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Com Trump, número de imigrantes ilegais presos na fronteira cai 58%

Com Trump, número de imigrantes ilegais presos na fronteira cai 58%

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Diante da dura retórica do presidente Donald Trump contra os imigrantes irregulares e de sua orientação para os agentes de fronteira serem mais rigorosos, o número de detenções de pessoas entrando ilegalmente no país caiu 58% nos primeiros cinco meses de seu governo.

Segundo dados da Patrulha da Fronteira, 97.550 imigrantes foram pegos de fevereiro a junho deste ano. No mesmo período de 2016, foram 234 mil. O índice de abril, de 15.775 detenções, foi o mais baixo nos últimos cinco anos.

Para o governo, o número representa uma queda na quantidade de imigrantes tentando entrar ilegalmente.

"Há uma correlação forte entre o período em que o presidente assumiu e uma queda no tráfico de pessoas", disse John Mennell, um dos responsáveis pela comunicação da Patrulha da Fronteira, à Folha de S.Paulo.

"À medida que o presidente e o Departamento de Segurança Doméstica anunciaram e implementaram políticas mais rigorosas, o fluxo geral diminuiu".

Para Fernando García, diretor da Rede Fronteiriça pelos Direitos Humanos, com sede em El Paso, no Texas, o medo afasta os imigrantes.

"Com retórica xenofóbica, Trump tem mandado uma mensagem forte não só para os imigrantes que já estão nos EUA e têm medo de serem deportados, mas também para os potenciais imigrantes."
Os números mostram que, pouco antes da eleição e depois que Trump já havia sido eleito -mas antes de sua posse-, o fluxo de imigrantes aumentou, com crescimento de 18% nas detenções em setembro e outubro.

Apesar de o setor do Vale do Rio Grande, no Texas, ainda concentrar a maior parte do fluxo hoje (36% das detenções), os dados mostram que, com o governo Trump, imigrantes e coiotes estão mais espalhados por toda a fronteira do que no último ano, quando a área chegou a receber mais de 50% do fluxo.

"Boa parte de trabalhar com a questão da imigração ilegal é controlar as percepções", afirma Ira Mehlman, diretor de mídia da conservadora Federação para a Reforma Imigratória Americana (Fair, na sigla em inglês).

"Quando as pessoas acreditam que serão beneficiadas ao chegar aos EUA, elas vêm em grande número. Quando acham que as leis estão sendo aplicadas, menos gente tenta entrar ilegalmente".

Apesar da retórica, contudo, as deportações no governo Trump foram menos numerosas que no fim do governo do democrata Barack Obama. De fevereiro a maio, a média de deportações foi de 16.600 ao mês, e nos quatro últimos meses da gestão democrata, de 21.570.

García afirma que a maior militarização da fronteira nos últimos anos e a autoridade dada por Trump para que os agentes sejam mais rígidos tem feito com que os imigrantes se arrisquem mais.

Um exemplo é a morte de dez pessoas que sufocaram quando tentavam entrar ilegalmente no Texas com outras dezenas em um caminhão, em julho.

"Na última semana, foram encontrados os corpos de cinco imigrantes no rio Grande, aqui em El Paso. É algo que não víamos há anos", diz.

Mehlman afirma ver de outra forma a relação entre uma abordagem mais rígida e a maior atuação dos coiotes.
"Não é a primeira vez que uma tragédia assim ocorre, e, na verdade, uma política mais clara e constante que diga que nós não vamos tolerar a imigração ilegal iria dissuadir as pessoas de colocarem suas vidas nas mãos dessas organizações criminosas".

Segundo Mennell, os traficantes de pessoas agem em resposta às diferentes intensidades de operação da Patrulha da Fronteira, mas há outros fatores que influenciam, como a temporada da maconha.

"Enquanto a maconha está crescendo, e as organizações criminosas estão com pouca droga para distribuir, eles têm que se voltar para o tráfico de pessoas".

Cidades

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

Quantia de 40 gramas diferencia usuários de traficantes da droga

14/02/2025 22h00

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL

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A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta sexta-feira (14) manter a íntegra da decisão da Corte que descriminalizou o porte de maconha para uso pessoal e fixou a quantia de 40 gramas para diferenciar usuários de traficantes.

O Supremo julga, no plenário virtual, recursos protocolados pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público de São Paulo para esclarecer o resultado do julgamento, que foi finalizado em julho do ano passado.

Até o momento, oito ministros seguiram o voto do relator, ministro Gilmar Mendes. Na semana passada, no início do julgamento virtual, o relator votou pela rejeição dos recursos.

Além de Mendes, os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Edson Fachin, André Mendonça, Luiz Fux e Cristiano Zanin votaram no mesmo sentido.  A deliberação virtual será encerrada às 23h59.

Não legaliza

A decisão do Supremo não legaliza o porte de maconha.  O porte para uso pessoal continua como comportamento ilícito, ou seja, permanece proibido fumar a droga em local público.

O Supremo julgou a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). Para diferenciar usuários e traficantes, a norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatório a curso educativo.

 A Corte manteve a validade da norma, mas entendeu que as consequências são administrativas, deixando de valer a possibilidade de cumprimento de prestação de serviços comunitários.

 A advertência e presença obrigatória em curso educativo foram mantidas e deverão ser aplicadas pela Justiça em procedimentos administrativos, sem repercussão penal.

FEMINÍCIDIO

Antes de ser morta pelo ex, Vanessa reclamou de descaso ao denunciar agressor na Deam

Em áudio enviado a amiga, jornalista disse que foi tratada com frieza: "Se eu que tenho instrução fui tratada dessa maneira, uma mulher vulnerável que vai lá vira estatística de feminicídio"

14/02/2025 20h25

Vanessa Ricarte foi assassinada pelo ex-noivo após conseguir medida protetiva contra ele

Vanessa Ricarte foi assassinada pelo ex-noivo após conseguir medida protetiva contra ele Foto: Reprodução

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A jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, 35 anos, chegou a reclamar do atendimento recebido na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) quando foi registrar o boletim de ocorrência contra o agressor. A situação é narrada pela vítima em áudio enviado a uma amiga. (ouça o áudio abaixo).

"Fui falar com a delegada, fui tentar explicar toda a situação, ela me tratou bem prolixa, bem fria, seca. Toda hora me cortava", disse.

Vanessa disse ainda que pediu o histórico do ex-noivo, pois havia descoberto que ele já tinha outras denúncias e queria entender a natureza das agressões anteriores, mas a delegada disse que não seria possível passar os dados, que seriam sigilosos.

"Eu estou bem impactada com o atendimento da Deam, da Casa da Mulher Brasileiro. Eu que tenho toda instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher vulnerável, pobrezinha, sem ter rede de apoio chegar lá, são essas que são mortas e vão para a estatística do feminicídio", disse a vítima.

Na conversa, a jornalista também acreditava que teria uma escolta da Polícia Militar até a sua casa após a concessão da medida protetiva, pois o ex disse que só sairia de lá dessa forma, o que não aconteceu.

"Vou para a delegacia e vou chegar com a polícia para tirar ele de casa", disse, a caminho da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

A Polícia Civil ainda não se manifestou após a divulgação dos áudios.

Feminicídio

O boletim de ocorrência foi registrado na noite de terça-feira (11) e Vanessa retornou à Deam na quarta-feira (12) à tarde para verificar o andamento do pedido da medida protetiva, que foi deferido pelo Poder Judiciário.

Conforme reportagem do Correio do Estado, a delegada Analu Ferraz informou que todo o procedimento de praxe, como imprimir a medida e entregá-la à vítima, foi seguido.

A vítima, no entanto, não teve o acompanhamento policial esperado até sua casa, onde foi com um amigo para buscar as coisas, sendo surpreendida pelo ex-noivo, que aproveitou o momento em que o amigo de Vanessa ligava para pedir ajuda a outra pessoa e a atingiu com três facadas no peito, próximo ao coração.

O amigo de Vanessa a levou para dentro de um quarto e trancou-se lá com ela, à espera de ajuda. Ele acionou a polícia nesse período, com o agressor esmurrando a porta. 

Ela chegou a ser encaminhada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Cario foi preso ainda no local e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta sexta-feira (14), em audiência de custódia.

Em coletiva de imprensa na quarta-feira, a delegada Elaine Benicasa reconheceu a demora do poder público em oferecer a proteção necessária às vítimas, mas ressaltou que a Polícia Civil não é a única responsável pelas essas falhas no sistema.

Sobre o feminicídio da jornalista, a delegada afirmou que foi ofertado o abrigo da Casa da Mulher Brasileira, que atende vítimas de violência doméstica, para que ela se protegesse do agressor até que ele fosse intimado da medida, mas a jornalista optou por dormir na casa de um amigo.

Falha no sistema

O caso da jornalista, em que o agressor conseguiu matar a vítima mesmo ela estando protegida por uma medida protetiva, expôs falhas no sistema de proteção à vítimas de violência doméstica.

Uma reunião sobre o tema foi realizada na tarde de hoje, com participação do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, a desembargadora Jaceguara Dantas, responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMS, o presidente do TJMS, Dorival Pavan, entre outros.

A desembargadora Jaceguara Dantas disse que várias possibilidades e tratativas foram debatidas para dar celeridade as intimações ao agressor no caso das medidas protetivas concedidas, mas disse não poder antecipar quais seriam as medidas, pois dependem de estudos legais e viabilidade técnica.

"Mas existe muita disposição e há uma sensibilidade muito grande com essa temática por parte do presidente do Tribunal de Justiça, do governador do Estado, do secretário de segurança, de todos os operadores de direito, no sentido de nós encontrarmos mecanismos para operacionalizar e concretizar essa medida o mais breve possível", disse.

O secretário estadual Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse que o governo está preocupado com a temática de violência contra a mulher e tem investido na capacitação de servidores para que falam um acolhimento mais humanizado às vítimas.

"O ponto crucial aqui é a celeridade da aplicabilidade das medidas protetivas concedidas. Nós queremos que nenhuma vítima a mais, que tenha a favor de si uma medida, venha a morrer sem o alcance do agressor por parte do Estado", ressaltou.

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