Madeira podre, assoalho quebrado e nenhuma segurança. Uma ponte localizada na zona rural, entre Campo Grande e Nova Alvorada Sul, preocupa quem vive na região. A estrutura, que fica sobre o Rio Anhanduí e faz parte do caminho percorrido por ônibus do transporte escolar, está visivelmente abalada, podendo despencar a qualquer momento. Sem respostas do poder público, a população cobra manutenção antes que um acidente aconteça.
De acordo com Victoria dos Santos, que mora na região, a ponte fica na estrada que dá acesso ao Distrito de Pana, em Nova Alvorada do Sul, e há cerca de quatro meses está em condições deploráveis, oferecendo risco a motoristas, passageiros e até pedestres. “Por ali, passa um ônibus com 41 alunos, caminhões de gado, lavoura, tudo. Já procuramos ajuda dos secretários de Nova Alvorada do Sul e de Campo Grande, há meses estamos esperando resposta e nada, fica pior a cada dia. Os carros vão passando e a madeira despencando. Ainda não aconteceu nenhum acidente, mas falta pouco”, explica.
A mulher conta que as crianças da região chegaram a ficar uma semana sem ir à escola porque os pais estavam com medo de que a estrutura caísse e esperavam que a prefeitura tomasse alguma providência, mas até agora nada foi feito, a não ser uma medida paliativa tomada pelos próprios moradores e que não garante segurança nenhuma. “Meu filho tem apenas cinco anos e tem medo de cair no rio. As crianças ficaram mais de uma semana sem ir [para a escola]. Não mandamos para ver se alguém tomava alguma providência. Procuramos alguns contatos, mas só promessas. Então, o pessoal que usa a ponte tirou as madeiras do guard-rail e colocou nos buracos para poder passar. Tivemos que mandar nossos filhos de volta para a escola, porque já estavam ficando prejudicados”, conta.
A moradora explica que a fazenda onde mora fica em Campo Grande, porém, a escola das crianças é em Nova Alvarada do Sul, por isso, os moradores acreditam que a solução deveria ser um conjunto de ações entre as prefeituras dos dois municípios, principalmente porque as estradas da região também apresentam problemas. “A nossa estrada é vicinal da BR-267, quilômetro 191. Dizem que da ponte para cá é Campo Grande e passando a ponte é Nova Alvorada do Sul. Mas o caminho todo, de 35 quilômetros, é caótico”, reclama.
Procurada pelo Correio do Estado, a prefeitura disse que “está em processo de licitação a construção de 12 pontes na zona rural, incluindo esta ponte sobre o Rio Anhanduí”, mas não informou sobre prazos ou mesmo uma data específica para resolver o problema.
No fim do mês de julho, a prefeitura já havia anunciado a reforma/construção de 12 pontes de madeira na zona rural de Campo Grande, que estão em situação precária. São pontes de estradas vicinais estratégicas para o escoamento da produção agrícola e pecuária, acesso a lotes dos assentamentos.
As empresas que forem participar da licitação terão até o dia 29 deste mês para apresentar propostas. As obras foram divididas em seis lotes, abrangendo desde pontes com 6 metros de vão (como a sobre o Córrego Ribeirão das Botas, na CG-060) até uma de 60 metros, no Rio Anhanduí, na vicinal CG-284.
Estão previstas reformas de pontes sobre os córregos Guariroba; Rondinha; Ceroula (na região do Inferninho, com 10 metros de vão); Mimoso; Ribeirão da Areia; Liso; Ribeirão Estaca; Varjão e Ribeirão da Cachoeira.
Para definição dos projetos, equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) fizeram um levantamento fotográfico de todas as pontes, com a indicação do tipo de intervenção que será preciso fazer em cada uma delas.
Em algumas pontes será preciso trocar o assoalho; em outras, as vigas de sustentação precisam ser trocadas ou necessitam de reforço do aterro. Um dos fatores que comprometem as estruturas, segundo os engenheiros da Secretaria de Infraestrutura, é que as pontes são projetadas para suportar 15 toneladas e muitas vezes passam carretas sobre elas com até 40 toneladas de calcário.