Karine Cortez Enviada especial
Miranda (MS)
Na manhã de ontem o clima ainda era de tensão na sede da Fazenda Petrópolis, situada às margens da MS-446, em Miranda, onde foi cumprida, na tarde da última segunda-feira, a ordem judicial dando reintegração de posse ao ex-governador Pedro Pedrossian. O filho dele, Pedro Paulo Pedrossian e outros fazendeiros da região passaram a noite na sede da propriedade e não conseguiram dormir com medo de sofrer represálias dos índios da etnia terena, que estavam acampados em parte da fazenda. “Os amigos vieram para cá nos dar apoio moral, mas nem conseguimos pregar o olho. Os índios estão ameaçando voltar a qualquer momento e nós não temos segurança alguma aqui”, disse Pedro Paulo. Uma viatura da Polícia Militar (PM) em Miranda, com dois PMs, fez ronda pela rodovia e ficou na propriedade até as 8h. “Eles foram embora, mas disseram que não vão voltar mais, porque não podem se envolver em confronto com índios. E agora? Quem vai garantir a nossa integridade física?”, questionou Pedro Paulo.
Ele disse que pretende contratar segurança particular para dar proteção aos trabalhadores da fazenda, aos proprietários e ao patrimônio que existe no local. “Gradativamente vamos retomando os trabalhos aqui. Vamos trazer os gados aos poucos e reativar a sede da fazenda”, enfatizou. Ele fez questão de ressaltar que não é contra os direitos dos indígenas, mas que está lutando pelo que é de fato da família Pedrossian. “Estamos fazendo tudo conforme determina a lei. Se tivesse saído a decisão da Justiça dizendo que essa área é deles, eu entregaria, sem contestar. Mas foi-nos dada a reintegração de posse e eles (os índios) ficam deturpando nossa imagem dizendo que queremos prejudicá-los. Não é nada disso”, garantiu Pedro Paulo.
O filho de Pedrossian contou que esta foi a segunda invasão dos indígenas, sendo que a primeira ocorreu em 2008 e a segunda em outubro do ano passado. Segundo ele, quando os índios ocuparam o local “enxotaram” as pessoas que trabalhavam na fazenda. “Eu tinha umas quatro famílias que trabalhavam aqui e foram para a rua quando os índios chegaram. Tive que dar um jeito de alojar essas pessoas que foram retiradas daqui como cachorro pelos terenas”, disse.
Prefeitura
Os fazendeiros da região reclamam de que a Prefeitura de Miranda tem dado muita assistência aos indígenas e nem se preocupa com os produtores. “Sempre que pedimos algum apoio da prefeitura eles dizem que não podem se envolver com questões indígenas”, disse a proprietária de uma fazenda na região, Denivalda Maria da Silva e Pedro Paulo. Mas a secretária administrativa da Prefeitura de Miranda, Maria Célia da Silva Bompard, em nome do prefeito José Neder, que estava em Brasília, disse ontem que nada podem fazer para conter as invasões dos índios. “A PM não pode intervir na questão indígena, só a Polícia Federal. Mas, nós esperamos que não ocorra o confronto com os fazendeiros”, disse.
A secretária fez questão de lembrar que na semana passada a cidade ficou dois dias sem fazer a coleta de lixo porque os terenas bloquearam a entrada do lixão. “Não tínhamos onde despejar o lixo e por isso ficamos sem fazer a coleta. Os índios não poupam ninguém”, enfatizou.