada à variante XBB chegaria ao Brasil no mês seguinte. Em março, a ministra Nísia Trindade prometeu começar a vacinar grupos prioritários em abril.

O imunizante, porém, ainda não foi comprado, o que fez a Saúde adiar o começo da campanha de imunização da Covid-19.

Integrantes da Saúde esperam fechar nesta sexta-feira (19) a compra da vacina da Moderna. O Departamento de Logística da pasta já deu aval para adquirir 12,5 milhões de doses, por R$ 725 milhões.

A ideia do ministério é que um primeiro lote chegue ao Brasil em cerca de uma semana. Como é preciso distribuir os imunizantes aos estados e municípios, a nova projeção é de começar a campanha em maio.

"Vai haver uma necessidade anual de atualização [das doses]. O Brasil é que dormiu no ponto, não comprou as vacinas", afirma Monica De Bolle, professora de economia na Universidade Johns Hopkins e mestre em Imunologia e Microbiologia pela Universidade de Georgetown. Ela também assina a carta publicada no site "Qual Máscara?".

De Bolle diz que a vacina bivalente, última ofertada pelo SUS, já está desatualizada e não protege corretamente contra as formas predominantes da Covid-19.

"A bivalente tem dois pedaços da proteína Spike, que é a de superfície do vírus, a principal, que conecta o vírus às nossas células. Essa vacina tinha a versão original da Spike, ainda do vírus que emergiu de Wuhan, e mais uma versão da Spike de uma variante da Ômicron que não está mais em circulação", explica. "Como nem o vírus original de Wuhan nem essa variante específica estão em circulação, a bivalente é uma vacina que não adianta muita coisa."

A Anvisa aprovou há quatro meses o uso no Brasil da vacina da Pfizer para a variante XBB. Em março, concedeu o mesmo aval para o imunizante da Moderna.

O ministério afirma que planejava uma compra de imunizantes no meio de 2023, mas aguardou estas novas versões surgirem no mercado. A Saúde abriu um processo de compra emergencial das 12,5 milhões de doses após o aval dado à Pfizer.

O período de lances para a proposta de contrato da vacina começou em 8 de março. Participaram da disputa Pfizer e Moderna, que apresentou menor preço. Mais de um mês depois, ainda não há desfecho da compra. A Saúde espera anunciar a contratação nesta sexta, e atribui o atraso aos recursos apresentados na inédita disputa de duas empresas por um contrato de vacina do SUS.

A carta direcionada à Saúde, publicada no site "Qual Máscara?", também reclama da entrega de doses desatualizadas às crianças.

"Ainda em 2023, as crianças ficaram privadas da dose atualizada da versão infantil da vacina bivalente, tendo de contar apenas com as vacinas produzidas para as cepas originais, que não estão mais em circulação. A vacina mais atual, desenvolvida contra a variante XBB, está disponível para o público do hemisfério norte desde setembro de 2023, com dose de reforço já liberada para a vacinação de idosos nos Estados Unidos desde fevereiro de 2024", diz o texto.

O mesmo documento mostra preocupação com o número de doses da compra emergencial, que não cobre nem sequer grupos prioritários, também aponta falta de dados confiáveis sobre a doença e baixa testagem no Brasil.

A Saúde afirma que também fará outra compra regular de vacinas —o plano da pasta é adquirir cerca de 70 milhões de imunizantes neste ano.

"Países como os Estados Unidos, Dinamarca, Japão, Chile e Paraguai já vacinam a população desde o segundo semestre de 2023 [com doses preparadas para a XBB]. O Ministério alega que as vacinas bivalentes protegem igualmente (o que não é verdade), mas cidades como o Rio de Janeiro sinalizam a falta completa de estoque de vacinas bivalentes para Covid", afirma ainda o grupo, na carta direcionada à Saúde.

Nas redes sociais, o divulgador científico Atila Lamarino também questionou a estratégia do governo Lula sobre a Covid. "Com tantos sinais conflitantes, queria entender qual estratégia pretendem seguir e o porquê", disse em publicação no X.

Questionada sobre críticas que a atual gestão pode receber pela falta de doses no início da semana, Ethel Maciel disse que o ministério fez todo o possível para acelerar o contrato.

"A gente depende da aprovação da Anvisa [do registro da vacina atualizada], que aconteceu em dezembro. A gente iniciou a compra, que está acontecendo agora. Tivemos essa questão do pregão, com duas concorrentes. Do ponto de vista do Ministério da Saúde, tudo o que poderia ser feito para que o processo fosse o mais célere possível, foi feito", disse a secretária.

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