É de conhecimento público a venda de drogas, a prostituição e assaltos no Centro de Campo Grande, nas proximidades da Praça Ary Coelho. Qualquer pessoa que resida na Capital, sem sombra de dúvida, confirmaria esta problemática na região. Mas, a situação piorou depois da desativação da rodoviária velha, no Bairro Amambaí, e providências não são tomadas. Sentindo-se livres de qualquer repressão, traficantes promovem todas as noites uma verdadeira "feira livre" de drogas na Rua Sete de Setembro. Moradores são "submetidos" a toque de recolher, pois não podem sair de casa a partir das 21 horas.
Todo esse cenário caótico — assustador para qualquer pessoa que precise passar por estas ruas durante o período da noite — vem tomando proporções cada vez maiores, enquanto autoridades fazem vistas grossas para coibir as irregularidades. E os moradores têm motivos de sobra para ficar com medo, pois, somente na semana passada, foram duas pessoas assaltadas, além dos furtos a estabelecimentos comerciais.
Durante a noite em que a reportagem acompanhou a desordem no Centro, viaturas passaram três vezes pelos locais onde estavam os traficantes e usuários de drogas. Todos correram e se esconderam, mas nem havia necessidade porque não foi feita abordagem alguma. Somente os policiais, que têm a obrigação de combater os crimes cometidos, não viram a movimentação. Mas, até que ponto o policiamento seria eficaz para reduzir o tráfico e consumo de drogas na região?
Certamente, uma grande operação policial concentrada nesta região traria um pouco de paz a comerciantes e moradores, obrigados a conviver diariamente com a "cracolândia" de Campo Grande. No entanto, esta calmaria não iria durar muito se a medida de fiscalização e repressão não fosse mantida. Ainda mais, os usuários somente mudariam de ponto por um tempo, como costumam fazer para fugir dos locais onde estão focadas as grandes operações;
Pela legislação de 2006 que trata sobre drogas, usuários e dependentes químicos teriam de ter garantido acesso a tratamento para largar o vício. No entanto, o Governo não oferece estrutura para que essa norma seja cumprida. Não há vagas nos poucos centros especializados existentes. Esse fato torna-se mais grave porque o consumo de entorpecentes com efeitos mais devastadores, como o crack, tem aumentado e, inclusive, atingido todas as camadas sociais. Essa é apenas uma das lacunas que, infelizmente, tornam distante a realidade de muitas capitais brasileiras dos ideais preconizados na lei.
As providências devem ser adotadas em conjunto para dar resultado. Por isso, além da polícia, que não pode continuar omissa no cumprimento de seu papel, governantes e Ministério Público também precisam dar sua parcela de contribuição para pôr fim à venda e ao consumo de droga na área central da Capital. O alerta é geral e as respostas aos apelos da comunidade precisam ser urgentes.