A Prefeitura de Corumbá não vai mais aguardar a América Latina Logística (ALL) para concluir as obras da galeria tronco da Rua Geraldino Martins de Barros, antiga Oriental, no bairro Centro América. Os serviços foram paralisados às margens das duas linhas da rede ferroviária – a principal e a do desvio para Ladário – operadas pela empresa, onde há necessidade da criação de uma travessia subterrânea. Devido às fortes chuvas que assolam o município durante toda esta segunda-feira (2), a interrupção dos serviços foi principal razão dos sérios problemas de alagamentos na região e no Bairro Universitário.
“Estamos implantando uma grande galeria que será responsável pela captação de toda a água da região. Ela será interligada à galeria do bairro Cristo Redentor, que atravessa a Popular Velha”, explica o secretário municipal de Infraestrutura, Habitação e Serviços Urbanos, Ricardo Campos Ametlla, prosseguindo: “A obra foi interrompida justamente na linha férrea e, antes mesmo de atingirmos aquele ponto, na Rua Geraldino de Barros, encaminhamos ofício à ALL solicitando uma reunião para apresentação do projeto de forma que, juntos, pudéssemos realizar a obra naquele trecho. Isto foi em julho de 2009 e, até hoje, não obtivemos resposta”.
Conforme o secretário, como o projeto da galeria prevê uma travessia subterrânea sob a linha férrea, é preciso anuência da ALL. Trata-se de uma obra que, para ser executada, demanda a retirada dos dormentes e parte dos trilhos, método reprovado pela empresa. A direção da ALL queria que fosse implantado um túnel, com utilização de maquinários especiais, o que tornaria o projeto inviável devido ao alto custo, principalmente por causa do terreno rochoso de Corumbá. “A alternativa seria uma ponte móvel como aquelas utilizadas pelo Exército. Não encaminharam o projeto conforme ficou estabelecido em um encontro que tivemos em Curitiba (PR). Diante disso, a galeria está parada e todos os problemas ocorridos nesta segunda-feira poderiam ter sido evitados”, observou.
Ametlla lembra que, em junho de 2010, o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) solicitou uma nova reunião com a direção da empresa, por meio de ofício, demonstrando que a paralisação está acarretando “grandes prejuízos ao município”. O encontro seria justamente para apresentar as justificativas da necessidade da implantação da galeria sob a linha férrea, última etapa da galeria. “É uma obra fundamental para acabar com problemas de inundações de toda aquela região da cidade”, reforçou o secretário, lamentando que a não conclusão, devido a este impasse criado pela ALL, acabou causando enormes problemas a dezenas de famílias corumbaenses.
Inundações
Com a interrupção da obra da galeria, toda água que desce da região do Cristo Redentor e Popular Velha acabou transformando vias importantes da cidade, como a Avenida General Dutra, em verdadeiros ‘rios’. A água invadiu casas localizadas nas imediações, a Escola Municipal Barão do Rio Branco, atingindo inclusive o bairro Universitário. O trecho entre as Ruas Geraldino de Barros e Albuquerque, por exemplo, ficou totalmente alagado.
O secretário adiantou que, com a retomada das obras, mesmo sem autorização da ALL, a galeria deverá ser concluída já em abril deste ano. A obra tem 1,3 mil metros de extensão, começando pela Rua Tenente Melquíades, no centro da cidade, passando pela Colombo e Geraldino Martins de Barros, antiga Oriental. Hoje, resta somente a parte sob a rede ferroviária para ser interligada à galeria do Bairro da Popular Velha que, por sua vez, captará toda a água da região do Cristo Redentor. Será interligada à galeria existente na Rua Tenente Melquíades de Jesus, centro da cidade, ao lado da Escola Tenir.
No local, estão sendo investidos R$ 5,1, com recursos do Governo Federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com contrapartida do Município. A obra é de extrema importância para acabar com a sobrecarga da galeria existente na Rua Antônio João e de outras regiões da cidade, como os bairros Centro América, Maria Leite e Previsul. A galeria tem diâmetros de 2,5 por 2 metros.