Aviões da coalizão internacional formada contra as forças de Muammar Kadhafi atacaram a capital líbia Trípoli e a cidade natal do ditador, Sirte, na noite deste domingo (27), como informa a agência Associated Press.
Foi a primeira vez que as aeronaves ocidentais atacaram Sirte, um importante obstáculo para que os rebeldes, que avançam rapidamente a oeste, possam chegar a Trípoli.
A Associated Press informa que pelo menos nove explosões foram ouvidas na capital. Tiros de armamentos antiaéreos vieram na sequência.
A televisão líbia afirmou se tratar de bombardeios das forças ocidentais. "Áreas civis e militares em Trípoli foram atingidas há pouco pelo cruzados, agressores colonialistas", transmitiu a emissora. As explosões foram seguidas por tiros antiaéreos.
Um repórter da agência Reuters ouviu quatro explosões na região de Sirte. A cidade é estrategicamente importante porque o aeroporto civil, ao sul da cidade, também aparenta ser uma grande base aérea militar. Imagens de satélite mostram que há cerca de 50 galpões de concreto armado, do tipo normalmente utilizado para guardar caças.
Combates e petróleo
Forças leais a Kadhafi lutaram com rebeldes no centro de Misrata neste domingo (27). Os insurgentes reconquistaram o porto petroleiro de Ras Lanuf e a localidade de Ben Jawad, no leste do país. Eles anunciaram que pretendem retomar as exportações de petróleo em breve.
Os campos petrolíferos nestas regiões produzem entre 100 mil e 130 mil barris por dia, afirmou neste domingo um porta-voz da insurreição, indicando que a oposição planeja retomar as exportações em menos de uma semana.
Otan assume
A Otan assumirá o comando de todas as operações militares na Líbia, anunciou neste domingo um dirigente da Aliança Atlântica ao término de uma reunião dos 28 embaixadores de seus países-membros em Bruxelas.
"A Otan decidiu hoje (domingo) implementar todos os aspectos da resolução 1973 da ONU para proteger os civis e as zonas povoadas de civis, ameaçados por ataques por parte do regime do coronel Kadhafi", declarou um representante da Otan que não quis ser identificado, de acordo com informações da agência AFP.
A Otan já havia concordado na quinta-feira assumir a manutenção da zona de exclusão aérea e controlar com uma operação naval a aplicação do embargo de armas, também em conformidade com o mandato das Nações Unidas.
Até agora, o controle da zona de exclusão aérea e a proteção da população civil estavam a cargo de uma coalizão de voluntários liderados por França, Grã-Bretanha e Estados Unidos. O tenente-general Charles Bouchard, da Força Aérea Canadense, será responsável pelas operações da Otan na Líbia, informa a agência EFE. Bouchard é atualmente o vice-chefe do Comando Conjunto Aliado de Nápoles (Itália), onde as ações são dirigidas no país norte Africano.
Os combates de 6 de março, que deixaram 12 mortos e 50 feridos, foram o ponto de partida da contraofensiva do regime, cujas tropas chegaram a Benghazi em 19 de março, e depois foram expulsas pelos bombardeios da coalizão.
Nos últimos três dias, as forças insurgentes conquistaram sucessivamente as cidades de Ajdabiya, ponto estratégico a 160 quilômetros de Benghazi, além de Brega, Ras Lanuf e Ben Jawad. O avanço coloca os rebeldes de volta ao controle dos principais terminais de petróleo da região, como Es Sider, Ras Lanuf, Brega, Zueitina e Tobruk.
No sábado, rebeldes líbios afirmaram ter obtido o controle da cidade de Brega, na região leste da Líbia, localizada a cerca 182 km a oeste da capital Trípoli. "As forças rebeldes ocupam 100% de Brega", disse Shamsiddin Abdulmolah, porta-voz do grupo de libertação em Benghazi. Ele disse também que mais tropas de oposição ao governo de Kadhafi saíram nas ruas, o que prova o sucesso da campanha rebelde no país.
O exército francês conseguiu abater com sucesso cinco aeronaves Galeb e dois helicópteros de combate Mi-35 do governo líbio próximo a cidade de Misrata no sábado, de acordo com o Ministério da defesa do país. Este ataque foi alguns da França na Líbia nas últimas 24 horas, que investiu contra diversos alvos nas cidades de Zintan e Misrata.
Também no sábado o acesso pelo leste da estratégica cidade de Ajdabiya, a 160 quilômetros ao sudoeste de Benghazi, na Líbia, caiu em mãos dos rebeldes. Os insurgentes conseguiram entrar na localidade e lançaram um ataque contra o local onde as forças de Kadhafi guardavam sua munição e interromperam a passagem ao centro da cidade.
Na sexta-feira (25), a aviação da coalizão internacional lançou sucessivos ataques sobre as posições das brigadas de Kadhafi, que controlavam o centro de Ajdabiya e mantinham carros de combate e unidades blindadas em alguns de seus acessos para sustentar o controle viário do leste do país.