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Coronavírus põe saúde de Dourados à beira do colapso

Especialistas avaliam que ainda este mês pode começar a faltar leitos de internação para vítimas da doença

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Epicentro da Covid-19 em Mato Grosso do Sul, a cidade de Dourados chegou nesta segunda-feira aos 613 casos confirmados do novo coronavírus. Se contabilizar também os episódios das 16 cidades que fazem parte da microrregião sanitária, já são 1.111 positivos, quase metade dos casos registrados em todo o Estado, que tem 2.324. Com esse aumento, veio junto o acréscimo nas internações e ontem, segundo dados obtidos pela reportagem, 22 pessoas ocupavam um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), entre confirmados e suspeitos da doença. Nos dados oficiais da secretaria de saúde do município são contabilizados apenas os 8 internados que já tem confirmação da Covid-19.

Em uma cidade onde, até a tarde de segunda-feira haviam 33 leitos pactuados de UTI para Covid-19, com a promessa de mais 10 no Hospital da Vida ainda esta semana, a previsão de especialistas é de que pode faltar vagas de internação em 15 dias caso o aumento de casos continue seguindo o mesmo ritmo das últimas semanas.

Dourados registrou o primeiro caso do novo coronavírus no dia 28 de março deste ano. A cidade vinha em um crescimento devagar até que entre a semana do dia 11 a 18 de maio houve a maior alta. O município passou de 19 casos para 64 em sete dias e vem dobrando as confirmações a cada semana desde então.  

No dia 25 de maio eram 152 casos, já na semana passada foram 306 e ontem já contabilizava 613. Se manter esse ritmo, na próxima semana Dourados poderá ter 1.226 confirmações da doença. “Estamos em alerta vermelho em relação a dourados e região, por enquanto temos uma predominância de internações em leitos privados, mas quando chegar no SUS (Sistema Único de Saúde) podemos ter em Dourados o colapso da saúde”, alerta o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende.

Para infectologistas, esse colapso, previso no mês passado para chegar a cidade em 30 dias, poderá ocorrer em ainda menos tempo devido a esse aumento exponencial observado em Dourados. “Se continuar desse jeito, o sistema de saúde vai se esgotar. Mantendo esses números, em 15 dias já não tem mais leito de UTI na região”, avaliou o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Julio Croda.

De acordo com um médico que trabalha em Dourados e não quis se identificar, a explosão no número de casos começou após a reabertura do comércio, que coincidiu com o surto registrado em um frigorífico de grande porte da região.

“A reabertura do comércio ocorreu pouco antes do dia das mães aqui em Dourados e junto teve o surto no frigorífico. A gente vem alertando o Comitê (de Gerenciamento de Crise). Houve um aumento de testagem, mas não é por isso que aumentou a positividade, os números cresceram muito rápido e a cidade não tinha se preparado com a abertura de novos leitos. A prefeitura comprou leitos dos particulares, não no SUS não houve grandes mudanças e se continuar assim existe grande possibilidade de colapsar em pouco tempo”, declarou o especialista.

Mesmo com esse aumento grande no número de casos, a cidade mantém da flexibilização do comércio, que foi condenado pelos médicos ouvidos pela reportagem. Para ambos, medidas mais restritivas deveriam ser tomadas para evitar a falta de leitos de internação.

“Eles deveriam tomar medidas essa semana, no máximo até segunda-feira que vem. A cidade está em aumento exponencial e é a prefeitura quem tem a responsabilidade dessas decisões, isso foi decidido pelo próprio STF (Supremo Tribunal Federal). Para diminuir a transmissão é necessário que seja instaurada a suspensão das atividades comerciais não essenciais e do transporte público, para evitar a circulação das pessoas na rua e assim reduzir a positividade”, orienta Croda.

Perguntado se o Governo do Estado orientou a cidade a restringir a movimentação, Resende disse que “respeita autonomia dos municípios”. “Quem tem que tomar essa decisão são os municípios, tentamos dar nossa contribuição. Nós estamos mantendo os regramentos desde o início da pandemia, não afrouxamos o que é de competência do Estado. Solicitamos que tome medidas que aumente o isolamento e esperamos que municípios tomem essas decisões”, declarou, lembrando que o Estado repassou recursos para Dourados e também tem enviado equipamentos e profissionais para ajudar durante a pandemia.

Infectologista do Comitê de Gerenciamento de Crise do Coronavírus em Dourados, Ricardo do Carmo, durante vídeo nas redes sociais da prefeitura, confirmou que há mais pessoas internadas nos leitos de Covid-19 do que trazem os boletim e recomendou que a taxa de isolamento chegue aos 60% - no domingo a cidade registrou índice de 51,2%.

“O que nos traz preocupação é que não vemos uma melhoria expressiva no isolamento social. Nossa expectativa é chegar, pelo menos, nos 60% para a gente conseguir traçar um bloqueio a essa cadeia de transmissão. Coloco também preocupação no comportamento das pessoas, uso de máscaras, distanciamento entre as pessoas, higiene das mãos, isso é fundamental neste período”, declarou Do Carmo.

MORTE

A Secretaria de Estado de Saúde confirmou a 22ª morte por Covid-19 no Estado. A vítima era uma mulher de 63 anos, moradora de Itaporã, e que teve contato com um caso suspeito da doença. Ela tinha diabetes e cardiopatia crônica. O diagnóstico foi feito pelo Laboratório Central do Estado no domingo.

"GUERRA CIVIL"

Maior ameaça à democracia no mundo é a polarização, diz o ator Wagner Moura

Ator diz que filme"Guerra Civil" soa um importante alarme sobre esses riscos

19/04/2024 11h00

Wagner Moura em "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana Foto: Divulgação

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Para Wagner Moura, "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana, soa um importante alarme sobre os riscos da polarização que assombra países como Estados Unidos e Brasil nos últimos anos.

"Este é um filme que mostra que a polarização é a maior ameaça à democracia no mundo moderno", diz ele sobre o longa dirigido por Alex Garland, um blockbuster americano que acena também para a realidade política brasileira, em sua opinião.

"Guerra Civil" conta a história de um grupo de jornalistas, do qual Moura faz parte, que tenta chegar a Washington para entrevistar o presidente dos Estados Unidos, um líder do qual não sabemos muito, mas que pelas dicas do roteiro é claramente fascista, nas palavras do ator baiano.

"Mas eu acho, sinceramente, que ligar esse personagem a figuras reais é um desserviço ao filme. Não há na trama uma agenda ideológica. E você sabe que eu sou uma pessoa que não tem medo de falar as coisas", diz Moura ao ser questionado sobre a proximidade do personagem com líderes que acirraram a era de polarização em que vivemos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O filme é uma distopia política cheia de imagens do que poderia ser os Estados Unidos caso o racha entre democratas e republicanos, ou liberais e conservadores, se acentue. Na trama, forças favoráveis e contrárias ao presidente vivido por Nick Offerman se enfrentam e destroem a nação. São várias as imagens de pontos icônicos do nacionalismo americano bombardeados, como a Casa Branca.

"A gente sabe muito bem o que é a polarização. O mundo todo sabe. E para os americanos o filme gera uma dissonância cognitiva, porque eles estão acostumados a ver essas cenas em filmes sobre guerras no Oriente Médio. Agora estão vendo em Washington", diz ainda Moura.

GUERRA CIVIL

- Quando Estreia nesta quinta (18), nos cinemas
- Classificação 18 anos
- Elenco Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny
- Produção EUA, Reino Unido, 2024
- Direção Alex Garland

MEIO AMBIENTE

MS avalia condições de pagamento antes de regularizar Fundo Pantanal

Até o momento, Governo não conseguiu recursos externos para financiar o Fundo, e conta com os R$ 40 milhões de investimento próprio; Expedições estão sendo feitas ao Pantanal para regulamentação

19/04/2024 09h30

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre a criação de fundo biomas em Campo Grande Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Quatro meses após a sanção da Lei do Pantanal, o Governo do Estado ainda está avaliando as condições de pagamento aos produtores para regulamentar o Fundo Clima Pantanal.

No final de março, uma expedição percorreu os pantanais da Nhecolândia, do Paiaguás e do Abobral, pra reunir informações e elaborar o texto de regulamentação do fundo. 

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a regulamentação do Fundo Clima Pantanal deve sair até o final desse semestre, e uma nova expedição, agora com o setor de Organizações Não Governamentais (ONGs) e ambientalistas como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e o SOS Pantanal, será realizada no dia 22 de maio. 

“Nós temos que ver o que nós vamos pagar do Programa de Serviços Ambientais (PSA) e por isso fizemos aquelas expedições, e vai ter uma agora, com as ONGs, para a gente ver o que realmente vai ser remunerado aos produtores”, comentou Verruck. 

Ainda de acordo com o secretário, o Fundo Pantanal possui atualmente apenas o investimento realizado pelo próprio governo do Estado, de R$ 40 milhões, e a Semadesc tem trabalhado na divulgação, tanto do fundo, quanto da Lei do Pantanal, para tentar angariar recursos para a iniciativa, no entanto, Jaime Verruck aponta que ainda não houve nenhuma sinalização clara de aceitação. 

“Nós estamos apresentando em todos os fóruns para tentar conseguir recurso internacional. Nesse momento o que nós temos é os R$ 40 milhões do Governo do Estado.

Como a própria ministra destacou, hoje todo mundo está avançando na estrutura de seus fundos, então nós estamos apresentando, mas até agora não temos nenhuma sinalização clara de alocação de algum recurso”, esclareceu o secretário. 

A iniciativa de criação de fundos para conseguir recursos para a preservação de biomas, como Mato Grosso do Sul fez em relação ao Pantanal, é algo que vem sendo pensado para outros ecossistemas, como o Cerrado e a Caatinga, e que já foi posto em prática na Amazônia Legal, através do Fundo Amazônia. 

Em dezembro, no evento de sanção da Lei do Pantanal, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MAMC), Marina Silva, afirmou que tinha sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação de um fundo nacional para os biomas brasileiros, similar ao Fundo Amazônia. 

A ideia era de que com o fundo todos os biomas do país fossem contemplados e pudessem angariar recursos que seriam direcionados principalmente para a sua preservação, podendo inclusive, fazer parcerias com fundos estaduais já criados, como o Fundo Pantanal. 

A ministra relata que o debate que está sendo feito com os governos estaduais atualmente, está sendo direcionado para os planos de combate ao desmatamento em todos os biomas, e que nesse diálogo, surgiu o interesse de criação de fundo para esses ecossistemas. 

“A Amazônia tem um apelo muito grande e ela já tem um fundo, mas os demais biomas, se a gente fizesse uma composição, talvez a gente tivesse mais eficácia. Mas eu compreendo, porque cada bioma quer ter o seu fundo, quer ter seu espaço, e essa é uma discussão que a gente está fazendo com os consórcios de cada região”, informou a ministra. 

A deputada federal Camila Jara (PT), acrescentou ainda que existe uma legislação tramitando para a criação de um fundo que abrange todos os biomas brasileiros, e que está na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, sendo o parlamentar Pedro Campos (PSB-PE), o principal nome para ser o relator. 

“Eu acho que o melhor seria se a gente criasse um fundo biomas, e aí sim, em vez de ter uma ‘moqueca de dinheiro’ em cada fundo, a gente pudesse ter um fundo que pudesse receber, inclusive, recursos das emendas parlamentares, das emendas de bancada, para que a gente possa mudar a história do enfrentamento do desmatamento, do ataque ao Pantanal, que a gente possa virar essa página”, comentou Marina Silva, em seu discurso durante visita à Campo Grande, nessa quinta-feira.

O Fundo Amazônia, principal modelo de iniciativa voltada para captar doações para investimentos em ações de prevenção, combate e monitoramento do desmatamento e promoção da conservação, criado em 2008, recebeu até o fim de 2022 R$ 3,396 bilhões em recursos da Noruega, Alemanha e Petrobrás.

SERVIÇOS AMBIENTAIS 

Além da iniciativa do Fundo Clima Pantanal, o governo de MS também possui, desde dezembro de 2021, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que “visa a conservação das florestas e demais formas de vegetação natural privadas existentes, restauração ecológica das florestas e demais formas de vegetação natural privadas, conversão de pastagens e terras degradadas para usos alternativos da terra”, expõe o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). 

Em junho do ano passado, o programa foi estendido para esforços de restauração e proteção da biodiversidade, clima e estoques de carbono no âmbito das bacias hidrográficas. O PSA abrange um total de 571.800 hectares de áreas que se comprometeram com a conservação ambiental.

Já de acordo com a Lei do Pantanal, a prioridade é a preservação dos corredores de biodiversidade, delimitados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os produtores devem receber pela preservação da fauna e flora pantaneira, pela recuperação de pastagens degradadas, recuperação de vegetação nativa, entre outros. 

Não há mais informações sobre os critérios que serão adotados para a participação dos produtores no fundo.

SAIBA

De acordo com a lei, o Fundo Clima Pantanal poderá ter outras fontes de financiamento, como multas ambientais aplicadas pelo Imasul, emendas parlamentares, transferências de saldos de outros fundos e recursos de venda de crédito de carbono.

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