No ano passado, 58 pessoas morreram no local do acidente nas ruas e avenidas de Campo Grande. O número é 36% menor que os 91 registros do ano anterior. Além disso, nos primeiros quatro meses deste ano verificou-se nova retração, de 26% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2009. De janeiro a abril foram 14 óbitos, ante 19 no ano passado. Até agora não existe explicação objetiva, pois o total de acidentes continua aumentando, na ordem de 8%, mesmo percentual de crescimento da frota na cidade. Além disso, os dados sobre mortes no local do acidente não são os mais confiáveis. Para conhecer a real situação é necessário aguardar pelos dados do Denasus, que coleta todas as informações relativas às mortes que ocorrem dias ou meses depois do acidente.
Porém, uma possível explicação para as seguidas e significativas retrações no número de acidentes fatais na cidade pode ser o aumento da fiscalização. Dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) indicam que a quantidade de multas aumentou em 178% na comparação do primeiro quadrimestre do ano passado com igual período deste ano, passando de 7,6 mil para 21,1 mil punições. Uma das justificativas para esta explosão na quantidade de notificações é o aumento no número de agentes, os chamados amarelinhos nas ruas da cidade. Desde o começo de 2009 cresceu em pelo menos 50% a quantidade de amarelinhos, passando da casa dos 30 para 45.
Se aumento de multas e redução de mortes têm relação de causa e efeito, somente um estudo mais aprofundado poderia dizer. Porém, os dados são muito significativos e precisam ser analisados com o máximo cuidado e urgência. Em 2009 foram 33 mortes a menos no local dos acidentes. No primeiro quadrimestre de 2010 já são outras cinco a menos. É evidente que não se trata de defender uma possível indústria da multa. Porém, se os agentes multam 175 motoristas por dia, em média, é porque as irregularidades acontecem. A irresponsabilidade de condutores é um fato incontestável.
E, a partir da próxima semana, 30 concursados começam o curso preparatório para agente de trânsito e a previsão é de que em julho 20 deles estejam nas ruas. Em se confirmando esta previsão, a quantidade de amarelinhos terá aumentado em mais de 100% em um ano. Além disso, existe possibilidade de outras duas dezenas de aprovados no recente concurso serem chamados no futuro. Sendo assim, será a primeira vez, em quase duas décadas, que algo significativo é feito na cidade para tentar interromper a escalada da violência, que envolve principalmente motociclistas. Se a Polícia Militar, que também tem responsabilidade pela fiscalização, fizesse algo parecido, certamente Campo Grande deixaria de figurar no topo das listas das cidades com trânsito mais violento no País.