Apesar de contar com um capital social estimado em apenas R$ 500 mil, a Cesari Engenharia foi anunciada em fevereiro deste ano como ganhadora do chamamento público para construção de 792 apartamentos populares em Campo Grande dentro do Reviva Centro, projeto estimado em R$ 120 milhões. O projeto será o maior já feito pela empreiteira até hoje.
Para viabilizar a obra, a Prefeitura da Capital doou um terreno de cinco hectares à empresa, localizado no fundo do Centro de Belas Artes, no Bairro Cabreúva. O local é avaliado em R$ 20.585.403.
Contrário a doação, o vereador Marcos Tabosa (PDT) entrou com uma liminar na justiça para impedir a transação.
“A minha preocupação é que essa empresa nova não tem nada em seu nome e possui um capital social muito baixo. Tem algo de muito estranho. A prefeitura dar um terreno dessa envergadura me lembra o caso da Homex, o que resultou em prejuízo inestimável para os moradores de Campo Grande, e se eu estou errado ou certo, é a Justiça que vai definir”, salientou.
Apesar do estranhamento do vereador, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, indeferiu a liminar pelo pedido não estar claro.
“A doação estará acompanhada de um seguro fiança no valor total do imóvel, além dos apartamentos que estão em doação na contrapartida. Desse modo, o município não será lesado em relação a esta doação”, frisou o diretor de Planejamento da Cesari Engenharia, Sinomar Pereira.
O diretor explicou que pela construção dos apartamentos serem viabilizadas pelo programa Casa Verde e Amarela, os recursos são provenientes da Caixa Econômica Federal (CEF). “Todo módulo contratado existe um seguro de obra que é obrigatório pela CEF”, pontuou.
A empresa possui ainda o Gerenciamento de Risco de Crédito (Geric), que é o processo de análise de crédito da Caixa, principal instituição financeira do programa Casa Verde e Amarela.
Na prática, isso significa que uma construtora “gericada” é elegível a financiar seus empreendimentos por meio de bancos públicos dentro de seu limite aprovado pelo Geric.
No caso do seguro de obra, ele é feito diretamente com a Caixa Econômica, já o seguro em relação ao terreno é fechado com uma com seguradora.
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EMPREENDIMENTO
Com o custo de R$ 120 milhões, financiados pela Caixa Econômica Federal, as obras do conjunto habitacional do Reviva Centro devem durar 36 meses. Ao Correio do Estado, o diretor de Planejamento da Cesari Engenharia, Sinomar Pereira, relatou que o empreendimento deve começar em novembro deste ano.
Por ora, a Cesari Engenharia e Construção Ltda., aguarda a realização do sorteio das moradias, programado para 6 de agosto para definir o início definitivo dos trabalhos.
Ao todo, serão construídos 792 apartamentos em condomínio fechado, localizado à margem direita do Córrego Segredo, próximo ao Conjunto Habitacional Cabreúva.
Desse total, 554 serão destinados para famílias de baixa renda, de até cinco salários mínimos per capita. Essas moradias serão financiadas por R$ 180 mil, conforme o teto do Programa Casa Verde e Amarela.
A Cesari Engenharia poderá negociar por livre demanda 158 apartamentos, com valores superiores a R$ 180 mil, para famílias que tenham renda até sete salários mínimos, por volta de R$ 7,7 mil.
A Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Amhasf) terá direito a 80 apartamentos, que serão usados pela Prefeitura da Capital para a implementação do aluguel social.
Além das moradias, o projeto prevê a construção de 42 salas comerciais, também vendidas por livre demanda pela empresa.
De acordo com Sinomar, em um contexto geral, este será o maior empreendimento já executado pela empreiteira.
“Como será modulado, se assemelha às 200 casas que já realizamos. Hoje, estamos construindo 72 salas comerciais e mais 44 apartamentos de alto padrão, de forma simultânea. O desafio é grande”, salientou.
PROJETO
Conforme a prefeitura, o projeto-piloto de habitação faz parte da revitalização do centro de Campo Grande que, em 2019, entregou à população a Rua 14 de Julho requalificada. As moradias populares serão feitas em duas áreas.
A Rua Udinese, atrás das obras do Centro de Belas Artes, vai receber 792 apartamentos. Os 554 apartamentos terão 51 m², e o restante, 61 m². O condomínio contará ainda, com área de lazer, área gourmet, piscinas e quadra poliesportiva.
Os dois modelos de apartamento contam com a configuração de uma sala, cozinha, banheiro, lavanderia, sacada e uma vaga na garagem. As residências menores serão com dois quartos e nas maiores haverá uma suíte e um quarto.
O público-alvo do programa são famílias com renda a partir de R$ 1.800,00. O projeto prevê a chamada fachada ativa, com uso misto habitacional e comercial (comércio e serviços no térreo). As unidades serão no sistema de condomínio vertical.
EMPRESA
De acordo com o diretor de Planejamento da Cesari Engenharia, a empresa de Barretos, interior de São Paulo, já está no mercado há 10 anos. Durante esse tempo, a empreiteira já entregou um prédio de 13 pavimentos de padrão médio/alto, dois prédios de oito pavimentos no padrão médio, além de um condomínio de 200 casas, todos em Barretos (SP).
“Estamos com duas torres em andamento, sendo uma de 23 pavimentos padrão alto e a outra de 10 pavimentos que serão salas comerciais. Temos ainda, a previsão de lançamento de mais três torres, sendo duas habitacionais e uma comercial, fora o empreendimento de Campo Grande”, salientou Pereira.
Até o momento, não foi registrado nenhum problema em outros empreendimentos da empresa – algumas unidades ainda estão à venda.
Sinomar relatou que após pesquisas de mercado constatarem o deficit para construções de médio padrão, surgiu o interesse em construir moradias na Capital. “O chamamento do qual fomos vencedores foi a porta de entrada para o Estado de Mato Grosso do Sul, e já temos em vista outros empreendimentos particulares na cidade”.
Em relação a mão de obra, Pereira estima que serão gerados por volta de 200 empregos durante a construção dos apartamentos populares na Capital.
Divulgação InfoGripe
