Cidades

CORONAVÍRUS

A+ A-

Comitê recomenda que governo seja mais enérgico no combate à pandemia

Comitê diz que cidades não estão acatando as medidas recomendadas pelo programa Prosseguir

Continue lendo...

O comitê denominado Centro de Operações de Emergência na Saúde Pública, responsável pela estratégia de combate à Covid-19 em Mato Grosso do Sul, quer que o governo do Estado assuma o comando das ações de prevenção à doença também nos municípios, segundo fontes informaram ao Correio do Estado

Na visão de alguns membros, as cidades não têm seguido as medidas que deveriam ser implantadas de acordo com os dados do programa Prosseguir, feito pelo governo do Estado em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS) nas Américas.

O programa foi implantado pelo governo em junho e classifica os municípios por cores de acordo com informações sobre mortalidade pela doença, número de leitos e situação da evolução de casos.

Nos dois últimos mapas situacionais de Mato Grosso do Sul, Campo Grande apareceu na coloração preta, que significa grau extremo em relação à pandemia da Covid-19. Nesta fase, apenas as atividades essenciais devem ficar abertas, até que haja redução da circulação do vírus.

Mesmo com a classificação por duas vezes seguidas, a Capital não acatou as medidas e segue com todo tipo de estabelecimentos comerciais abertos – apenas as escolas estão fechadas na cidade.

O “semilockdown” que ocorreu em dois fins de semana na cidade também foi deixado de lado, e as atividades comerciais voltaram ao normal no sábado, além de o horário do toque de recolher ter voltado para as 21h.

Segundo o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), o lockdown só teria efeito sobre as vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) caso todos os 34 municípios que fazem parte da macrorregião de saúde da Capital também estabelecessem essa medida. Trad ainda afirmou que essa articulação seria “trabalho do governador do Estado”.

REUNIÃO

Na sexta-feira (31), uma reunião do comitê começou por volta das 15h e terminou às 21h. Isso porque muitos membros cobravam da prefeitura ações mais duras para conter o avanço da doença. Naquele dia, a taxa de ocupação global de leitos de UTI, conforme o governo, era de 90% na Capital, enquanto a administração municipal garantia que não passava de 84%.

Para conter a doença, a prefeitura se comprometeu, com os hospitais da Cassems e da Unimed, a ampliar em mais 40 leitos as vagas em UTIs nas unidades particulares já nesta semana.

Segundo o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende, nesta semana, outros 10 leitos no setor crítico deverão ser abertos no Hospital Adventista do Pênfigo. As vagas foram criadas com equipamentos que não foram utilizados no interior. “Uma certeza absoluta que nós temos é que só vamos vencer o coronavírus se nós construirmos unidades”, declarou. 

Sobre as medidas, o secretário afirmou que o Estado não vai impor o cumprimento delas, isso caberá às prefeituras. 

“Esse momento vai passar, mas ainda não passou. Por isso, venho pedir a cada um de vocês para que a gente enfrente isso junto, e a colaboração se dá naqueles três pilares que sempre defendemos aqui. O isolamento social, que só vai ser possível se tivermos medidas restritivas adotadas em sincronia por todos os 79 prefeitos e prefeitas, ninguém vai impor. É preciso conhecimento, porque só de forma colaborativa, com verdadeira união, nós haveremos de vencer essa guerra”.

Dados do boletim epidemiológico divulgado ontem pela SES mostram que Campo Grande contabiliza 10.351 casos confirmados do novo coronavírus, com 139 mortes. Mato Grosso do Sul tem 404 óbitos pela doença confirmados. A cidade é o epicentro da pandemia no Estado e responsável por 40% de todos os episódios de MS.

No sábado, o assessor especial do Ministério da Saúde, Airton Cascavel, entregou 20 respiradores para serem implantados no Estado, sendo uma parte para Campo Grande. 

Entretanto, para que isso seja possível, também é necessário que haja profissionais habilitados para o setor, o que tem sido difícil de encontrar em larga escala, já que uma parte dos servidores também foi infectada pela Covid-19 e precisou ser afastada.

Conforme informado ao Correio do Estado, hoje o comitê vai acompanhar as ações para se certificar da ampliação de leitos para o setor. 

Apesar de a situação mais agravante estar no Sistema Único de Saúde (SUS), o secretário já afirmou que, faltando leitos públicos, requisições em hospitais privados podem ser feitas durante o período de emergência em saúde.

Para o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, com a velocidade de contágio, já que a Capital tem hoje a segunda maior taxa de transmissão da doença entre as capitais, a implantação de novos leitos não conseguirá acompanhar a demanda pelo serviço, o que poderá levar a cidade ao colapso no sistema de saúde.

Saúde

Anvisa tem maioria para manter proibição de cigarros eletrônicos

Medida está em vigor desde 2009

19/04/2024 20h00

Sarahjohnson/ Pixabay

Continue Lendo...

A maioria dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votou nesta sexta-feira (19) por manter a proibição aos cigarros eletrônicos no Brasil. Com esse placar, continua proibida a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento, bem como de publicidade ou divulgação desses produtos por qualquer meio, em vigor desde 2009. 

Dos cinco diretores, três votaram a favor da proibição. Faltam os votos de dois diretores.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos, são chamados de vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn (tabaco aquecido). Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) revelam que 4 milhões de pessoas já usaram cigarro eletrônico no Brasil, apesar de a venda não ser autorizada.

O diretor-presidente da Anvisa e relator da matéria, Antonio Barra Torres, votou favorável à manutenção da proibição desses dispositivos.

“O que estamos tratando, tanto é do impacto à saúde como sempre fazemos, e em relação às questões de produção, de comercialização, armazenamento, transporte, referem-se, então, à questão da produção de um produto que, por enquanto, pela votação, que vamos registrando aqui vai mantendo a proibição”.

Antonio Barra Torres leu por cerca de duas horas pareceres de 32 associações científicas brasileiras, os posicionamentos dos Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Fazenda e saudou a participação popular na consulta pública realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, mesmo que os argumentos apresentados não tenham alterado as evidências já ratificadas pelos diretoras em 2022.
Em seu relatório, Barra Torres se baseou em documentos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da União Europeia, em decisões do governo da Bélgica de proibir a comercialização de todos os produtos de tabaco aquecido com aditivos que alteram o cheiro e sabor do produto. Ele citou que, nesta semana, o Reino Unido aprovou um projeto de lei que veda aos nascidos após 1º de janeiro de 2009, portanto, menores de 15 anos de idade, comprarem cigarros.

Ele mencionou ainda que a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (U.S Food and Drug Administration) aponta que, mesmo com a fiscalização, há comércio ilícito desses produtos.

O diretor ainda apresentou proposições de ações para fortalecimento do combate ao uso e circulação dos dispositivos eletrônicos de fumo no Brasil. 
 

Cidades

Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

Continue Lendo...

Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

Assine o Correio do Estado.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).