Cidades

OPERAÇÃO NARCOS

Comandante de táxi aéreo chefiava
locação de aviões ao tráfico

Deco desarticulou quadrilha que estava envolvida com o tráfico de drogas

MARIANE CHIANEZI e GLAUCEA VACCARI

16/08/2017 - 18h24
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Dois homens foram presos durante investigações da Operação Narcos, conduzidas pela Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deco), de Campo Grande.

O líder da quadrilha foi apontado como Wadson Ranielly Fernandes, de 35 anos, e seu braço direito, Wellinton José Magalhães, de 36. Os dois foram presos suspeitos de estarem envolvidos em esquema que locava aviões clandestinos para o tráfico de drogas.

Conforme a delegada da Deco, Ana Claúdia Medina, investigação começou assim que a delegacia recebeu denúncia, através de Wadson, de furto de um avião que estava em um hangar do Aeroporto Teruel, na Capital.

Durante as investigações constatou-se que não houve sinais de furto, conforme relatado na denúncia, e polícia começou a apurar de falsa comunicação de crime.

No percurso das averiguações policiais, um avião, do mesmo modelo e prefixo, Baron PT-WMV, havia caído na Bolívia e levantou ainda mais suspeitas e se chegou ao esquema para locar aviões para o tráfico de drogas. Wadson e Wellinton foram presos e Hadson Costa Santos está foragido.

Suspeitos foram apresentados à imprensa hoje à tarde, mas não quiseram pronunciar-se. Inquérito foi concluído e será encaminhado para ao Ministério Público Estadual (MPE).

LÍDER DO ESQUEMA

Wadson, em seu perfil em rede social voltada para fins profissionais, se define como comandante de uma grande rede de táxi aéreo e com formação em Tecnologia de Sistema de Informação.

Piloto estava com licença vencida, conforme a Deco, mas teria autorização para ser piloto comercial com habilitações em aviões de modelo MLTE / IFR/INVA, além de experiência em transporte aeromédico e transporte de valores e malote.

Wadson irá responder por organização criminosa, liderança de organização criminosa, falsa comunicação de crime, atentado contra a segurança de voo, homicídio por dolo eventual (por conta de queda de avião com morte), ocultação de cadáver,  falsidade ideológica, coação no curso do processo, tráfico de drogas, associação para o tráfico e posse irregular de arma de fogo e lavagem de dinheiro.

Welligton José Magalhães da Silva foi indiciado organização criminosa, atentando contra a segurança de voo, homicídio por dolo eventual, ocultação de cadáver, falsidade ideológica, coação no curso do processo, associação para o tráfico, posse irregular de arma de fogo e munição e lavagem de dinheiro.

Hadson Costa dos Santos, que está foragido, foi indiciado por organização criminosa, atentado contra a segurança de voo, homicídio por dolo eventual, ocultação de cadáver e associação para o tráfico.

Mais seis pessoas também foram indiciadas, mas não há prisão preventiva decretada contra elas. São elas Wanderson Magalhães Silva, Viviane Andreia Rodrigues, Silvério Peralta Alvarenga (atentado contra a segurança de voo), Silvério Martins Peralta (atentado contra a segurança de voo) e Marcelo do Nascimento Silva, todos por organização criminosa, falsidade ideológica, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.

Ainda, José Willian Barão Gomes por falsidade ideológica. Ele foi identificado como "laranja" por ser o dono de uma empresa que era usada para lavar o dinheiro do crime.

Cidades

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

Quantia de 40 gramas diferencia usuários de traficantes da droga

14/02/2025 22h00

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL

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A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta sexta-feira (14) manter a íntegra da decisão da Corte que descriminalizou o porte de maconha para uso pessoal e fixou a quantia de 40 gramas para diferenciar usuários de traficantes.

O Supremo julga, no plenário virtual, recursos protocolados pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público de São Paulo para esclarecer o resultado do julgamento, que foi finalizado em julho do ano passado.

Até o momento, oito ministros seguiram o voto do relator, ministro Gilmar Mendes. Na semana passada, no início do julgamento virtual, o relator votou pela rejeição dos recursos.

Além de Mendes, os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Edson Fachin, André Mendonça, Luiz Fux e Cristiano Zanin votaram no mesmo sentido.  A deliberação virtual será encerrada às 23h59.

Não legaliza

A decisão do Supremo não legaliza o porte de maconha.  O porte para uso pessoal continua como comportamento ilícito, ou seja, permanece proibido fumar a droga em local público.

O Supremo julgou a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). Para diferenciar usuários e traficantes, a norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatório a curso educativo.

 A Corte manteve a validade da norma, mas entendeu que as consequências são administrativas, deixando de valer a possibilidade de cumprimento de prestação de serviços comunitários.

 A advertência e presença obrigatória em curso educativo foram mantidas e deverão ser aplicadas pela Justiça em procedimentos administrativos, sem repercussão penal.

FEMINÍCIDIO

Antes de ser morta pelo ex, Vanessa reclamou de descaso ao denunciar agressor na Deam

Em áudio enviado a amiga, jornalista disse que foi tratada com frieza: "Se eu que tenho instrução fui tratada dessa maneira, uma mulher vulnerável que vai lá vira estatística de feminicídio"

14/02/2025 20h25

Vanessa Ricarte foi assassinada pelo ex-noivo após conseguir medida protetiva contra ele

Vanessa Ricarte foi assassinada pelo ex-noivo após conseguir medida protetiva contra ele Foto: Reprodução

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A jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, 35 anos, chegou a reclamar do atendimento recebido na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) quando foi registrar o boletim de ocorrência contra o agressor. A situação é narrada pela vítima em áudio enviado a uma amiga. (ouça o áudio abaixo).

"Fui falar com a delegada, fui tentar explicar toda a situação, ela me tratou bem prolixa, bem fria, seca. Toda hora me cortava", disse.

Vanessa disse ainda que pediu o histórico do ex-noivo, pois havia descoberto que ele já tinha outras denúncias e queria entender a natureza das agressões anteriores, mas a delegada disse que não seria possível passar os dados, que seriam sigilosos.

"Eu estou bem impactada com o atendimento da Deam, da Casa da Mulher Brasileiro. Eu que tenho toda instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher vulnerável, pobrezinha, sem ter rede de apoio chegar lá, são essas que são mortas e vão para a estatística do feminicídio", disse a vítima.

Na conversa, a jornalista também acreditava que teria uma escolta da Polícia Militar até a sua casa após a concessão da medida protetiva, pois o ex disse que só sairia de lá dessa forma, o que não aconteceu.

"Vou para a delegacia e vou chegar com a polícia para tirar ele de casa", disse, a caminho da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

A Polícia Civil ainda não se manifestou após a divulgação dos áudios.

Feminicídio

O boletim de ocorrência foi registrado na noite de terça-feira (11) e Vanessa retornou à Deam na quarta-feira (12) à tarde para verificar o andamento do pedido da medida protetiva, que foi deferido pelo Poder Judiciário.

Conforme reportagem do Correio do Estado, a delegada Analu Ferraz informou que todo o procedimento de praxe, como imprimir a medida e entregá-la à vítima, foi seguido.

A vítima, no entanto, não teve o acompanhamento policial esperado até sua casa, onde foi com um amigo para buscar as coisas, sendo surpreendida pelo ex-noivo, que aproveitou o momento em que o amigo de Vanessa ligava para pedir ajuda a outra pessoa e a atingiu com três facadas no peito, próximo ao coração.

O amigo de Vanessa a levou para dentro de um quarto e trancou-se lá com ela, à espera de ajuda. Ele acionou a polícia nesse período, com o agressor esmurrando a porta. 

Ela chegou a ser encaminhada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Cario foi preso ainda no local e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta sexta-feira (14), em audiência de custódia.

Em coletiva de imprensa na quarta-feira, a delegada Elaine Benicasa reconheceu a demora do poder público em oferecer a proteção necessária às vítimas, mas ressaltou que a Polícia Civil não é a única responsável pelas essas falhas no sistema.

Sobre o feminicídio da jornalista, a delegada afirmou que foi ofertado o abrigo da Casa da Mulher Brasileira, que atende vítimas de violência doméstica, para que ela se protegesse do agressor até que ele fosse intimado da medida, mas a jornalista optou por dormir na casa de um amigo.

Falha no sistema

O caso da jornalista, em que o agressor conseguiu matar a vítima mesmo ela estando protegida por uma medida protetiva, expôs falhas no sistema de proteção à vítimas de violência doméstica.

Uma reunião sobre o tema foi realizada na tarde de hoje, com participação do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, a desembargadora Jaceguara Dantas, responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMS, o presidente do TJMS, Dorival Pavan, entre outros.

A desembargadora Jaceguara Dantas disse que várias possibilidades e tratativas foram debatidas para dar celeridade as intimações ao agressor no caso das medidas protetivas concedidas, mas disse não poder antecipar quais seriam as medidas, pois dependem de estudos legais e viabilidade técnica.

"Mas existe muita disposição e há uma sensibilidade muito grande com essa temática por parte do presidente do Tribunal de Justiça, do governador do Estado, do secretário de segurança, de todos os operadores de direito, no sentido de nós encontrarmos mecanismos para operacionalizar e concretizar essa medida o mais breve possível", disse.

O secretário estadual Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse que o governo está preocupado com a temática de violência contra a mulher e tem investido na capacitação de servidores para que falam um acolhimento mais humanizado às vítimas.

"O ponto crucial aqui é a celeridade da aplicabilidade das medidas protetivas concedidas. Nós queremos que nenhuma vítima a mais, que tenha a favor de si uma medida, venha a morrer sem o alcance do agressor por parte do Estado", ressaltou.

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