A aquisição de 1 milhão de tiras reagentes de medida de glicemia capilar pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande para atender os portadores de diabetes mellitus insulino-dependentes deve amenizar parcialmente o problema dos pacientes na Capital. Isso porque a prefeitura informou ontem que o insumo para automonitoramento dos usuários está disponível, porém desde março deste ano os pacientes com diabetes denunciam que estão sem medicação específica para controlar a doença pelo menos desde janeiro.
Grupo de pessoas com a doença protestou por conta da falta do medicamento no dia 3 de março em frente ao Centro de Especialidades Médicas (CEM) e pediu agilidade da Sesau para que fosse entregue aos doentes. Na época a falta da medicação, que ainda não teve estoque regularizado de acordo com pacientes ouvidos pelo Portal Correio do Estado, pelo menos 360 pacientes que conseguiram o fornecimento da insulina lantus judiciamente foram prejudicados. “Eu ainda continuo sem a medicação, as vezes compro outras consigo com amigos”, afirmou uma paciente que pediu para não ter o nome divulgado.
Na Capital, 1743 pacientes utilizam o automonitoramento de glicemia para promover o autocuidado. Cada usuário recebe a quantidade de tiras conforme a necessidade para as medições pelo período de um mês. Do total, 619 utilizam até 60 tiras por mês, enquanto que 1134 precisam de uma quantidade maior do produto.
O último recebimento do insumo aconteceu em abril deste ano e o estoque é suficiente para atender até fevereiro de 2018.
Os pacientes que utilizam até 60 tiras por mês retiram o material na unidade de saúde mais próxima da residência. Enquanto que os demais são atendidos no Serviço de Referência em Diabetes (Seredi), localizado no Centro Médico de Especialidades. Já as crianças são atendidas no Centro de Especialidade Infantil (CEI). Todos os pacientes que necessitam do automonitoramento de glicemia e que são atendidos nas unidades básicas de saúde precisam participar do Programa de Hipertensão e Diabetes (Hiperdia) para terem direito às tiras. Está é uma condição para promover uma melhor qualidade de vida ao usuário.
INSULINA
Por mês a Sesau afirma distribuir 1 mil refis de insulina Lantus (injetável) por mês, para os 360 pacientes. Porém muitos dizem que acabam cobrando a medicação por conta do desabastecimento na rede pública. Cada refil chega a custar entre R$ 100 e R$ 140. “A gente liga no CEM, vai lá, e sempre dizem que não tem, nem previsão. E não é só o remédio, agulha, insumos, está tudo em falta”, diz a mãe de uma paciente de 9 anos que tem diabetes.
Os dois tipos mais graves de diabetes são a “1”, que é a condição crônica na qual o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina, e a “2” que afeta a forma como o corpo processa o açúcar (glicose) do sangue. A médica endocrinologista, Luciana Bento, explica que o paciente com diabetes pode ter graves complicações caso não use a medicação corretamente. “O controle dos níveis de glicemia no sangue resulta em problemas diversos, desde alteração da consciência, que chamamos de coma, até cegueira e amputações nos membros inferiores. O açúcar no sangue é ácido, queima os vasos e afeta principalmente a região dos olhos e as pernas”.