Os cortes no orçamento da União, anunciados em julho pela presidente Dilma Rousseff, ameaça a execução de projetos estratégicos do Exército brasileiro. Entre eles, o que mais preocupa é o Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (Sisfron), alerta o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Planejado para ser implantado ao longo de dez anos, os investimentos começaram há dois anos, mas dos R$ 10 bilhões previstos, apenas 7,2% foram aplicados até agora.
O Sisfron vai monitorar quase 17 mil quilômetros (Km) de fronteiras – incluindo toda a faixa de Mato Grosso do Sul com a Bolívia e Paraguai -, 27% do território nacional e quando estiver em pleno funcionamento não ficará restrito às Forças Armadas. A ferramenta desenvolvida para coibir especialmente o tráfico de drogas e armas, por meio de um sistema de inteligência de comando e controle e integração de operações, também estará à disposição da Polícia Federal, secretarias de Segurança Pública dos estados, Força Nacional de Segurança Pública, além de órgãos ambientais, de vigilância sanitária e de defesa indígena.
"Temos 17 mil quilômetros de fronteiras com países produtores de cocaína e maconha. A Polícia Federal estima que 80% da criminalidade urbana está ligada direta ou indiretamente à droga”, disse o general Villas Bôas, ao participar de uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado na última quinta-feira (24).
MS SERÁ PIONEIRO
A previsão, caso seja concretizada, é de que o Estado irá receber a primeira etapa do projeto, nos 650 km de fronteira. Encerrado essa etapa, avaliações serão feitas para depois estender o Sisfron para todo os 17 mil km de fronteira do Brasil.
O general Rui Matsuda, da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, já havia adiantado, em maio deste ano, a possibilidade de atraso, diante a drástica redução dos recursos repassados pelo Governo Federal ao Exército.
SEM RECURSO
O projeto tem programação de ser implantado até 2023, com gastos de aproximadamente R$ 1 bilhão ao ano, no entanto, apenas neste ano o Exército deve receber no máximo R$ 250 milhões, recursos assegurados antes do governo anunciar a contenção de gastos.
Apesar da contenção, Rui Matsuda acredita na promessa do governo que o projeto não será paralisado. Nesses três anos de projeto deveria ser investido, conforme o cronograma, cerca de R$ 3 bilhões, mas apenas metade foram aplicados, de acordo com o general. "Não sabemos se esses recursos serão mantidos, se vai aumentar ou diminuir", disse ele.